terça-feira, 1 de dezembro de 2009

8.1-Inglaterra(Barroca) Henry Purcell e Häendel



Na Inglaterra temos um único nome para esta época que é o de Henry Purcell(1658 – 1695). Após sua morte a ópera neste país fica completamente estagnada. A única ópera inglesa do século XVII é “Dido and Aeneas” de Henry Purcell.

Purcell compôs esta ópera, que é considerada a primeira ópera genuinamente inglesa, em 1689. O libreto se baseia nos textos da Eneida de Virgilio. Relata a história de Dido, rainha de Cartago, e do heroi troiano Eneas. Este se encaminha, por mandado dos deuses, para fundar a nova Troia (Roma). Em sua longa viagem, ele parou em Cartago , onde se enamorou por Dido, o que retardou sua partida. O dever de Eneas se impõe e ele diz a Dido que tem que partir, mesmo que isso lhe pese.





Belinda, amiga de Dido, trata de consolá-la e tenta convencer Eneas que desista da partida. A obrigação de cumprir o mandado divino faz com que Eneas parta. Dido sofre e num último suspiro que parece morrer do seu próprio esgotamento, de sua dor. Eis a história de um amor trágico, cuja sensibilidade convida à emoção. Nasce assim o Orfeu britânico. As cenas ilustram os momentos do encontro dos apaixonados, a partida de Eneas e a morte de Dido. Um detalhe curioso é que na época o papel de Dido era interpretado por um dos 'castratti'.




"Dido and Aeneas" é uma ópera trágica em três atos e um prólogo, com libreto de Nahum Tate, e é considerada a única grande obra de teatro musical em inglês antes das óperas de Benjamin Britten, no século XX. A história baseia-se no IV Canto da «Eneida», do épico latino Virgílio. A ação desenrola-se ao longo de um dia, retratando o drama da rainha Dido, que se enamora de Aeneas e se vê abandonada, em detrimento da epopeia que o príncipe troiano está destinado a viver.




Purcell incorporou as danças características da ópera francesa e seguiu a tendência italiana abrindo espaço para as árias. Mas inovou no tratamento do texto e da ação. A ópera estreou na primavera de 1689 no Theatre Royal em Londres, dirigida por Josias Priest.

SINOPSE:
Local: No palácio da rainha Dido em Cartago, Tunisia, e imdiações na Antiguidade.



Jean Raoux (1677-1734)-'Dido and Aeneas'

ATO I
No palácio de Cartago, Belinda exorta a rainha Dido a se alegrar, mas ela sofre por não poder revelar a sua dor. ( ária Ah! Belinda!)
Belinda a encoraja a expor o amor pelo príncipe troiano Eneias, e os cortesãos louvam sua união política. Cresce o tormento de Dido e Belinda se apieda.


Pierre-Narcisse Guérin (1774-1833)-'Aeneas tells Dido the misfortunes of the Trojan city'


Eneias pergunta a Dido quando terá a bênção do seu amor. Ela responde que o destino a proibe de amá-lo. Ele implora piedade, se não por ele mesmo, pelo império: ela terá de fundar um nova Troia e a rejeição dela seria prenúncio de fracasso. Belinda e os cartagineses encorajam as pretensões amorosas de Eneias.
O triunfo do amor é celebrado com uma dança. (To the hills and the vales - ensemble).

ATO II
Umma feiticeira reune bruxas numa caverna para privarem Dido de fama, vida e amor, assim quando Eneias e Dido estão caçando, uma tempestade será criada a fim de atraí-los para a caverna, onde um espírito parecido com o deus Mercurio lhe ordenará que deixe Cartago. Com as vozes ecoando na caverna, as bruxas festejam o plano cantando e dançando.("In our deep vaulted the cells"- ensemble).


Johann Heinrich Tischbein the elder (1722-1789)-'Dido and Aeneas escape to a cave before the thunderstorm'

Num bosque distante, frequentado pela deusa Diana, Belinda e uma segunda dama relembram Actaion, devorado peços cães de caça por ver Diana banhando-se nua. Segue o clima trágico e as acompanhantes de Dido dançam para o hóspede troiano. Eneias apresenta o fruto da caça, a cabeça de um javali. Mas todos se vão quando Dido nota que uma tempestade se aproxima.("Haste, haste to town"- ensemble).
Eneias é atraidopara a caverna das bruxas, onde o espírito, sob disfarce, diz que Jupiter ordena sua partida. Eneias decide obedecer, mas lamenta a perda de Dido.





ATO III
Um marinheiro da esquadra de Eneias apressa os preparativos da partida. Os colegas respondem cantando e dançando.As bruxas também festejam com canto e dança. Dido diz a Belinda que seus conselhos amorosos fracassaram. Belinda vê alento no lamento de Eneias, mas Dido não acredita nele, exortando-o a partir e fundar o novo império, enquanto ela morre. Eneias deseja ficar, mas Dido não quer saber disso. Quando ele parte, Dido recebe sua nova convidada, a Morte. Implora então a Belinda que se lembre dela, mas esqueça seu destino. ("When I am laid in earth"- ária )

O povo de Cartago solenemente convida Cupidos a guardar eternamente o túmulo de Dido.


Francesco Solimena (1657-1747)-'Dido receiving Aeneas and Cupid disguised as Ascanius'


A ária final de Dido, que por sinal é maravilhosa, é um dos grandes lamentos da história da ópera. No início da ópera, Dido está numa confusão mental, e no final com o seu lamento, volta a mergulhar na turbulência emocional, desta vez tão forte que será fatal.


Abaixo, trecho da ópera de Henry Purcell, libreto de Nahum Tate (1652 -1715), com Amanda Crider , mezzo-soprano.






















Com esta ópera, Purcell tornou-se o mais importante compositor de ópera em inglês por mais de 220 anos. Seu inigualável talento para amoldar a lingua à música fez dele um modelo para Benjamin Britten e outros compositores modernos que trabalharam com a lingua inglesa.





Fora "Dido and Aeneas" (1689), criou "semióperas" para o Dorset Garden Theatre de Londres. A primeira dessas peças populares apresentando trechos musicais bem desenvolvidos foi "The Prophetess" (1690), com libreto do famoso ator shakesperiano Thomas Betterton. Outro grande libretista que trabalhou para Purcell foi o escritor John Dryden, que escreveu "King Arthur, or The British Wortly em 1691.





As obras consideradas de semióperas, são peças basicamente com atores nas funções principais que não cantavam, mas a ação dramática deveria abosorver os episódios musicais, que eram intercalados de animadas masques, confiados aos cantores. Estas peças ganharam muita popularidade em Londres, no fim do século XVII, em grande parte ao sucesso das obras de Henry Purcell.

Em 1692, apresenta a sua " The Fairy Queen" ( A rainha das fadas), considerada uma semiópera com um prólogo e cinco atos, com libreto de autor anônimo baseada na popular comédia "Sonho de uma noite de verão" de Shakespeare.




Nesta obra, a história é conduzida em diálogos falados. O público da época, cansado de textos inteligentes, queria espetáculos, divertimentos ou masques, onde Purcell com números musicais inspiradose alegres, que não constam do texto de Shakespeare, soube explorar muito bem, como a inclusão da canção "The Plaint". A partitura de Purcell foi perdida (ou negligenciada) por quase dois séculos antes de sua redescoberta no início de 1900.





CD- download aqui





Vale a pena ver a sinopse desta peça:

Ária notável: "One charming night"(Secrecy)(Uma noite encantadora- (segredo)

Neste masque ou semi-ópera The Fairy Queen de Henry Purcell, ele centra-se na esposa de Oberon, Titania, eliminando algumas das cenas populares a partir da peça de Shakespeare . Os
principais atores carregam a história com o diálogo falado de Shakespeare. Purcell estende encantadoramente as peças musicais, mas não relacionadas ás passagens originais o que faz a óperaficar mais divertida e agradável.

Funções personagem de The Fairy Queen

Papéis principais são as peças faladas da peça de Shakespeare: Hérmia, Lisandro, Helena, Demetrius, Egeus, o pai de Hermia, Puck, the fairies Night, Mystery, Secrecy, and Sleep.
Oberon, o rei das Fadas (parte falada)
Titania, a esposa de Oberon (parte falada)
Coridon, um pastor (baixo barítono)
Fadas, atendente de Titania (soprano)





Sinopse:

Ato 1
Palácio do Duque de Atenas

O pai de Hérmia, Egeus, exige que a sua filha se case com Demetrius, embora ela ame Lisandro, que também a ama.
Cena Musical: Na floresta, um grupo de fadas da Titânia tormentam três poetas bêbados, um dos quais confessa fazer versos sem rimas.

Ato 2
A Floresta

Titânia e Oberon lutam. Titania foi entretida pelas fadas e pede uma canção de ninar. Oberon borrifa uma poção de amor sobre os seus olhos.
Cena Musical: As fadas - Noite, Mistério, Segredo, e do Sono - cantam uma ária para Titania até que ela dorme.



Ato 3
A Floresta

Oberon envia Puck em busca de uma flor mágica que induz ao amor. Como Oberon observa, Puck acidentalmente faz Lisandro e Demétrio se apaixonarem por Helena. Titania se apaixona
por Bottom e encena um momento bucólico para cortejá-lo.
Cena Musical: Coridon, o pastor, implora em vão os beijos de Mopsa, que recusa os seus avanços.

Ato 4
O Jardim das Fontes

Oberon ordena a Puck para corrigir seu erro com os amantes de Atenas, despertando Titania e Botton dos feitiços lançados contra eles e pede música a Titania.
Cena Musical: As fadas apresentam as quatro estações.




Ato 5
Uma floresta e um jardim chinês

Os dois pares de amantes se casam, Hérmia com Lisandro e Demétrio com Helena. Cena Musical: Há muito entretenimento dada por Oberon no Jardim do Éden chinês.




The Fairy Queen - If love's a sweet passion, como podemos ver abaixo:
















Em 1695, Purcell compôs "The Indian Queen", com libreto inspirado na tragédia de John Dryden e Robert Howard, onde morreu trabalhando nesta obra e a partitura foi concluida por seu irmão mais moço, Daniel Purcell.













Foi feito um filme chamado "Inglaterra, My England - A História de Henry Purcell.

Tony Palmer dirige este drama sobre o grande compositor inglês Henry Purcell. Muito pouco de sua vida. Inglaterra, My England - A História de Henry Purcellé conhecido sobre sua vida, mas o script, pelo falecido John Osborne e Wood Charles, resolve este problema através do lançamento de um grupo de atores na década de 1960 em uma viagem de descoberta na Inglaterra do século 17, o período extraordinário em que Purcell viveu. Mas a música de Purcell que é a força motriz dessa dramatização, com a trilha sonora impressionante conduzida por John Eliot Gardiner.




A morte prematura de Henry Purcell retardou o projeto de criação de uma ópera nacional inglesa. Só na passagem do século XIX para o XX, durante a fase conhecida como 'Renascença Musical Britânica' é que a ópera inglesa começou a adquirir um perfil próprio, claramente. Mas isso não significa que a Grã-Bretanha não tivesse, desde os primórdios da dinastia Tudor, uma vida musical rica e diversificada.





De novo, o nome de Häendel é lembrado na Inglaterra onde viveu a maior parte de sua vida e que contribuiu efetivamente para o desenvolvimento da ópera neste país. Entretanto, ele se fez mais conhecido pelas peças chamadas de Oratórios que tem um fundo religioso, e também porque suas maravilhosas óperas todas foram em libreto italiano, pela tradição de que ópera verdadeira era a italiana.

Haendel (1685-1759), embora nascido na Alemanha, tem um papel decisivo no desenvolvimento da Ópera na Inglaterra, tendo composto dezenas de obras-primas, tais como Giulio Cesare (1723), Rinaldo (1711) e Xerxes (1738), mas já é no próximo século.

No fundo, a ópera sintetiza a beleza de todas as artes, juntando a Música com a Dança, o Teatro, a Arquitetura Cênica, tornando-se naquilo que Wagner veio a chamar, já em pleno século XIX, a Obra de Arte Total.

Chegando ao final do século XVII e metade do seguinte, vimos que a ópera evoluiu por todos os lados, dando consistência para os próximos séculos.




Levic

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