domingo, 21 de março de 2010

20- Beethoven - A era romântica





Teatro de Viena, onde Fidelio estreou

O século XVIII termina e daí surge um novo público. Já em 1760, J. C. Bach (filho de Bach) funda em Londres a primeira empresa para organizar concertos públicos. Paris, Viena e Berlim seguem o mesmo caminho. A Igreja, a corte monárquica e o palácio do aristocrata perdem a função de mecenas que encomenda obras ao artista.

No século XIX, o compositor enfrenta o público, que não encomendou nada, mas que espera, apenas, algo de novo. Este novo público é a burguesia.

A Revolução Francesa (1789) serviria como data para iniciar essas mudanças. Beethoven ainda vive no ambiente aristocrático de Viena. Sua mudança só começou depois de 1814, ano do Congresso de Viena, que marca o fim das monarquias aristocráticas.
O século XIX marca o passo mais gigantesco para a ópera e o surgimento dos maiores compositores musicais, cujas obras continuam mantendo seu lugar nos mais variados teatros do mundo inteiro.

Na Alemanha surge o nome de Ludwig van Beethoven (1770-1827), que em 1814, ano do Congresso de Viena, já é reconhecido como o maior compositor do século. Em suas mãos, a sonata passa a ser, em alguns casos, veículo da expressão de todas as emoções possíveis. Suas dez aberturas são como um resumo de seu estilo musical, bem como das emoções e sentimentos que exprimiu em obras mais extensas.

Beethoven não costuma figurar nos compêndios de ópera com muito destaque porque só escreveu uma que foi "Fidelio", em 1804, apesar de revisada várias vezes, e não é o melhor exemplo de sua grandeza musical. O seu respeito se deve mais à sua imensa contribuição para as artes, como a grandiosidade de suas sinfonias.

Mas Beethoven tem um grande mérito na história da ópera. Foi o primeiro grande compositor que não precisou dela para alcançar projeção e fama, o que indica mudança de ares no gosto estético pré-romântico.

A ópera "Fidélio" conta a história de Florestan. Um aristocrata espanhol que é alvo de inimizade de Pizarro, governador de uma aldeia medieval que abriga presos políticos.Tendo capturado Florestan, Pizarro aprisiona-o numa fria masmorra, alegando que ele está morto. Sua mulher, Leonora sabe que isto é mentira e corre para salvar o marido. Ela , então, se disfarsa em homem e toma o nome de Fidéliio , para se empregar como auxiliar do carcereiro chefe da prisão.Fidelio conquista a amizade de Rocco(o carcereiro) e de sua filha Marcellina que se interessa por Fidelio. Mas é um drama com final feliz. Beethoven entusiasmou-se pela história de Jean Nicolas Boilly. O libreto é de Joseph Sonnleithner e Georg Fruedrich Treitschke. Sua estreia foi em Viena em 1805.

A cena da masmorra cantada por Jon Vickers está comovente, não acha? Vê abaixo:


A mesma cena cantada por James King( já faelcido). Não sei qual é a melhor. As duas para você escolher:



Agora, um quarteto canta um trecho da ópera:









1- FIDELIO


Fidelio, Op. 72b, é um Singspiel em dois atos, de Ludwig van Beethoven, com libretto de Joseph Sonnleithner e Georg Friedrich Treitschke, a partir do libretto de Léonore ou L’Amour Conjugal, peça em "prosa entremeada de canto" (1798), de Jean-Nicolas Bouilly, que, por sua vez, baseou-se em fatos ocorridos na França, durante o período do Terror, aos quais o autor (na época promotor público do Tribunal Revolucionário de Tours) se refere nas suas memórias.




Fidelio é a única obra teatral de Beethoven, que a compôs no ápice da sua maturidade artística. Mas a primeira versão, apresentada em 20 de novembro de 1805 no Theater an der Wien (Viena), com o título Fidelio, oder die eheliche Liebe (Op. 72), não teve recepção favorável do público, e Beethoven foi obrigado a suspender as apresentações.
Grande parte desse insucesso da estreia foi creditado à longa duração da ópera (três atos), mas também ao momento histórico tumultuado vivido então pela cidade de Viena, que, naqueles dias, havia sido invadida pelo exército napoleônico. Havia um clima de temor generalizado, e, na plateia, muitos dos espectadores eram militares franceses. Ademais, embora a ação se situasse em Sevilha, no fim do século XVIII, o tema da obra - a luta contra a tirania e a afirmação da liberdade e da justiça - certamente evocava a situação dos vienenses naquele momento.




Beethoven foi acusado de não saber escrever para as vozes, de tratá-las indistintamente como instrumentos e de ser pouco familiarizado com o gênero teatral. Apesar das duras críticas recebidas, o compositor arranjou uma nova versão em apenas dois atos, utilizando-se de um libretto revisto por seu amigo Stephan von Breuning. A obra foi reapresentada no ano seguinte (26 de março de 1806) com o título de Leonore (Op. 72a), mas não teve melhor sorte, sendo novamente retirada.
Só oito anos depois (1814), por solicitação do Theater am Kärntnertor, Beethoven voltou a trabalhar sobre Fidelio, com a colaboração do jovem Georg Friedrich Treitschke, que corrigiu uma vez mais o libretto, no sentido de melhorá-lo do ponto de vista teatral. A versão definitiva foi apresentada naquele mesmo ano, no dia 23 de maio. O sinal mais evidente do longo trabalho de composição são as quatro aberturas escritas por Beethoven para o Singspiel: duas compostas em 1804, uma em 1805 e a definitiva, feita em 1814.





O enredo de Jean-Nicolas Bouilly encaixa na estética e na perspectiva política de Beethoven: uma história de sacrifício pessoal, heroísmo e eventual triunfo (os temas habituais do "meio período" de Beethoven), com sua luta subjacente para a liberdade e a justiça espelhando os movimentos políticos contemporâneos da Europa do século XIX. Como em toda a música vocal de Beethoven, a música não é especialmente boa para os cantores. As principais partes da Leonore e Florestan, em particular, exigem grande habilidade vocal e resistência, a fim de projetar a intensidade necessária, e maiores performances nesses papéis atraem admiração.





Alguns momentos notáveis ​​na ópera incluem o "Prisoners' Chorus ", uma ode à liberdade cantada por um coro de prisioneiros políticos, a visão de Florestan de Lenore vindo como um anjo para resgatá-lo, e a cena em que o resgate finalmente acontece. O finale celebra a bravura de Leonore com contribuições de solistas e coro. Beethoven se esforçou para produzir uma abertura apropriada para Fidelio, e, finalmente, passou por quatro versões. Sua primeira tentativa, para a estréia de 1805, acredita-se ter sido a proposta agora conhecida como "Leonore No. 2". Beethoven, em seguida, concentrou esta versão para os desempenhos de 1806, a criação de "Leonore No. 3". Este último é considerado por muitos ouvintes como a maior dos quatro aberturas, com um movimento sinfônico intensamente dramático que teve o efeito de sobrecarregar as cenas iniciais da ópera.




Beethoven experimentou cortá-la um pouco, para um desempenho planejado em Praga em 1808, o que se acredita ser a versão agora chamado de "Leonore No. 1". Finalmente, para o revival de 1814 Beethoven começou de novo, e escreveu o que hoje conhecemos como a abertura Fidelio. Como esta proposta um pouco mais leve parece funcionar como a melhor das quatro, como um começo para a ópera, as intenções finais de Beethoven são geralmente respeitadas em produções contemporâneas. Gustav Mahler introduziu a prática, comum até meados do século XX, de realizar "Leonore No. 3" entre as duas cenas do segundo ato. Assim, atua como uma espécie de reprise musical da cena de resgate que acaba de ter lugar. A nova produção, de estilo moderno que estreou em Budapeste, em outubro de 2008, por exemplo, apresenta a "Leonore No. 3".




Personagens Don Fernando, (Ministro de Estado) baixo Don Pizarro, (Governador da Prisão) baixo Florestan, (Esposo de Leonore, prisioneiro político) tenor Leonore, (Esposa de Florestan, mas disfarçada de Fidélio) soprano Rocco, (Carcereiro-Chefe) baixo Marzelline, (filha de Rocco) soprano Jaquino, (Porteiro da prisão) tenor



Sinopse Local: A prisão do Estado espanhol, a poucos quilômetros de Sevilha Época: Final do século 18 Sinopse Dois anos antes da cena de abertura, o nobre Florestan expôs ou tentou expor certos crimes do nobre Pizarro. Em vingança, Pizarro secretamente prende Florestan na prisão em que ele é o governador. O carcereiro da prisão, Rocco, tem uma filha, Marzelline, e um servo (ou assistente), Jaquino. A esposa de Florestan, Leonore, veio até a porta de Rocco vestida como um homem à procura de emprego, e Rocco o contratou. Por ordem, Rocco vem dando a Florestan pequenas rações, diminuindo até que ele está quase morto de fome.



Ato I No pátio do presídio. Marzelline, filha do carcereiro-chefe Rocco, engoma à porta da casa de seu pai, enquanto sonha com a felicidade de viver junto do homem que ama. Chega Jaquino, porteiro da prisão, que aproveita o seu encontro a sós com a moça para pedi-la em casamento. Porém, Marzelline não demonstra o menor interesse às suas intenções amorosas: apesar de estar prometida a Jaquino, ama na verdade Fidelio, um jovem que é há pouco tempo é ajudante de Rocco. Entra em cena Rocco, seguido de Fidelio, que carrega as correntes consertadas pelo ferreiro.



Fidelio é, na verdade, a jovem mulher do nobre espanhol Florestan. Sob a aparência masculina, Leonore infiltrou-se na prisão para investigar se o seu marido desaparecido está escondido na prisão. Florestan poderá ter sido preso injustamente pelo seu inimigo, Don Pizarro, governador da prisão. Dadas as circunstancias, Leonore, que também aos olhos de Rocco é preferível a Jaquino como futuro marido de Marzelline, vê-se obrigada a aceitar o afeto da filha do carcereiro-chefe para não levantar suspeitas sobre sua identidade.

Num quarteto, os quatro personagens expressam os seus diferentes sentimentos: Marzelline e Rocco, manifestam o seu desejo de um futuro casamento entre a jovem e Fidelio; Leonore declara a sua angústia pelo marido e a sua preocupação perante a paixão que despertou em Marzelline; Jaquino, por sua vez, apercebe-se que o coração da sua namorada se encontra cada vez mais longe de si e sai de cena. Rocco revela a Marzelline e a Fidelio o seu desejo de um rápido casamento entre ambos e, em seguida, declara a sua fé na importância do dinheiro como elemento de estabilidade num casal.


Mas Fidelio acrescenta uma circunstância que será igualmente vital para a sua própria felicidade: que Rocco permita que o ajude nas suas tarefas mais árduas, pois tem a secreta esperança de poder entrar nas masmorras e lá encontrar o seu marido. O carcereiro-chefe fala-lhe então de um prisioneiro desconhecido que, por ordem do governador da prisão, está sendo alimentado somente com pão e água. Leonore, angustiada perante a possibilidade de que o torturado seja o seu marido desaparecido, insiste no seu pedido e convence, finalmente, o carcereiro-chefe a pedir permissão ao governador para que possa acompanhá-lo às masmorras.

Uma marcha anuncia a entrada de Don Pizarro. Os guardas abrem a porta ao governador, que surge em cena acompanhado por vários oficiais. À sua chegada, Pizarro recebe a notícia da intenção do ministro de investigar a situação dos prisioneiros do Estado, presos na fortaleza, em razão dos rumores de que estariam vivendo condições desumanas. Alarmado pela possibilidade de descoberta da sua crueldade para com os prisioneiros, o governador ordena a um oficial que o avise quando avistar o ministro ao chegar: que toque a trombeta com um sinal. Em seguida, paga a Rocco para que ele cave uma fossa na cisterna para Florestan, a quem, para além de cavar a fossa, Rocco terá também que assassinar. Contudo, o carcereiro-chefe Rocco nega-se a fazer o papel de carrasco. 



Diante da recusa, Pizarro comunica-lhe da sua intenção de se disfarçar e, ele próprio, assassinar Florestan. Ambos homens abandonam a cena, e entra Leonore, que amaldiçoa com raiva o cruel e tirano governador e, em seguida, sai para o jardim. Surge Marzelline, seguida de Jaquino. Este se queixa ao carcereiro-chefe das evasivas de sua filha. 



Chega então Leonore, que pede permissão a Rocco para que os prisioneiros saiam para o jardim, a fim de tomar um banho de sol, aproveitando a ausência do governador. O carcereiro-chefe decide atender o pedido de seu "genro": Leonore e Jaquino abrem as portas das celas e, lentamente, surgem o pobres prisioneiros, que expressam a sua felicidade e agradecimento pelo favor que foi lhes concedido.




Após o coro dos prisioneiros, Rocco diz a Leonore que ela poderá acompanhá-lo às masmorras para ajudá-lo. Diz também que consente na celebração do seu casamento com Marzelline. Finalmente, acrescenta que Leonore deve acompanhá-lo à cisterna para que o ajude a cavar a cova do prisioneiro desconhecido, que será assassinado pelo próprio Pizarro. Leonore, visivelmente aflita, aceita a tarefa de modo a aproximar- se daquele que poderá ser o seu marido. Entram subitamente Marzelline e Jaquino.




A moça avisa ao seu pai de que o governador ficou com muita raiva ao tomar conhecimento de que os prisioneiros foram libertados da prisão para o jardim. Surge Don Pizarro, enfurecido, acompanhado por vários oficiais e guardas. Rocco consegue acalmá-lo, explicando-lhe que tal favor se devera ao fato de, neste dia, celebrar-se o aniversário do rei. Os presos voltam, desolados, para suas celas, e Pizarro ordena ao carcereiro-chefe que cumpra imediatamente a tarefa que lhe fora ordenada. Fim do 1º Ato.






Ato II Numa masmorra subterrânea e sombria. Florestan, preso, lamenta o seu amargo destino. Num momento de delírio pensa ver a sua esposa em forma de anjo que o conduz ao descanso eterno. Depois, desolado e esgotado, deita-se sobre um banco de pedra com o rosto entre as mãos. Rocco e Leonore descem com as ferramentas para cavar a cova. Quando chegam à cisterna, encontram o condenado à morte aparentemente imóvel. Apesar de suas tentativas, Leonore não consegue reconhecer o rosto de seu marido e então decide ajudar Rocco a cavar a cova.





Num momento de descanso, Leonore consegue ver o rosto de Florestan, que se reanima por breves instantes. O preso pergunta a Rocco quem é o governador da prisão. Rocco lhe diz que se trata de Don Pizarro. Florestan pede-lhe que procure por Leonore em Sevilha, mas Rocco afirma que não pode lhe conceder o seu desejo, pois seria sua perdição, limitando-se a oferecer-lhe um pouco de vinho. Depois, Leonore oferece com emoção um pedaço de pão ao seu marido, que o consome com rapidez. 




Florestan, profundamente comovido, agradece aos seus carcereiros por suas mostras de solidariedade. Chega em seguida o cruel Don Pizarro, que, oculto por uma capa, está disposto a concluir seu propósito. O governador, tirando um punhal, anuncia a Florestan que vai matá-lo para se vingar dele, que um dia tentara derrubá-lo. Mas, no momento em que vai meter-lhe o punhal, Leonore interpõe-se e revela, perante os três homens surpreendidos, a sua verdadeira identidade.




Soa nesse momento a trompeta que avisa a iminente chegada do ministro de Sevilha. Leonore e Florestan abraçam-se apaixonadamente perante a admiração do malvado Don Pizarro. Surge então Jaquino, acompanhado por vários oficiais e soldados, comunicando a chegada do ministro. O criminoso governador, enfurecido e desesperado perante o seu previsível destino, abandona a cena. No pátio de armas da prisão.





Os prisioneiros e os parentes do presos recebem com alegria o ministro Don Fernando, que anuncia, por ordem do rei, a imediata libertação dos presos políticos. Aparecem, procedentes da cisterna, Rocco, Florestan e Leonore. O carcereiro-chefe reclama justiça para o casal. Don Fernando reconhece o réu, que é o seu amigo Florestan e que pensava estar morto. Rocco dá então a conhecer ao ministro a proeza de Leonore – para visível surpresa de Marzelline – revelando-lhe como o cruel Pizarro queria tirar a vida de Florestan. Don Fernando ordena de imediato a prisão do cruel governador e pede a Leonore que liberte o seu marido das suas injustas correntes. Todos os presentes exaltam o amor e a coragem da mulher, que conseguiu com a sua resolução o triunfo final da justiça.













Até mais!


Levic

quarta-feira, 10 de março de 2010

19- A era clássica - Antonio Salieri-Alemanha







Antonio Salieri (1750-1825), discípulo de Gluck, foi professor de Beethoven, de Schubert e de Liszt. Escreveu óperas em italiano, francês e alemão. Após 1804 voltou-se para a música sacra e instrumental. Compositor italiano, foi um dos mais bem-sucedidos autores de ópera do final do século XVIII na Europa. Foi criado no seio de uma família próspera de comerciantes. 



Salieri estudou violino, orgão, viola, cravo, contrabaixo, violoncelo e espineta com seu irmão Francesco, que era aluno de Giuseppe Tartini. Após a morte prematura de seus pais, mudou-se para Pádua, e a seguir para Veneza, onde estudou com Giovanni Battista Pescetti.


Nesta cidade conheceu Florian Leopold Gassmann em 1766, que o convidou a servir na corte de Viena, onde o instruiu em composição baseada na obra de Johann Joseph Fux, o tratado Gradus ad Parnassum.
Permaneceu em Viena até ao fim da sua vida.

Viena

Foi nessa época, em 1770,  que fez sua estréia com a ópera Le Donne Letterate. O ápice da fama chegou quatro anos depois, quando ele assumiu o cargo de Gassmann e se tornou compositor da corte do imperador José II e diretor da orquestra do Teatro Municipal de Viena. Conheceu a sua esposa, Therese von Helfersdorfer, em 1774. e desta união nasceram oito filhos. Salieri tornou-se Maestro da Orquestra Imperial em 1788, cargo que manteve até 1824.




Poucos músicos tinham o privilégio de um salário – a maioria era obrigada a se contentar com encomendas dos poucos mecenas endinheirados ou com turnês  pelas capitais europeias. Era o caso de Wolfgang Amadeus Mozart, um austríaco seis anos mais novo que o italiano. Enquanto Salieri compunha a ópera que inaugurou  o fantástico Teatro della Scala, em Milão, Mozart se esfalfava tocando pela Itália. Enquanto Salieri dava aulas a alunos ilustres, como o austríaco Schubert, o húngaro Liszt e o  alemão Beethoven, Mozart amargava uma malsucedida tentativa de ganhar a vida em Paris. Em 1781, Mozart mudou-se para Viena, onde fez sucesso. Mas nada que se comparasse ao estrelato de Salieri.





Trinta anos mais tarde, na década de 1820, o Romantismo, um movimento artístico baseado na sensibilidade e no lirismo, tinha se espalhado pela Europa. Os românticos adoravam  Mozart e seu estilo arrebatado e desprezavam o conservadorismo de Salieri. Surgiu então o boato de que o austríaco fora envenenado pelo italiano. Ninguém sabe onde a história  nasceu. Mas é previsível que alguém inventasse um final trágico para a vida do maior músico de todos os tempos – os românticos adoravam histórias assim (bem, esta é uma das versões).




Salieri continuava vivo e era atormentado pelas intrigas. A suposta confissão do crime, nunca comprovada, teria sido feita em 1823, quando o italiano estava internado em um hospício. Ele morreria dois anos depois.

Em 1830, outro gênio, o escritor russo Aleksandr Pushkin, escreveu o drama Mozart e Salieri, no qual descreve a cena em que Salieri derrama veneno na bebida de Mozart. Essa  cena foi revivida várias vezes depois – primeiro na ópera Mozart e Salieri, que Rimskji-Korsakov compôs em 1898, depois na peça Amadeus, que Peter Shaffer escreveu em 1970, e,  finalmente, no filme homônimo, que Milos Forman dirigiu em 1984. Ficou para a história a versão, por mais improvável que ela fosse. Mas, o rumor de que Mozart teria sido morto envenenado por Antonio Salieri, que supostamente odiava-o e invejava a sua genialidade musical, continua até hoje.




Alguns pesquisadores levantam a hipótese desta desconfiança ter vindo desde quando a ópera de Mozart "As Bodas de Fígaro", em princípio, teve um juízo negativo do público e do próprio imperador, o compositor teria acusado Salieri do fracasso e de haver boicotado a sua estréia. O pai de Mozart, Leopold, referindo-se a essa primeira falha de seu filho, argumentou que era uma falha apenas temporária, como irá ser mostrado mais tarde com o sucesso desta ópera. Nesta época, Salieri estava ocupado na França com o desempenho de sua ópera "Les Horaces" , e por isso é improvável que realmente tivesse a oportunidade de decidir sobre o sucesso ou fracasso de uma ópera (entretanto, ele era muito importante na corte).




Muito mais provável que Mozart tenha sido forçado a instigar contra Salieri, e quem poderia ter tido esta função seria o poeta Giovanni Battista Casti, rival do poeta Lorenzo da Ponte, autor do libreto de Figaro. Uma confirmação indireta de como essa disputa entre Mozart e Salieri pode ter sido algo artificial está montada no fato de que, quando em 1788 Salieri foi nomeado mestre de capela, em vez de propor para a ocasião uma de suas óperas,  preferiu reeditar O Casamento de Figaro.




O fato é que em seus últimos anos, Salieri viu sua saúde piorar repentinamente e de forma irreversível. Ele ficou cego e passou os últimos anos de sua vida em um hospital. Nesse período, poderia ter acusado a si mesmo da morte de Mozart ou pelo menos é o que afirmaram duas enfermeiras que cuidaram dele.

 Salieri está enterrado no Cemitério (Zentralfriedhof ) em Viena. Em seu funeral, Schubert liderou o seu Requiem, escrito pelo próprio Salieri há muito tempo (1804) para a sua própria morte.




Salieri alcançou uma elevada posição social, sendo frequentemente associado com outros celebrizados compositores, como Joseph Haydn ou Louis Spohr. Desempenhou um papel importante na música clássica do século XIX e ensinou compositores famosos como Ludwig Van Beethoven, Carl Czerny, Johann Nepomuk Hummel, Franz Liszt, Giacomo Meyerbeer, Ignaz Moscheles, Franz Schubert e Franz Xaver Süssmayr. Ensinou também ao filho mais novo de Mozart, Franz Xaver.







Suas Óperas:
Salieri compôs 39 óperas:


1-L'amore innocente

Antonio Salieri

L'amore innocente ( Amor Inocente ), composta por Antonio Salieri (1750-1825), é uma ópera em dois atos. Estilisticamente, é uma ópera pastoral, muito semelhante ao dos meados do século 18.  O libreto foi escrito por Giovanni Gastone Boccherini, dançarino, poeta e diretor de palco, irmão do compositor Luigi Boccherini. Esta ópera foi a segunda de Salieri a ser realizada publicamente, bem como a sua segunda colaboração com Boccherini.

Salieri, escreveu L'amore inocente em Viena, em 1770. Recebeu sua primeira apresentação no carnaval do mesmo ano no Imperial Burgtheater, em Viena. Em 1772, a ópera estreou em Dresden. Este desempenho foi testemunhado por Charles Burney, e incluiu Angiola Calori no elenco. Salieri posteriormente reutilizou algumas das músicas desta ópera em várias dezenas de balé sem nome,  bem como uma ária no final ópera La cifra.

 Salieri parece ter continuado a rever esta ópera mais tarde em sua vida, sendo que performances freqüentemente ocorreram em tradução alemã, com o nome de Die Lügnerin aus Liebe sob a direção de Gustav Friedrich Wilhelm Grossmann em 1783 em Bonn e em Mainz, em Dresden (desta vez, em alemão), e em 1785 em Frankfurt, e Berlim em 1788, um desempenho tão tarde quanto 1793 foi relatado.  A primeira produção moderna foi em 1997, em Bolzano.


Personagens:

Despino, um pastor,
apaixonado por Despina tenor
Despina, sobrinha de Cestone,
também seu aluno soprano
Cestone, (Basket) Líder pastor da vila,
pai de Guidalba baixo
Guidalba, filha de Cestone,
também apaixonado por Despino soprano


Esta ópera de Salieri e Boccherini foi escrita na tradição pastoral, o libreto impresso para a estréia em Viena traz a descrição 'pastorale per musica' , e marca o autógrafo de Salieri com o termo "opereta " e  "pastoral ". Estes detalhes, além de sua estrutura muito pequena - dois atos, com apenas quatro cantores - tem levado vários estudiosos para colocá-la dentro da tradição de 'Roman Intermezzo'.  Também exclusivo para esta ópera é a sua opção de configuração. Em vez de ser a colocação do sul da Itália exuberante mais típica, L'amore está situado numa vila alpina, e muito raramente, ela é definida na aldeia específica de Klausen, localizada entre Brixen e Bolzano no rio Eisack. A aldeia é agora parte da Itália, mas, no momento da composição da ópera, era parte dos domínios  Habsburg.

O trabalho em si consiste principalmente de árias e cavatinas com muito poucos conjuntos. Mosel, primeiro biógrafo de Salieri e a principal fonte de informação primária sobre o compositor, elogiou este trabalho, observando que a música é marcaa por melodias pastorais e agradáveis. O caráter de Despina, no entanto, pede bravura na coloratura escrita da tradição da ópera séria.

Mosel vi esse uso de coloratura como uma fraqueza e uma ameaça para a coesão musical da ópera. Ele atribuiu seu uso para concessões feitas para agradar a soprano principal, Clementina Baglioni,  porém Braunbehrens vê como um tanto dentro do caráter de Despina, como uma mulher que é nobre no coração, e talvez como uma tentativa ingênua de cor local : cantante como coloratura,  similar ao seu uso 70 anos depois em Donizetti, na La fille du Regiment, que também é definida nos Alpes.

Nesta ópera Salieri amadureceu como compositor. Com base na sua experiência de sua primeira ópera encenada Le donne letterate, em L'amore Salieri expandiu enormemente o papel harmônica e orquestral da viola . O público recebeu a ópera com aplausos, e foi considerada um sucesso modesto em Viena na época de sua estréia.

Árias notáveis:

"Ah se foss'io smarrito" - Despina em um ato, com solo de oboé, posteriormente preparado para a inserção na ópera Il mondo alla rovescia , mas deixou de fora da pontuação final.
"Non vo' gia che vi suonino" - Guidalba no ato 2, mais tarde reformulado e inserido no La cifra .


Alguns vídeos das óperas:




Cecilia Bartolli canta a ária "Ah sia gia de' miei sospiri" da ópera "La scuola de' gelosi" que estreou em 1778 





Tarare foi apresentada pela primeira vez no Ópera de Paris no Théâtre de la Porte Saint-Martin em 8 de junho de 1787.  Salieri também refez o material em uma versão italiana renomeado Axur, rei d'Ormus, com libreto de Lorenzo da Ponte, que estreou em Viena em janeiro de 1788.




O final da ópera Tarare, de Antônio Salieri, a partir da quinta cena do quinto ato. 



Diana Damrau canta Bei Labbri, de Salieri. Stephan Matthias Lademann ao piano.

 

Agora é a Abertura da ópera "Les Horaces, de Salieri.





Extraidos do filme Amadeus:







A ópera de Nikolai Rímski-Kórsakov chamada "Mozart e Salieri" deu motivos para criar algo em torno disso.

Vamos ver alguns trechos:









ÓPeras colmpletas no Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=yTMCsCDA85Q

https://www.youtube.com/watch?v=MSUdL3XcUis

https://www.youtube.com/watch?v=5I0jdLbAdp4

https://www.youtube.com/watch?v=vZ-KppJzwqs

https://www.youtube.com/watch?v=qS1ed4-ETJI

https://www.youtube.com/watch?v=rwJ4o84sa4U


                   


Termina o século XVIII e surge um novo público.

Em 1760, Johann Christian Bach (filho de Bach) funda em Londres a primeira empresa para organizar concertos públicos. Logo a seguir, Paris, Viena e Berlim seguem o exemplo. A Igreja, a corte monárquica e o palácio da aristocracia perdem a função de mecenas que encomenda obras ao artista.

O século XIX que surge é o mais frutífero no campo da ópera.


               
                

Antes de passar para o século seguinte, não posso esquecer do trabalho de Antonio José da Silva, o Judeu (1704- 1739) que nasceu no Brasil mas apresentou sua ópera "As Variedades de Proteu, e outras, em Portugal. Na verdade ele foi o libretista, sendo a música de Antonio Teixeira, que nasceu em Lisboa (1770) e estudou com Scarlatti.


As Variedades de Proteus





Guerras do Alecrim e da Manjerona (1737) - Ária a Duo - Les Caractères



Agora sim, acabamos o século XVIII.




Levic

sexta-feira, 5 de março de 2010

18- A era clássica - Sacchini,Méhul,Cherubini,Spontini







Antonio Sacchini  
(1730 - 1786)

O filho de um cozinheiro que seguiu o Infante Don Carlos de Nápoles, Antonio Sacchini nasceu em Florença. Levado para Nápoles com a idade de quatro anos, entrou para o Conservatório de S. Maria di Loreto na idade de 10 anos, estudando com Francesco Durante. Seu primeiro Intermezzo, Frei Donato, foi realizado com sucesso no conservatório em 1756, seguido por outro trabalho do mesmo tipo no ano seguinte, o que lhe valeu uma reputação local.




A adesão dos pré-românticos Piccinni e Gluck significou o advento de nova fase estilística: o classicismo do século XVIII, vivificado pelo espírito pré-romântico da Revolução Francesa, o que dá no Estilo Empire, da época de Napoleão. Seu centro é Paris. Antonio Maria Sacchini é o primeiro representante desse estilo, logo seguido por Étienne-Nicolas Méhul (1763-1817), o qual foi bastante contribuidor à ópera.

Niccolò Piccinni e Durante lhe ensinaram composição e Nicola Fiorenza ensinou-lhe violino. Durante, que muito estimava o jovem, previu que ele seria o melhor compositor do século. O intermezzo Fra Donato foi escrito para o teatro do Conservatório em 1756. A primeira opera sériade Saccini foi produzida em Roma, em 1762 seguida por muitas outras, quase todas fazendo sucesso.


Em 1722 Sacchini transferiu-se para Londres, onde ficou por 10 anos. Durante 20 anos ele percorreu várias cidades da Itália e da Alemanha como compositor, como diretor de teatro e de academias de música. Em 1782 se estabeleceu em Paris, onde sua alta reputação em toda a Europa produziu uma recepção entusiástica.


O imperador Joseph II de Roma apresentou-o à rainha Maria Antonieta, que lhe recebeu oferecendo-lhe ajuda. A inveja, as intrigas e a hostilidade dos seus rivais o acompanharam na França, como ocorreu na Itália e na Inglaterra. As decepções e as preocupações o conduziram a uma morte antecipada.

Em 1758 foi nomeado para o cargo não remunerado de maestro di cappella straordinario no conservatório e em 1761 ele se tornou maestro secondo, data da sua primeira ópera para o Teatro San Carlo, Andromaca. No ano seguinte, mudou-se para Veneza e depois para Pádua, ganhando crescente sucesso com novas óperas, o que lhe permitiu, eventualmente, a abandonar a sua posição em Nápoles.



Em 1768, foi nomeado diretor do Conservatório dell'Ospedaletto em Veneza, onde também adquiriu reputação como professor de canto. Com uma reputação internacional crescente, supervisionou as produções de seu trabalho em Stuttgart e Munique, e em 1772 mudou-se para Londres, que ficou sendo sua residência para os próximos dez anos. Permaneceu muito tempo na Inglaterra por sua própria fama e fortuna, mas teve problemas financeiros em Londres, apesar de ter um sucesso considerável.

Em 1781 mudou-se para Paris, onde ganhou o apoio da Rainha, mas encontrou oposição e intriga da criação musical na briga entre torcedores de Gluck e adeptos de Piccinni, que acabou parecendo para agradar nem a um nem ao outro. O patrocínio de Maria Antonieta criou maiores prejuízos, tendo em vista a predileção conhecida da Rainha para a música de Gluck.

Rainha Maria Antonieta

Sacchini tentou cumprir as exigências do gosto francês, e sua ópera Dardanus conseguiu ser encenada em Fontainebleau, em 1785. A rainha foi incapaz de colocar Édipo à Colone encenada, como esperava, em Fontainebleau, em 1786, uma decepção com a qual se atribuiu sua morte prematura, em outubro desse mesmo  ano.

No caso de a nova ópera, considerada a obra-prima de Sacchini, foi encenada no Opéra em 1787 e permaneceu no repertório da casa por muitos anos.



Durante sua carreira de cerca de 30 anos Sacchini tinha desfrutado de grande fama, principalmente como compositor de italiano da ópera séria . O declínio na sua reputação pode ter sido, em boa parte, ser atribuído à negligência da forma pela qual ele se superou. Suas habilidades foram mais notavelmente verificadas em Édipo à Colone, uma obra em que  foi capaz de unir as tendências rivais de ópera contemporânea dentro de uma estrutura dramática francesa.

Morreu em Paris em 1786 na idade de 52 anos. Sacchini deixou mais de 40 óperas e uma grande quantidade de peças religiosas, oratórios, música vocal e sagrada. Sua peça "OEdipe" permaneceu por longo tempo no repertório de todos os teatros da Europa. Na história da arte, ele figura como um compositor gracioso, elegante e judicioso. Sacchini foi uma figura de maior destaque na ópera séria no final dos anos 1700, século 18. Ele foi um mestre de fato dos procedimentos na ópera e em especial quando se tratava de compor para um tipo de voz especial. Sua obra é cheia de expressão e de um sentimento teatral verdadeiro e puro.



As Óperas:








Étienne Méhul

Nascido 22 de junho de 1763
Morreu 18 de outubro de 1817 (54 anos)
Étienne Nicolas Méhul (22 de junho de 1763 - 18 de outubro de 1817) foi um compositor francês, "o compositor de ópera mais importantes na França durante a Revolução " e   também foi o primeiro compositor a ser chamado de " romântico ".



Méhul nasceu em Givet em Ardennes filho de Jean-François Méhul, um comerciante de vinhos, e sua esposa Marie-Cécile. Suas primeiras lições de música foram através de um  organista cego local, mas a criança tinha uma aptidão inata e foi enviada para estudar com um músico alemão e organista, Wilhelm Hanser, no mosteiro de Lavaldieu, a poucos  quilômetros de Givet, onde Méhul desenvolveu ao longo da vida  seu amor  pelas flores.

Em 1778 ou 1779 ele foi para Paris e começou a estudar com Jean-Frédéric Edelmann, um cravista e amigo do ídolo Méhul, que era Christoph Willibald von Gluck. A primeira  composição de Méhul, foi um livro de peças para piano publicado em 1783. Ele também fez arranjos de árias de óperas populares e mais tarde começou a pensar em uma carreira  operática para si mesmo.

Em 1787, o escritor Valadier lhe ofereceu um de seus libretos, Cora, que havia sido rejeitado por Gluck em 1785.  A Académie Royale de Musique (o Ópera de Paris ) colocou o  trabalho Méhul, sob o título de Alonzo et Cora, no ensaio em junho de 1789.

No entanto, os ensaios foram abandonados em 8 de agosto, provavelmente porque o Opéra vinha  sofrendo graves dificuldades financeiras por toda a década de 1780, e assim a ópera não foi estreada até 1791.  Entretanto, Méhul encontrou um colaborador ideal no libretista  François- Benoît Hoffman, que forneceu o texto para a sua primeira ópera a ser executada, Euphrosine. Sua estréia em 1790 foi um imenso sucesso e marcou o compositor como  um novo talento. Foi também o início de seu longo relacionamento com o teatro de Comédie Italienne (que em breve será rebatizado de Opéra-Comique).




Apesar do fracasso de Cora em 1791 e a proibição de Adrien por motivos políticos no ano seguinte, Méhul consolidou sua reputação com obras como Stratonice e Mélidore et  Phrosine. Durante a Revolução Francesa, Méhul compôs muitas canções patrióticas e peças de propaganda, sendo o mais famoso o" Chant du départ" . Méhul foi  recompensado,  tornando-se o primeiro compositor nomeado para o recém-fundado Instituto da France em 1795. Ele também ocupou o cargo de um dos cinco inspectores do Conservatório de  Paris. Mehul manteve relações amigáveis ​​com Napoleão e se tornou um dos primeiros franceses a receber a Légion d'honneur .




O sucesso operístico de Méhul não foi tão grande na primeira década do século XIX, como tinha sido na década de 1790, apesar de obras como de Joseph (1807) que tornou-se  famoso no exterior, especialmente na Alemanha. O fracasso de sua ópera "Les Amazonas" em 1811 foi um duro golpe e praticamente encerrou sua carreira como compositor para  o teatro.

Apesar de sua amizade com Napoleão, sua posição pública sobreviveu com a transição para a Restauração Bourbon. No entanto, o compositor já estava gravemente doente com  tuberculose e morreu em 18 de outubro de 1817.  Sua sepultura está no cemitério Père Lachaise, perto do túmulo do compositor belga, seu contemporâneo François Joseph  Gossec .



Em 1797 Méhul adotou seu sobrinho de sete anos de idade, o compositor Joseph Daussoigne-Méhul, e seu irmão mais novo. Ele desempenhou um papel importante na educação e  carreira musical de seu sobrinho, contando-o entre seus alunos no Conservatório de Paris. Após sua morte, Daussoigne-Méhul completou a sua ópera inacabada "Valentine de  Milan" que estreou no Opéra-Comique, em 1822. Ele também escreveu recitativos novos para sua outra ópera Stratonice em 1821 num revival do  trabalho em Paris.




As Óperas
A contribuição mais importante de Méhul à música foram as suas óperas. Ele liderou a geração de compositores que surgiram na França na década de 1790, que incluiu seu amigo  e rival Luigi Cherubini e seu inimigo imediato Jean-François Le Sueur. Méhul seguiu o exemplo das óperas que Gluck tinha escrito para Paris na década de 1770 e aplicou as reformas  de Gluck para ópera cômica (um gênero que mistura música com diálogos falados e não era necessariamente a todas cômicas no que se refere no humor).

Mas ele levou a música  na direção de uma forma mais romântica, mostrando um aumento do uso da dissonância e um interesse pelos estados psicológicos, como raiva e ciúme, assim prenunciando os  compositores românticos mais tarde, como Weber e Berlioz. Na verdade, foi o primeiro compositor a ser denominado de um romântico, vindo de um crítico que usou o termo em  La Chronique de Paris em 01 de abril de 1793 ao rever a peça de Méhul, "Le jeune sage et le vieux fou."

A principal preocupação musical de Méhul foi que tudo deve servir para aumentar o impacto dramático.



Uma maneira em que Méhul aumentou a expressividade dramática foi para experimentar com orquestração. Por exemplo, em Uthal , uma ópera definida no Highlands da Escócia , ele eliminou os violinos da orquestra, substituindo-os com os sons mais escuros de violas, a fim de adicionar a cor local.  Méhul em La chasse du jeune Henri  forneceu um exemplo  mais bem-humorado, com a sua secção de metais expandida, retratando cães latindo, bem como dando chamadas de caça.




As obras fundamentais do Mehul da década de 1790 foram Euphrosine , Stratonice , Mélidore et Phrosine e Ariodant .  Ariodant, apesar de uma falha em sua estréia, em 1799, foi  alvo de elogio especial dos críticos. Elizabeth Bartlet chama de "melhor trabalho do Mehul da década e um ponto alto da Revolucionárias Opera".  Trata-se de o mesmo conto de  paixão e ciúme em que Handel, em 1735, fez com a sua ópera Ariodante. Como em muitas de suas outras óperas, Mehul faz uso de um dispositivo de estrutural chamado de  "motivo reminiscência", um tema musical associado a um personagem em particular ou idéia na ópera. Este dispositivo lembra os leitmotiv nos dramas musicais de Richard  Wagner. Em Ariodant , o motivo é a reminiscência 'cri de fureur' ("grito de fúria"), expressando a emoção de ciúmes.



Por volta de 1800, a popularidade dos dramas tempestuosos começaram a diminuir, sendo substituídos por uma moda mais leves, comiques opéra, com os compositores como  François-Adrien Boieldieu. Além disso, o seu amigo Napoleão disse que  preferia um estilo mais cômico da ópera. Como um corso, a bagagem cultural de Napoleão era italiana, e ele  amou a ópera buffa dos compositores como Paisiello e Cimarosa.

Méhul respondeu com L'irato ("The Angry Man"), uma comédia de um ato que estreou como a obra do compositor italiano "Fiorelli" em 1801. Quando se tornou um sucesso  imediato, Méhul revelou a farsa que ele tinha jogado.  Méhul também continuou a compor obras em uma veia mais grave. José, baseado na história bíblica de José e seus irmãos, é  o mais famoso de suas últimas óperas, mas seu sucesso na França foi de curta duração.




Na Alemanha, no entanto, ganhou muitos admiradores ao longo do século XIX, incluindo Wagner. A melodia de Joseph é muito semelhante a uma melodia folclórica popular muito  conhecido na Alemanha, que foi usada como uma canção na Marinha Imperial Alemã, e adaptada, notoriamente, como a música para o hino nacional da Alemanha nazista , o  Horst-Wessel-Lied . Não está claro, entretanto, se a melodia de Méhul foi a proveniência efetiva da melodia.

Além de óperas, Méhul compôs uma série de canções para as festas da república (muitas vezes encomendadas pelo imperador Napoleão), cantatas , e cinco sinfonias nos anos  1797 e 1808 a 1810.





Lista de suas Óperas
Euphrosine (1790)
Cora (1791)
Stratonice (1792)
Le jeune sage et le vieux fou (1793)
Horatius Cocles (1794)
Mélidore et Phrosine (1794)
Doria ou La Tyrannie détruite (1795)
La Caverne (1795)
Le jeune Henri(1797)
Le pont de Lody (1797)
Ariodant (1799)
Adrien, empereur de Rome(1799)
Épicure (1800, with Luigi Cherubini)
Bion (1800)
L'Irato ou L'Emporté(1801)
Une Folie (1802)
Le trésor supposé ou Le danger d'écouter aux portes (1802)
Joanna (1802)
Héléna (1803)
Le baiser et la quittance (1803, with Boieldieu, R. Kreutzer and Isouard)
Les deux Aveugles de Tolède (1806)
Uthal (1806)
Gabrielle d'Estrées ou Les Amours d'Henri IV(1806)
Joseph (1807)
Les Amazones ou la Fondation de Thèbes (1811)
Le Prince troubadour ou Le grand trompeur des dames (1813)
L'Oriflamme (1814, with Berton and R.Kreutzer)
La Journée aux aventures(1816)
Valentine de Milan (1822)



1-Euphrosine
de
Étienne Méhul

Euphrosine, ou  O Tirano Reformado, é uma ópera, como uma "comédie mise en musique", feita pelo compositor francês Étienne Nicolas Méhul com um libreto de François-Benoît Hoffman. Foi a primeira ópera de Mehul a ser realizada e a que estabeleceu sua reputação como um compositor de seu tempo. A estreia teve lugar no Théâtre Favart, Paris, em 4 de setembro de 1790.

A estréia foi um enorme sucesso, elogiado por críticos como o compositor André Grétry. Na versão original foi a primeira ópera cômica a ter cinco atos, mas Méhul e Hoffman depois reduziu-a a três atos em 1792-1793 e completamente revista o terceiro ato, a fim de livrar-se dos elementos cômicos em 1795 (após Euphrosine, Méhul preferiu compor obras que eram ou comédias ou tragédias, mas não uma mistura dos dois).


Euphrosine- uma das três graças

Personagens:
Coradin, um tirano feudal haute-contre
La Comtesse d'Arles (a condessa de Arles) soprano
Euphrosine filha do conde de Sabran soprano Jeanne-Charlotte Saint-Aubin
Leonore, filha do conde de Sabran soprano
Louise, filha do conde de Sabran soprano
Alibour, médico do Coradin barítono Jean-Pierre Solie
Caron, um carcereiro haute-contre Teste Antoine
Une vieille femme (Uma mulher de idade) soprano
Un Vieillard (um velho)
Coro de camponeses, pastores, pastoras, guardas e soldados




Sinopse

A ópera está definida em Provence, no momento das Cruzadas. O tirano Coradin é o guardião de três meninas órfãs, incluindo Euphrosine, que vive em seu castelo. Euphrosine decide convencer a Coradin para casar-se consigo para que ela possa reformar seu caráter. Mas a condessa de Arles está com ciúmes de Euphrosine e vira Coradin contra ela, encorajando-o a dar-lhe veneno. O médico avisa a Euphrosine sobre a conspiração contra sua vida e ela simplesmente finge morrer do veneno. Acreditando que tenha matado Euphrosine, Coradin é subitamente tomado de remorso. Então, pede ao médico para preparar um pouco mais de veneno para que ele possa cometer suicídio. Neste ponto entra Euphrosine, viva e bem, e perdoa Coradin, que concorda em se casar com ela.

Berlioz considerou Euphrosine como obra-prima Méhul de:.. "Tem graça, delicadeza, traço, muito movimento dramático, e explosões apaixonadas de violência terrível e veracidade O personagem de Euphrosine é delicioso, a do Alibour médico de uma genialidade pouco satírico. Quanto ao robusto cavaleiro Coradin, tudo o que ele canta é magnífico ".




2-Stratonice (ópera)

Étienne Méhul

Stratonice é uma ópera cômica de um ato, escrita por Étienne Méhul para um libreto de François-Benoît Hoffman, realizada pela primeira vez no Favart Théâtre, Paris , em 3 de  maio de 1792. O enredo é tirado De Dea Síria ("On a Deusa da Síria", atribuído a Lucian ) relativo a um incidente da história da dinastia Selêucida que governou grande parte do  Oriente Médio durante a era helenística do mundo antigo.



Stratonice era uma ópera popular, recebendo mais de 200 apresentações durante a vida do Méhul. Em 06 de junho de 1792 uma paródia, de Nice, de Jean-Baptiste Desprez e  Alexandre de Ségur, apareceu no Théâtre du Vaudeville. Em 1821, o sobrinho de Méhul, Joseph Daussoigne-Méhul escreveu novos recitativos para revitalização da ópera em Paris.

Hoffman designou Stratonice como 'héroïque comédie' , ou seja, um drama com um final feliz (críticos franceses contemporâneos geralmente evitam o termo " tragicomédia ",  como sugeriu esta obra que mistura elementos trágicos e cômicos. A escolha de um tema clássico era incomum para uma ópera cômica da época tempo e co isso definiu a forma de obras semelhantes, inclusive do próprio Méhul como Epicure e Bion.




A história de Stratonice já tinha aparecido várias vezes no palco francês nos séculos  17 e 18. Hoffman foi  particularmente influenciado por Antíoco (1666) de Thomas Corneille. Compositores franceses de ópera também utilizaram do mesmo assunto: ele forma o enredo do segundo ato em " Les Fêtes de Polymnie" de Rameau (1745).





O compositor Cherubini admirava profundamente Stratonice : "De todas as obras de Méhul, esta é a melhor do começo ao fim ... Stratonice não falta nada, é um trabalho de gênio a obra de Méhul. A escolha de Hoffman de um assunto clássico foi incomum para a Opéra-Comique e música Méhul foi igualmente inovadora, mais influenciado pela tradição grave de 'tragédie lyrique' do que os mais leves óperas cômicas de Grétry que tinham estado  na moda até aquele ponto.




Méhul estudou Gluck e Salieri pela sua abordagem ao drama musical, bem como a orquestração de Haydn e as melodias de Sacchini e Piccinni, compositores italianos que escreveram óperas trágicas para o teatro francês de ópera na década de 1770 e 1780. Mas ele misturou essas influências com o seu próprio estilo individual de produzir um trabalho original.  Os críticos contemporâneos elogiaram o estilo mais melódico de Stratonice numa comparação com óperas anteriores de Mehul, a Euphrosine e Cora.


Personagens:

Stratonice , uma princesa soprano
Antíoco , Príncipe da Síria haute-contre
Seleuco, rei da Síria tenor
Erasistrate ( Erasístrato ), um médico barítono




Sinopse

Antíoco, o filho do rei Seleuco, está definhando ainda que prefira morrer do que ser a causa da doença de seu pai. O médico, Erasístrato, os suspeita que o amor está por trás   dosofrimento de Antioco. Ele observa que o pulso do príncipe aumenta quando vê Stratonice, uma jovem pretendente a ser noiva de seu pai, e testes posteriores confirmam seu  diagnóstico. O médico sutilmente revela a verdade para o rei que é convidado a renunciar Stratonice para Antíoco, a fim de salvar a vida de seu filho e a felicidade da família.








3-Le jeune sage et le vieux fou

Le jeune sage et le vieux fou ou ( O jovem sábio e o  Velho tolo ) é uma ópera do compositor francês Étienne Méhul com libreto de François-Benoît Hoffman. Ele toma a forma de uma 'comédie mêlée de musique' (um tipo de ópera cômica ) em um ato. Foi realizada pela primeira vez no Théâtre Favart em 28 de março de 1793. Uma versão revisada apareceu em 1801.




A ópera foi bem recebida. Uma revisão na Chronique de Paris de 01 de abril descreveu a música como " retorna original, espirituosa e romântica". De acordo com David Cairns , esta é a primeira referência ao Romantismo na música.  A abertura musical retrata a dois personagens principais: flautas desacompanhadas que representam o jovem sábio e os violoncelos, trombones e baixos representam o velho idiota. Variações sobre estes temas se repetem ao longo da partitura.





4-Horácio Cocles
Étienne Méhul

Horácio Cocles é uma ópera em um ato e nove cenas, criada pelo compositor francês Étienne Nicolas Méhul com um libreto de Antoine-Vincent Arnault. Foi a primeira realizada na Ópera de Paris em 18 de fevereiro de 1794. Ela está baseada na lenda romana de Horácio Cocles.

Horácio Cocles foi composta durante o reinado do terror, no auge da Revolução Francesa , quando todas as obras de arte foram fortemente encorajadas a ter um propósito político.  De acordo com Arnault em suas memórias (Antoine-Vincent Arnault), a peça tinha a intenção de bajular as autoridades revolucionárias e, assim, melhorar as chances com a censura, da ópera muito mais importante de Méhul e Arnault e passaram a se dedicar, então, em Mélidore et Phrosine.




Os revolucionários viram o início da República Romana como um dos modelos para seu novo estado. Arnault viu paralelos entre a Roma de Horácio, que tinha expulsado os reis, e a França Revolucionária, lutando contra as cabeças coroadas da Europa.  Afirmou que ele e Méhul terminaram a ópera em 17 dias.

Inicialmente, obteve 18 apresentações em 1794, com cenário suntuoso. Arnault escreveu que as autoridades consideraram suficientemente patriótica para facilitar o  caminho de Mélidore et Phrosine para o palco. Ela foi revivida por mais nove apresentações entre novembro de 1797 e janeiro 1798.




Durante uma noite na segunda rodada, um do  coro caiu da ponte do cenário, representando a "Pons Sublicius"(A Ponte Sublícia - Pons Sublicius- a primeira ponte construída em Roma, sobre o rio Tibre), tendo ferido 50 artistas, resultando em ferimentos múltiplos para o cantor que interpretava o papel principal. Quando a obra reapareceu em 30 de dezembro, Napoleão estava entre o público.

De acordo com Arnault, Méhul descreveu o estilo austero de  Horatius Cocles como "música de ferro".  O trabalho não tem papéis para solistas femininos, uma característica  que é relativamente rara na história da ópera, mas não tão incomum tendo a propaganda de obras da era revolucionária francesa.



Personagens:

Valério Publicola , um cônsul ( bari-tenor )
Horace Cocles (Horatius Cocles) baixo barítono-
Mutius Scevola ( Mucius Scaevola ) tenor
Le jeune Horace (Young Horácio) haute-contre
Un ambassadeur de Porsenna (Um embaixador de Porsenna )
Coro de senadores, romanos, soldados, prisioneiros




Sinopse

Uma vista de Roma, incluindo a Sublicius Pons e do campo de Lars Porsenna

Um coro de romanos lamenta a morte de Lucius Junius Brutus, quem os levou a expulsar o rei Tarquínio e encontrou a república. A cidade está agora cercada pelo rei etrusco Lars  Porsenna, que quer reinstalar a família real romana, e as pessoas estão morrendo de fome. Horácio leva um punhal e jura sobre o túmulo de prosseguir a ruína dos reis e manter a  liberdade de Roma. Mucius Scaevola entra vestido como um etrusco e declara sua intenção de se infiltrar no campo inimigo e assassinar Porsenna, mesmo ao custo de sua própria  vida. Horácio pede para ser autorizado a realizar a missão em vez disso, uma vez que ele é velho, mas Publicola diz que ele é muito famoso para o disfarce para este trabalho. Mucius sai.




Publicola recompensa a lealdade de Horácio ", confiando-lhe a defesa da  Pons Sublicius, a ponte sobre o rio Tibre, enquanto Publicola lidera o exército romano principal contra o  inimigo. Um enviado chega de Porsenna, acompanhado por prisioneiros romanos, incluindo o filho de Horácio, o jovem Horácio, a quem ele acreditava morto. O enviado oferece a  mão sobre os cativos se os romanos aceitarem de volta os seus reis. Horácio, seu filho e os romanos categoricamente recusarm esta oferta.

Começa o ataque dos etruscos e Horácio defende a ponte, sozinho, enquanto os romanos dão cocobertura atrás dele. A ponte cai e Horácio e os etruscos mergulham no rio Tibre, mas Horácio sobrevive. Mucius  Scaevola retorna e conta como ele conseguiu ter acesso ao acampamento Porsenna, mas em vez de matar Porsenna ele derrubou um cortesão que tinha insultado Roma.




Ele  contou a Porsenna que ele era um dos 300 romanos, que prometeram matá-lo. Mucius então enfiou a mão no fogo para punir-se do fracasso de sua missão. Porsenna ficou tão  impressionado com essa ação que abandonou sua tentativa de conquistar Roma. A ópera termina com o retorno do Publicola vitorioso, trazendo de volta o filho Horácio entre os outros cativos libertados.



5-Ariodant

Étienne Méhul


Ariodant é uma ópera cômica em três atos do compositor francês Étienne Méhul apresentada pela primeira vez no Théâtre Favart em Paris em 11 de outubro de 1799. O libreto,  feito por François-Benoît Hoffman é baseado no mesmo episódio de Ariosto da obra Orlando Furioso que também inspirou Handel na ópera Ariodante. O trabalho teve uma profunda influência sobre o desenvolvimento da  ópera romântica, especialmente na Alemanha.




A estréia ocorreu em 11 de outubro de 1799. Havia temores de que o sucesso da ópera podia ser danificado por semelhança à trama de Montano et Stéphanie de Henri Montan Berton, que estreou em 15 de abril do mesmo ano. No evento, o público calorosamente apreciou Méhul que apareceu no palco no final para tomar o seu aplauso (Hoffman doente não pôde comparecer). Méhul dedicou a partitura para o seu amigo Luigi Cherubini.

                                               Luigi Cherubini.

Ariodant , com seu caráter sombrio e dramático, está entre as mais conceituadas obras de Mehul.

Edward Dent escreveu: "Este é talvez a melhor detodas as óperas de Mehul, pois ela tem consistência de estilo, e uma trama que, embora descontroladamente romântica não é absurdamente sem sentido e lida com muitas emoções humanas genuínas. Além disso, não é dependente, como algumas dessas óperas são, em efeitos cênicos, como tempestades e avalanches ".

Ariodant teve uma profunda influência sobre a ópera romântica alemã, especialmente em Euryanthe (1823) de Weber que tem um enredo muito semelhante. Mas Weber também absorveu o uso da orquestra de Méhul para evocar a atmosfera da cena. Como John Warrack escreve: "Grande parte da ópera é definida em lugar à noite ou em salas subterrâneas e passagens labirínticas ou uma floresta densa, onde Méhul responde com alguma orquestração que ele pode inventar.




Personagens:

Ariodant haute-contre
Dalinde soprano
Edgard tenor
Ina soprano
Lurcain baixo
Othon haute-contre / tenor
Um bardo haute-contre


Sinopse

Ato 1
Cena: A corte do Rei Edgard

Ina, filha do rei Edgard da Escócia, é apaixonada pelo cavaleiro Ariodant. O pretendente rejeitado por Ina, o vilão Othon, está enredando conspirações contra ela com a sua servente Dalinde. Othon e Ariodant estão prestes a brigar quando a festa é anunciada no salão do rei.


Ato 2
Cena: Um jardim à noite, com vista para varanda de Ina

Um bardo toca uma música em sua harpa. Ariodant organizou um duelo à meia-noite com Othon e Ina dá a ele uma fita de seu próprio cabelo. Lurcain, irmão de Ina, e quatro outros cavaleiros entram e se escondem. Eles estão lá para ter certeza de que Othon não vai jogar todos os truques sujos. No entanto, quando chega Othon ele não luta, mas diz a Ariodant que ele tem visitado o quarto de Ina todas as noites. Quando Dalinde aparece na varanda vestida como se fosse Ina, aparentemente prova o que Othon diz. Lurcain e  Edgard acusam Ina de falsa castidade.


 Ato 3
Cena: A sala de justiça

Ina está prestes a ser levada a julgamento. Othon tenta fazer um acordo com ela: se ela concordar em se casar com ele, ele vai alegar que ela tem sido secretamente sua esposa o tempo todo. Ina se recusa. Os seguidores de Othon vem dizer-lhe que eles acabaram com Dalinde. O julgamento vai em frente, mas a acusada passa a ser Dalinde, velada e disfarçada. Ela revela os detalhes do enredo com Othon e como os homens de Othon teriam feito seu assassinado, se não tivesse sido salva por Ariodant.











6- Mélidore et Phrosine

Étienne Méhul

Mélidore et Phrosine é uma ópera do compositor francês Étienne Méhul, no estilo de um  'drame lyrique' (um tipo de ópera cômica ) em três atos. O libreto, por Antoine Arnault Vincent , é baseado no mito de Hero e Leandro. A obra foi realizada pela primeira vez no Théâtre Favart, Paris em 6 de  maio de 1794. É um exemplo importante do início da ópera romântica.





Arnault derivou o seu libreto do poema narrativo 'Phrosine et Mélidore' de Gentil-Bernard. Em suas memórias, ele descreve o problema que teve com a censura  revolucionária francesa da época. Ele apresentou o libreto para o censor Jean-Baptiste Baudrais, que encontrou "nada de inocente nisso." Baudrais explicou: "Não é o suficiente ... se uma obra não é contra nós, ela deve ser para nós, e o espírito de sua ópera não é republicano, o comportamento de seus personagens não é republicana, a palavra." Liberdade! " não foi pronunciou uma única vez. Você deve trazer sua ópera em harmonia com as nossas instituições ".  Felizmente para Arnault, ele foi capaz de recorrer a ajuda do escritor Legouvé que acrescentou mais algumas linhas para o libreto, contendo referências suficientes à liberdade de satisfazer Baudrais.





A ópera foi um sucesso moderado e dividiu os críticos, alguns dos quais viram como uma obra-prima, outros reclamando de sua falta de simplicidade. Arnault não se impressionou com o desempenho dotenor Solie, que posteriormente foi substituído por Jean Elleviou. No ambiente conturbado nas semanas antes da queda de Robespierre, Arnault continuou a se preocupar se a ópera iria atrair atenção indesejada das autoridades, mas Méhul, em termos amigáveis ​​com o líder político Bertrand Barère, contornou a situação. Pouco depois, o compositor escreveu sua obra mais famosa de música de propaganda revolucionária, a "Chant du départ".


Mélidore et Phrosine foi um trabalho ousadamente experimental. Elizabeth Bartlet, escrevendo em The New Grove Dictionary of Music and Musicians, comenta: "os experimentos de Mehul nos meados da década de 1790 demonstram como eram ousados, especialmente no uso por vezes chocante da dissonância, a incompletude deliberada de expectativas formais para o efeito dramático e a expressão orquestral de extremos estados psicológicos a um grau que supera trabalhos anteriores. Em Mélidore et Phrosine, o compositor conseguiu uma unificação musical através de temas e motivos, estruturas tonais e esquemas de modulação que ainda não tinham sido tentados no gênero".

De acordo com Winton Dean , "O estilo harmônico de Mélidore et Phrosine é mais ousado do que qualquer coisa em Rossini , Bellini ou Donizetti , e até mesmo do que no início de Beethoven ". Hector Berlioz , um admirador de Méhul, elogiou a orquestração inovadora do compositor: "a música [de Mélidore et Phrosine ] é muitas vezes inspiradora e contém efeitos orquestrais totalmente novos na época, tais como o uso de quatro horns como um instrumental estertor, na voz de um homem moribundo ".





Edward Dent descreve o lugar da ópera no desenvolvimento do musical do Romantismo : " Mélidore et Phrosine tem, de fato, quase todos os ingredientes que procuram em uma ópera típica romântica, mas talvez nós não possamos reconhecê-los, porque eles são definitivamente franceses e não alemães. Se esse tipo de escrita orquestral descritivo que é chamado de "música de Natureza" é tipicamente romântica, veremos que em Méhul também, pelo menos tanto quanto as tempestades estão em causa. Enquanto francês, ele está preocupado principalmente com os seres humanos e sentimentos humanos. A concepção do homem como vítima indefesa das forças invisíveis da natureza, do homem como algo menos do que a natureza, era impossível para ele, pelo menos nesta fase de sua carreira ".




Personagens:

Mélidore haute-contre
Phrosine soprano
Jule tenor
Aimar baixo-barítono ( Basse-taille )
Coro: amigos de Mélidore, Jule e os servos de Aimar, camponeses, marinheiros, passageiros




Sinopse

Ato 1
Cena: Um jardim em Messina

Mélidore está apaixonado por Phrosine, mas seu casamento é proibido pelos irmãos de Phrosine, Aimar e Jule. Aimar, porque acha que Mélidore não é de uma classe social alta o suficiente, e Jule porque nutre um sentimento incestuoso por sua irmã. O casal planeja fugir para que eles possam se casar por um eremita em uma ilha próxima, mas quando eles estão fazendo a sua fuga, Aimar os surpreende. Na luta que se seguiu, Mélidore aparentemente mortalmente ferido por Aimar, faz com que seus seguidores jurem vingança.




Ato 2
Cena: Uma ilha com uma caverna do eremita

Mélidore chega à ilha do eremita somente para encontrá-lo morto. Ele decide assumir a identidade do eremita. Jule e Phrosine chegam para pedir ao eremita se ele tem visto o fugitivo Mélidore. O "eremita" diz que Mélidore se afogou. Phrosine fica perturbada, mas então ela reconhece a voz de Mélidore. Os dois secretamente fazem um plano para se verem outra vez. Mélidore diz que vai acender um farol na ilha a cada noite que guiar Phrosine, e assim ela nada através do estreito de Messina até ele.





Ato 3
Cena: Outra parte da ilha

É noite. Mélidore acende o farol pouco antes de uma tempestade que sopra por cima. Mélidore reza pela segurança de Phrosine. No entanto, a tempestade extingue o farol. Um barco chega, mas contém Jule, não Phrosine. Jule explica que como ele tinha visto a sua irmã nadando através do estreito, perseguiu-a de barco. Phrosine nadou em direção a ele, mas confundiu tocha que Jule usava com o farol. Jule se recusou a deixá-la entrar no barco e deixou-a se afogar. Mélidore pula no mar para salvá-la e arrasta-a para terra. Jule arrependido finalmente concorda com o casamento do casal, assim como Aimar que acaba por ter sobrevivido.









7-L'irato

L'irato, ou L'Emporte ( The Angry Man ) é uma ópera-cômica em um ato do compositor francês Étienne Méhul com um libreto de Benoît-Joseph Marsollier. Estreou no Favart  Théâtre, Paris em 17 de fevereiro de 1801. Escrito em um estilo mais leve do que as óperas de Mehul da década de 1790, L'irato é famosa por fazer parte de um engano do  compositor tocado para seu amigo Napoleão Bonaparte .




Méhul tinha sido apresentado a Napoleão por sua esposa Josephine e participou de reuniões semanais com o futuro imperador em sua residência em Malmaison. Provavelmente  discutiam música. Muitos biógrafos erroneamente afirmaram que Napoleão não gostava de música. Na verdade, ele preferia as óperas italianas de compositores como Giovanni  Paisiello e Domenico Cimarosa. De acordo com a harpista Martin Pierre d'Alvimare, Napoleão criticou Méhul " por emular em suas obras um estilo muito teutônico, mais científico  do que agradável".




Méhul decidiu tentar escrever um trabalho mais leve, mais italiano e, assim, enganar Napoleão. Em 7 de fevereiro 1801 o Journal de Paris anunciou o futuro desempenho de uma  tradução de uma obra italiana, L'irato, no Opéra-Comique. Dez dias depois, no dia da estréia, uma carta apareceu no Jornal alegando ser de um pintor que tinha visto a ópera - o  trabalho de um jovem compositor chamado "Signor Fiorelli" - em Nápoles 15 anos antes. A carta foi provavelmente era uma farsa vinda de Méhul. Na noite da abertura, com  Napoleão entre o público, foi um sucesso imenso. O público pediu para ver o autor e ficaram muito surpresos quando Méhul apareceu no palco para aceitar os aplausos. Napoleão  levou a piada em boa parte, dizendo a Méhul para "Trompe-moi souvent aussi"( engana-me muitas vezes).




L'irato foi revivida no Opéra-Comique em 1852 e no Théâtre Lyrique em 1868. A performance no Opéra-Comique em 17 de outubro de 1917, marcou o centenário da morte de  Méhul.


Personagens:
Pandolphe, um homem velho mal-humorado baixo
Lysandre, sobrinho do Pandolphe tenor
Scapin, servo de Lysandre baixo
Isabelle, a sobrinha da esposa morta de Pandolphe soprano
Nerine, empregada de Isabelle soprano
Balouard, antigo tutor de Lysandre tenor


Sinopse

Cena: O jardim da casa de Pandolphe, perto de Florença

Pandolphe é um homem rico, mas um velho rabugento que se torna irritado com a menor coisa. Ele ameaçou deserdar seu  jovem sobrinho Lysandre. Assim que a ópera abre,   Lysandre está andando pelo jardim com o seu servo Scapin, aguardando uma reunião com Pandolphe (Aria para Scapin: Promenerons-nous bien longtemps? ). Lysandre está no  amor com Isabelle, mas não tem notícias dela há mais de um mês, e Scapin foi igualmente perdeu o contato com sua amada Nerine, a empregadade Isabelle.

No entanto, os dois homens juraram ser fieis para sempre (Dueto: Jurons! Jurons de les aimer toujours! ). Lysandre está enfurecido com os planos de Pandolphe para casar Isabelle  com Balouard, seu tutor anterior pedante e ridículo. Scapin promete fazer tudo o que puder para ajudar seu mestre (Aria: Mais que dis-je? ), mas ele foge quando Pandolphe sai da casa de mau humor (Aria para Pandolphe: Mais que dis-je?! ). Pandolphe diz a Lysandre que ele pretende deserdá-lo, e jogá-lo para fora de casa pela sua compostura. Lysandre se recusa a ficar com raiva. Uma vez que Pandolphe saiu, Scapin entra trazendo Isabelle e Nerine com ele. Lysandre diz a Isabelle sobre o plano de seu tio para casá-la com Balouard. Isabelle fica horrorizada, mas Scapin diz que tem um plano para fazer Pandolphe ficar irritado com Balouard (Quarteto: O ciel, que faire? ).

Isabelle espera que, fingindo ser vaidosa e inconstante que ela vai colocar Balouard indisposto ao casamento (Aria: J'ai de la raison ). Pandolphe introduz Isabelle para Balouard. Isabelle sugere que ela já temum amante, o que faz Balouard recusar a oferta de casamento, para desgosto de Pandolphe. Lysandre, que ainda não sabe a boa notícia, fica em um estado desesperado ( Si je perdais mon Isabelle ). Scapin incentiva Lysandre para afogar as mágoas com o igualmente triste Balouard  e os três cantam em louvor ao vinho e à mulher (Trio:Femme jolie et du bon vin ). Como Balouard se torna cada vez mais bêbado, o coro zombam dele, comparando-o ao deus Marte (Coro: Qu'il est joli, qu'il est charmant). Isabelle e Nerine escapam da casa em que Pandolphe aas prendeu. O velho homem surpreende Lysandre declarando seu amor por Isabelle e jura que nunca irá deixá-la casar-se com outro. Finalmente Pandolphe cede aos apelos de Lysandre, Isabelle, Scapin e Nerine e dá sua bênção ao casamento (Finale: Ah, mon cher oncle ).





8-Joseph (ópera)

Étienne Méhul

Joseph (também conhecido como Joseph en Égypte ) é uma ópera em três atos do compositor francês Étienne Méhul. O libreto de Alexandre Duval, é baseado na história bíblica de José e seus irmãos. A obra foi realizada pela primeira vez pela Opéra-Comique, em Paris em 17 de fevereiro, 1807, no Théâtre Feydeau. Ela mistura números musicais com diálogos falados na forma de uma ópera cômica .




Mehul provavelmente conheceu Alexandre Duval, um ex-soldado e ator, no salão de Sophie Gay e sugeriu compor uma ópera sobre a história de José do Gênesis da Biblia. Ao escrever Joseph, Méhul e seu libretista estavam provavelmente tentando explorar a moda contemporânea para óperas sobre temas religiosos e do fascínio francês pelo Egito depois da expedição de Napoleão para este país em 1798. Duval foi diretamente inspirado pela tragédia Omasis de Pierre Baour-Lormian, ou ainda por Joseph en Égypte, que havia aparecido em setembro de 1806.


A ópera obteve um sucesso pela crítica e em 1810 foi premiada como a melhor peça encenada pela Opéra-Comique. No entanto, ela se apresentou por apenas por apenas algumas semanas depois de sua estréia e, apesar de que teve várias revivals na França, no século 19, foi mais favoravelmente recebida na Itália, Bélgica e Alemanha, onde era realizada com freqüência como um oratório (o coral e os números superam os do ensemble para os solistas).





Carl Maria von Weber elogiou a pontuação, que ele conduziu em Dresden , em 1817, sob o título Jacob und seine Söhne. Em 1812 ele havia composto variações para piano (Opus 18) sobre a ária À peine sorti de l'enfance. Outros compositores que escreveram obras para piano sobre o tema de Joseph incluem Louis-Emmanuel Jadin ( Fantaisies pour piano sur les romances de Joseph et de Benjamin, 1807) e Franz Liszt (Cinq variations pour piano sur la romance de Joseph ). Gustav Mahler realizou uma performance em Olmütz em 1883. Houve uma nova produção francesa em Paris para marcar o bicentenário da Revolução Francesa, em 1989.

Em Joseph, Méhul usou um estilo auto-consciente austero, na contrapartida musical da fé pura e os nobres fatos dos hebreus".  Berlioz discutiu a ópera em suas noites com a Orquestra, onde ele descreve a música como "simples, emocionante, rica em felicitações, embora as modulações não sejam muito ousadas, cheias de harmonias amplas e vibrantes e figuras graciosas no acompanhamento, enquanto a sua expressão é sempre verdadeira".





A ária do tenor em Joseph A peine au sortir de l'enfance..., foi gravada por vários cantores, incluindo Georges Thill , Richard Tauber (em alemão) e Roberto Alagna .


Personagens:
Não há personagens femininas na ópera, mas o papel de Benjamin é uma soprano vestida en travesti .


Joseph tenor
Benjamin soprano
Siméon tenor
Jacob barítono
Naftali tenor
Ruben tenor
Utobal baixo
Um oficial tenor


Sinopse
Ato 1
Muitos anos atrás, Joseph, o israelita, o filho favorito de Jacó, foi vendido como escravo no Egito por seus irmãos. No entanto, ele encontrou favor com o faraó egípcio e cresceu para se tornar um dos principais homens do país sob o nome faalso de Cléofas. Agora a fome está afligindo Israel e os irmãos de José chegam ao seu palácio em Memphis para pedir comida. Simeão acredita que é um castigo para o seu tratamento de Joseph. Os irmãos não reconhecem José, que lhes dá as boas-vindas.


 Ato 2
Ao saber que seu pai veio para o Egito com seus filhos, Joseph visita as tendas de seus irmãos por noite. Ele pega um vislumbre de dormir de Jacob e encontra Simeão cheio de remorso por seu crime. Ao amanhecer, os israelitas se juntam em oração. Joseph decide revelar sua identidade para sua família, mas é dissuadido por seu conselheiro Utobal.


Ato 3
Joseph vai se defender do faraó contra acusações de que ele tem sido muito bom para os estrangeiros. Enquanto isso, Simeão diz a seu pai a verdade sobre o que ele e seus irmãos fizeram com Joseph. Jacob raiva denuncia-os, mas José e Benjamin (o único filho inocente) pedem clemência para os irmãos culpados. Quando Jacob cede, Joseph finalmente revela sua verdadeira identidade e diz que o faraó concedeu a todos o santuário no Egito.













Luigi Cherubini (1760-1842)

Nome Maria Luigi Cherubini Carlo Salvatore Zenóbio
Nascimento 14 de setembro de 1760 , Florença , Itália
Morte 15 de marco de 1842 , Paris , França

Carlo Maria Luigi Cherubini Zenóbio Salvatore ( Florença , 14 de setembro de 1760 - Paris , 15 de março de 1842 ), mais conhecido como Luigi Cherubini, foi um compositor italiano


Sua instrução em música começou com a idade de 6 anos com seu pai cravista, no Teatro Pergola em Florença, e mais tarde com A. Felici. Aos 13 anos, havia escrito algumas obras religiosas. Em 1778 , ele estudou música em Bolonha e de 1778 a 1782, continuou seus estudos em Milão, sob a direção de Giuseppe Sarti.


Em 1779 estreou em Alessandria seu primeiro melodrama, Quintus Fabius, e durante os anos seguintes, compôs para os teatros de Toscana , Roma , Veneza e Mantua. Em 1789 estabeleceu-se em Paris, onde compôs várias óperas, com pouco sucesso, em 1791 com Lodoïska, seguida por sua mais conhecida em todo o mundo, Medea (1797) e Les Deux Journées (1800).


Em 1805 , Cherubini foi convidado para Viena para escrever e dirigir uma ópera, Fanista , que foi recebida com entusiasmo, especialmente por Haydn e Beethoven. Em seu retorno da Áustria, deprimido com a sua situação financeira, deixou a música para se dedicar à pintura e à botânica. Em 1808,  escreveu de novo, principalmente música religiosa, mas também compôs a ópera Les Abéncerages (1813) e começou a série de seus quartetos de cordas. Em 1815 a Sociedade Filarmônica de Londres encomendou-lhe uma sinfonia, uma abertura e uma composição para coro e orquestra, e então ele foi para a capital Inglesa, onde aumentou sua fama internacional.




De volta a Paris, a queda de Napoleão e a Restauração favoreceu sua carreira, tendo sido nomeado Superintendente de Música do Rei e diretor do Conservatório (1822). Compôs uma missa em 1825 para a coroação de Carlos X. Depois de 1837, dedicou-se quase exclusivamente ao ensino.

Morreu em Paris aos 81 anos e foi enterrado no cemitério Père Lachaise, onde tem seu túmulo projetado pelo arquiteto Achille Leclere e inclui um grupo escultórico chamado Música, presidido por um busto do compositor.

Seu idealismo, seu temperamento independente especialmente austero e sua música elevada impediram-no alcançar a sua popularidade entre os seus contemporâneos.

Em meados dos século XX foram revividas algumas de suas obras, especialmente Médée (Medéia), que foi realizada por Maria Callas em 1953.


Paris


Suas Óperas:

Abbandonata Armida , ópera em três actos descritos em 25 de janeiro de 1782 em Florença Pergola.

Adriano na Síria , ópera em três actos representados em 16 de abril de 1782 em Armeni Livourne.

Mesenzio Il re d'Etruria , ópera em três actos representados em 08 de setembro de 1782 em Florença Pergola.

Il Quinto Fabio , ópera em três actos representados em janeiro de 1783 em Torre Argentina, em Roma.

O que sposo di di tre e marito nessuna , ópera cômica em dois atos representados em novembro de 1783 em Veneza

Nell'Indie Alessandro , ópera em dois atos representados em 1784 no início de Mântua.

L'Idalide , ópera em dois atos representados no Pergola em Florença em 26 de dezembro de 1784.

Demetrio , ópera em três actos representados no Teatro Haymarket, em Londres em 8 de janeiro de 1785.

La finta principessa , ópera cômica em dois atos representados em 02 de abril de 1785, no Royal Theatre, em Londres.

Il Giulio Sabino , ópera em dois atos representados em 30 de março de 1786, no Royal Theatre, em Londres.

Ifigênia em Áulis , ópera em três actos descritos em 12 de janeiro de 1788, em Turim Royal Theatre.

Demofoonte , ópera em três actos descritos em 5 de dezembro de 1788 no Grand Opera, em Paris.

Lodoïska , comédia heróica em três atos representados em 18 de julho de 1791 no Teatro Paris Feydeau.

Eliza ou le voyage au geleiras du Mont Saint-Bernard , ópera em dois atos representavam o teatro Feydeau 13 de dezembro de 1794.

Médée , ópera em três atos (primeira versão) representou a 13 mar 1797, no Teatro Paris Feydeau.

L'Hotellerie portugaise , um ato ópera cômica representou a 25 de julho de 1798 no Teatro Feydeau.

O prisonnière UO Punition la , um ato comédia no teatro Feydeau representado 25 de fevereiro de 1799.

Les Deux Journées d'eau ou le portage , ópera cômica em três atos descritos em 16 de janeiro de 1800 no Teatro Feydeau.

Médée , ópera em três atos (segunda versão) representou a 6 de novembro de 1802, em Viena.

Ou l'Amour Anacreon fugitif , ópera-balé em dois atos representados em 04 de outubro de 1803 no Grand Opera, em Paris.
Faniska , ópera em três actos representados no Kärntnertor teatro de Viena em 25 de fevereiro de 1805.

Pigmalião , o drama lírico representou a 30 de novembro de 1809, em Paris.

Le crescendo , de um ato ópera cômica representado no Grand Opera de Paris em 01 de setembro de 1810.

Les Abencérages ou l'Etendard de Granada , ópera em três actos representou a 6 de abril de 1813 no Grand Opera, em Paris.

Ali-Baba UO les Voleurs Quarante , ópera com um prólogo e quatro atos representados em 25 julho de 1833 no Grand Opera, em Paris.
















Gaspare Spontini

Gaspare Luigi Pacifico Spontini (14 de novembro de 1774 - 24 janeiro 1851) foi um compositor italiano de ópera e maestro, extremamente comemorado no seu tempo, embora em grande parte esquecido após sua morte. Nasceu em Maiolati na província de Ancona, passou a maior parte de sua carreira em Paris e Berlim, mas voltou ao seu lugar de nascimento, no final de sua vida. Durante as duas primeiras décadas do século 19, Spontini foi uma figura importante na ópera francesa.





Com mais de 20 óperas, Spontini se esforçou para adaptar-se ao clássico' tragédie lyrique'  ao gosto contemporâneo para o melodrama, por um mais grandioso espetáculo (em Fernand Cortez, por exemplo), para enriquer o timbre orquestral, e para a invenção melódica aliada à expressividade idiomática das palavras. Sua obra-prima única e de grande sucesso foi La Vestale.




Quando jovem, Spontini estudou no Conservatório della Pietà de Turchini em Nápoles. Em 1803, foi para Paris, onde foi nomeado compositor da corte em 1805.




Escreveu com o incentivo de Imperatriz Joséphine em 1807,  La Vestale, sua obra mais conhecida, cuja estréia foi na Ópera de Paris onde se estabeleceu como um dos maiores compositores italianos de sua época. Seus contemporâneos Cherubini e Meyerbeer consideram a ópera uma obra-prima, e mais tarde os compositores como Berlioz e Wagner muito o admiraram.




Durante a Guerra Peninsular , Napoleão promoveu obras como Gasparo e Fernand Cortez (1809), que dizia respeito à conquista espanhola no México sob o reinado de Carlos V.  e depois a ópera Olimpie (1819, revista em 1820, 1826) que encontrou uma indiferença, levando-o a sair de Paris para a Prússia, onde se tornou mestre de capela e maestro chefe do Berlim Hofoper. Lá, ele mostrou hostilidade contra o jovem Mendelssohn.




Durante o século 20, óperas Spontini foram apenas raramente realizado, apesar de muitos tiveram seus revivals primeiro em anos. Talvez o mais famoso de produção moderno era o renascimento de La Vestale com Maria Callas em La Scala , na abertura da temporada de 1954, para marcar o aniversário de 180 de nascimento do compositor.

O diretor artístico era famoso diretor de cinema Luchino Visconti . Que a produção também foi o La Scala de estréia tenor Franco Corelli . Callas gravou a árias "Tu che Invoco" e "O Nume tutelar" de La Vestale em 1955 (como fez Rosa Ponselle em 1926). Em 1969, o maestro Fernando Previtali reviveu a ópera, com a soprano Leyla Gencer e barítono Renato Bruson . (Uma gravação não oficial está em circulação.) Em 1993, o maestro Riccardo Muti gravou com um elenco de cantores menos conhecidos.





Outros reavivamentos de Spontini incluiu Agnes von Hohenstaufen no Maggio Musicale festival em Florença, em 1954, estrelado por Franco Corelli e conduzida por Vittorio Gui , e em Roma, em 1970, com Montserrat Caballé e Stella Antonietta, conduzida por Riccardo Muti. Fernand Cortez foi reavivado em 1951, com Renata Tebaldi, no San Carlo de Nápoles, conduzido por Gabriele Santini. A estréia da versão integral da obra teve lugar no  Erfurt Ópera(Alemanha 2006, na condução de Jean-Paul Penin).




Suas óperas:


1-La Vestale


La Vestale ( A Virgem Vestal ) é uma ópera composta por Gaspare Spontini para um libreto francês feito por Étienne de Jouy. Foi a primeira realizada no Ópera de Paris, em 15 de dezembro de 1807, e é considerada a obra-prima Spontini.  O estilo musical mostra a influência de Gluck e influenciou as obras de Berlioz, Wagner e francês Grand Opera . [ 2 ]



Spontini terminou La Vestale no verão de 1805, mas enfrentou a oposição dos principais membros do Opéra e a rivalidade de compositores companheiros. A estreia foi possível com a ajuda do mecenas de Spontini, a imperatriz Josefina, mas só depois de ser reorganizada por Jean-Baptiste Rey e Louis-Luc Loiseau de Persuis.  La Vestale foi um enorme sucesso, desfrutando de mais de 200 performances de 1830.

Sua fama logo se espalhou no exterior, que apareceu pela primeira vez no palco italiano em Nápoles, em 1811, e foi apresentada em Estocolmo, em 1823. Alguns revivals importantes do século 20 incluem a produção de 1954 no La Scala com Maria Callas no papel-título, que foi a primeira ópera de encenação do famoso cineasta Luchino Visconti.  La Vestale é famosa em termos históricos, mas é apenas muito raramente executada. Duas de suas árias (traduzidas para o italiano e gravadas por Maria Callas e Ponselle Rosa ), "Tu che Invoco" e "O Nume tutelar", são mais conhecidas do que o trabalho como um todo.



Personagens:
Licínio, Roman geral tenor
Cinna, chefe de uma legião tenor
Sumo Sacerdote baixo
Julia, jovem vestal soprano
A Vestal Grande meio-soprano
Chefe das Aruspices baixo
Um cônsul




Sinopse

Local: Roma
Cerca de 269 aC

Ato 1
Retornando a Roma depois de uma campanha vitoriosa, Licínio encontra sua amada Julia que se tornou uma sacerdotisa da Vesta. Embora Julia tente evitar o triunfo de Licínio, ela é delegada a presenteá-lo com uma coroa de flores. Ele lhe diz que pretende sequestr´-la e reclama por ela.




Ato 2
No templo de Vesta, Julia guarda a chama eterna e reza para ser libertada da tentação. Licínio chega, e durante a sua reconciliação arrebatadora, a chama expira. Licínio é aconselhado por Cinna a fugir. Julia é interrogado pelo Sumo Sacerdote, mas se recusa a nomear Licínio. Ela é condenada à morte por licenciosidade.




Ato 3
Apesar dos apelos de Licínio, Julia deverá ser enterrada viva, mesmo quando ele admitiu a sua intrusão no Templo, Julia continuou afirmando não reconhecê-lo. A tempestade se segue, durante a qual um raio reacende a chama sagrada. Reconhecendo isso como um sinal dos Deuses, o sumo sacerdote e a sacerdotisa Vestal liberam Julia, para se casar com Licínio.



















2-Fernand Cortez

Gaspare Spontini

Fernand Cortez, ou la Conquête du Mexique ( Hernán Cortés, ou da conquista do México ) é uma ópera em três atos de Gaspare Spontini com um libreto francês de Etienne de Jouy e Joseph-Alphonse d'Esmenard. Foi realizada pela primeira vez em 28 de novembro de 1809 pelo Impériale Académie de Musique ( Paris Opera ) no Montansier Salle.




A ópera foi originalmente concebida como política de propaganda para apoiar o imperador Napoleão da invasão da Espanha em 1808. Cortez simboliza Napoleão enquanto os sacerdotes sanguinários astecas são feitos para representar a Inquisição espanhola. O próprio imperador disse ter sugerido o tema da ópera para Spontini e a estréia foi realizada em sua presença. A popularidade da peça diminuiu com o declínio do exército francês na Espanha.




A estréia em 1809 ficou famoso por seus efeitos espetaculares, incluindo a aparição de 17 cavalos vivos no palco. Os críticos reclamaram da harmonia e da sonoridade da música. A riqueza da encenação, o uso extensivo da dança e do tratamento de um sujeito histórico tornar o trabalho de Spontini como o precursor da Grand Opera francesa. Foi muito admirado por Hector Berlioz.




Spontini substancialmente revisou a ópera para um renascimento em Paris em 28 de maio de 1817. Duas novas revisões foram feitas para performances em Berlim em 1824 e 1832.



Personagens:


Fernand Cortez tenor
Amazily soprano
Télasco tenor
Alvaro tenor
Sumo sacerdote baixo
Moralez baixo





Sinopse

Isto é baseado na versão original de 1809.

Ato 1
A ópera é baseada na história do espanhol conquistador, Hernán Cortés, e sua invasão aos  Aztecos no México. No início da ópera, Cortez convence suas tropas amotinadas não embarcar para casa. Seu irmão, Álvaro, é um prisioneiro dos astecas e Cortez também está no amor com a princesa asteca, Amazily. O irmão de Amazily, o Télasco, chega e diz que os espanhóis vão deixar o México. Cortez responde ateando fogo a seus próprios navios.





Ato 2
O avanço dos espanhóis no templo asteca tem Télasco como seu prisioneiro. Eles conseguem libertar Alvaro. Télasco acusa sua irmã Amazily de ser uma traidora e os astecas ameaçam decapit´-la se Alvaro não for devolvido a eles. Amazily decide sacrificar-se e entrega-se para os astecas. Cortez dá ordens a seus homens para atacar o templo.




Ato 3
No templo, os sacerdotes se preparam para sacrificar Alvaro quando Amazily chega. Um oráculo do deus anuncia que quer o sangue de seus inimigos. A notícia chega que o imperador asteca Montezuma foi capturado pelos espanhóis. O sumo sacerdote decide ir em frente com o sacrifício de Amazily. Os espanhóis chegam a tempo de salvá-la. Amazily e Cortez se unem em casamento.









3- Olimpie

Gaspare Spontini

Olimpie (também escrito Olympie ) é uma ópera em três atos de Gaspare Spontini, com um libreto francês de Armand-Michel Dieulafoy e Brifaut Charles, baseado na peça de  mesmo nome de Voltaire (1761). Olimpie foi realizada pela primeira vez em 22 de dezembro de 1819 pela Paris Opéra na Montansier Salle .




A estréia parisiense de Olimpie foi um fracasso desde o público que achou o seu libreto muito antiquado até as observações dos críticos. Spontini revisou a ópera para  performances em Berlim com a ajuda de ETA Hoffmann, que forneceu uma tradução alemã do libreto. Esta versão foi encenada pela primeira vez na Königliches Opernhaus  em 14  de maio de 1821, onde foi um sucesso. Olimpie exige enormes forças orquestrais e efeitos espetaculares. No final da versão de Berlim, Cassandre monta um elefante vivo. Assim, como Fernand Cortez, o trabalho antecipa o que mais tarde será a Grand Opera francesa.


Königliches Opernhaus


Personagens:

Olimpie, filha de Alexandre, o Grande soprano
Statira, viúva de Alexandre, o Grande soprano
Cassandre, filho do rei da Macedónia tenor
Antígona, em geral de Alexandre, rei da Grécia baixo
Hermas, confidente de Antígona baixo
Hiérofante sumo sacerdote baixo


Efeso




Sinopse

Local: Éfeso
Época: Logo após a morte de Alexandre, o Grande

Ato 1
Antígona, o rei da Grécia, e Cassandre, rei da Macedônia, estão implicados no assassinato de Alexandre. Eles também têm estado em guerra um com o outro, mas agora estão  prontos para ser reconciliados. No entanto, um novo obstáculo surge para a paz na forma de uma escrava Aménais, com quem ambos os reis estão apaixonados. Na realidade, Aménais é filha de Alexandre, o Grande, disfarçada sob o nome de Olimpie. Statira, viúva de Alexandre e mãe de Olimpie, também assumiu o disfarce como a  sacerdotisa Arzane . Ela rejeita a proposta de casamento entre Aménais e Cassandre, acusando este último do assassinato de Alexandre.


Alexandre o Grande

Ato 2
Statira e Olimpie revelam suas verdadeiras identidades para Cassandre. Olimpie defende acusações de Statira contra Cassandre, alegando que uma vez ele salvou sua vida.  Statira não está convencida e ainda está com a intenção de vingança com a ajuda de Antígona e seu exército.


Ato 3
Olimpie está dividida entre seu amor por Cassandre e seu dever para com sua mãe. As tropas de Cassandre e Antígona se confrontam e Antígona é mortalmente ferido. Antes de morrer, ele confessa que foi o responsável pela morte de Alexandre, e não Cassandre. Cassandre e Olimpie agora estão livres para se casar.






Agora, o próximo post.



Levic