segunda-feira, 5 de abril de 2010

23-O domínio dos italianos-Rossini 1




Pesaro, cidade natal de Rossini




Gioacchino Rossini (1792-1868) desde jovem foi respeitado como um grande compositor. Não poderia ser diferente, pois em apenas dezesseis meses escreveu sete óperas, seis  delas cômicas. É reconhecido como um compositor ousado, fundindo expressão lírica e recursos dramáticos com a melodia límpida e harmonia rica.

Ele tinha o dom invulgar para a melodia e uma aptidão especial para os efeitos cênicos. Estas qualidades garantiram-lhe o sucesso, que foi bastante precoce. Sua primeira ópera, “La  cambiale di matrimonio” compôs quando tinha 18 anos e até aos 30 anos compôs 32 óperas, duas oratórias, doze cantatas, duas sinfonias e algumas outras obras instrumentais.


Seu grande sucesso de público veio logo, aos 21 anos, com a montagem, em Veneza, de Tancredo, uma das óperas "sérias" deste que foi um mestre das composições cômicas. Ao lado de O barbeiro de Sevilha, obras como Cenerentola e La gazza ladra, que também exibem a inegável verve e o domínio de Rossini no gênero, acabaram ofuscando a parte mais sóbria de seu trabalho. As óperas Otello e Semiramide, por exemplo, hoje estão praticamente esquecidas.

Em 1824, o compositor visitou Beethoven em Viena e este recomendou-lhe que esquecesse o repertório mais sóbrio e escrevesse outras óperas parecidas com a então já célebre O barbeiro de Sevilha. "Para a ópera séria, seu talento não presta", opinou Beethoven, segundo a 'lenda'.


Ao contrário da maioria dos compositores românticos, Rossini conseguiu ganhar um bom dinheiro com sua música. Com freqüência, escrevia óperas sob encomenda. Entre outros contratos, trabalhou para o Scala de Milão, para a Ópera Italiana, para a Ópera de Viena e a Ópera de Nápoles. Nesse período, em oito anos de trabalho, chegou a compor nada menos de vinte obras líricas. Dizia-se, na época, que existia uma "febre rossiniana" na Europa. O escritor Stendhal comparava-o a Napoleão. Um conquistara a Europa com canhões e o outro, com a música.


Aos 31 anos, Rossini mudou-se para a França, onde assinou um polpudo contrato com a Academia de Música de Paris, sob patrocínio do próprio rei, que o nomeou "primeiro compositor real" e "inspetor geral de canto". Repentinamente, aos 37 anos, anunciou que se aposentaria e deixou de compor. Era julho de 1830. Uma revolução fazia Rossini retornar para a Itália, abandonando Paris e a música.

Em 1822, Rossini casou-se com a famosa soprano espanhola Isabella Colbran, e voltou com ela para Bolonha. Antes disso, conseguiu uma façanha: acabou com as aberturas tradicionais dos espetáculos de ópera, muito longas e distantes da trama. Devido ao enorme sucesso de Semiramis, foi convidado para se deslocar a Londres.


                                                              Isabella Colbran

Em 1823, aceitou um vantajoso contrato permanente com a Ópera de Paris, onde passou a residir e chegou a exercer altas funções honoríficas, sendo entusiasticamente festejado. Compôs Guilherme Tell, a mais bela e mais completa manifestação do gênio de Rossini. Recebeu do rei da França os cargos de primeiro compositor do rei, e inspetor-geral de canto.

Em 1829 ele compôs a ópera Guilherme Tell, sua obra-prima. Nessa obra ele modificou profundamente seu estilo. O estudo da obra de Beethoven o levou a uma concepção mais ampla e mais séria da harmonia teatral e ele se apresenta então com o novo gosto pelas orquestrações complexas.

Mas depois da revolução de julho de 1830 e dos primeiros sucessos de Meyerbeer, Rossini abandonou a capital francesa e a composição de óperas. Estava muito doente. A beira de um colapso nervoso, voltou para Bolonha. Só escreveu em 1832, um Stabat Mater, música que encontra até hoje admiradores, e uma missa que é bastante melhor.

Em 1845, ficou viúvo. Um ano após a morte da soprano Isabella Colbran, sua primeira esposa, Rossini casou-se com Olympe Pélissier, que organizaria, na casa do marido (já de volta a Paris), célebres reuniões com a elite cultural e intelectual francesa. Rossini e Olympe ficaram juntos até a morte. Perto do final da vida, Rossini voltaria a compor algumas peças para voz e piano. Mas, a essa altura, sua contribuição para a música já estava devidamente consolidada.


                                                             Olympe Pélissier

Entre as melhores óperas sérias estão "Tancredi", "Otello" e "La Donna del Lago". Porém, a ópera cômica era um campo onde Rossini se movia com especial desembaraço, e muitas  das suas obras neste gênero conservam ainda hoje toda a sua frescura, sendo frequentemente representadas. Entre as mais importantes podemos citar "La scala di seta",  "L’italiana in Algieri", "La cenerentola", "La Gaza Ladra" e o seu maior sucesso, "Il Barbiere di Siviglia".


Mas a carreira de Rossini também experimentou algumas ondulações. Depois da brilhante etapa de estreias, produziu composições para Milão que desagradaram os críticos. Para  dirigir o teatro São Carlos ele tinha que compor dramas, mas conseguiu permissão para escrever sob encomenda. A partir de 1815 compôs durante oito anos nada menos que vinte óperas.

Rossini dominou o panorama da ópera italiana durante toda a metade do século XIX e, na maioria das suas obras, o compositor realçou a convicção italiana de que a ópera é a mais  alta manifestação de uma arte requintada de canto, cujo propósito consiste em agradar e comover o ouvinte, ideal que se contrapõe à concepção de ópera que vigorava na França  e na Alemanha.




Viveu os últimos 40 anos de vida quase ociosamente. Como um príncipe, desfrutava da fortuna que amealhara no período de maior atividade. Nessa época, se tornariam célebres os banquetes que oferecia aos amigos, sempre regados a uma boa champanhe, pratos sofisticados e frases espirituosas, outra das marcas registradas de Rossini.

"Rossini embora jamais perdesse sua afinidade nem a notável habilidade para o piano, entretanto, considerava-se um instrumentista de “ quarta classe “. Com a graça irreprimível que o dominava compôs , a partir de 1857,uma série de peças cômicas para esse instrumento que ele gostava de executar em seus saraus, com grandes momices para avivar a execução.

Deu a essas peças títulos engraçados como “Prelúdio Inofensivo”, “Espécime do Antigo Regime”, “Minha Pequena Toalete Matinal”, “Tristeza Aguda dos Herdeiros “, etc, e as reuniu num álbum intitulado “ Péchés de Viellesse ” ( Pecados da Velhice). Essa peças cheias de vivacidade e sobretudo alegres, refletem o espirito descontraído e irreverente de Rossini." (extraido de Brincadeiras de Rossini
Por Aristides A. J. Makowich).  http://www.projetomusical.com.br/curiosidades/index.php?pg=curiosid_14












Esta fase de Rossini era completamente desconhecida para mim e por isso incluí esses vídeos que não óperas.

Quando morreu, em 13 de novembro de 1868, deixou uma fortuna em seu testamento. Como não tivera filhos, grande parte do dinheiro foi destinada, por vontade expressa dele, à fundação da Villa Rossini, instituição beneficente que passou a abrigar músicos aposentados e sem recursos financeiros. A herança também serviu para a criação da Fundação Rossini, em Pesaro, sua cidade natal, entidade que até hoje detém a guarda de seu acervo musical. Por fim, no testamento, Rossini instituiu um prêmio anual, destinado a incentivar a carreira de compositores na França.



Ler http://musicaclassica.folha.com.br/cds/08/biografia.html




A ópera mais conhecida é "O Barbeiro de Sevilha". Vamos a ela. O primeiro vídeo é a sua Abertura.



"Largo al factotum" com o estupendo barítono John Rawnsley da opera Barbeiro...


https://www.youtube.com/watch?v=Dq_0wPYFp9A


"Una voce poco fa" com Cecilia Bartoli do "Barbeiro de Sevilha".



Sestetto (Finale Atto Primo) do Barbeiro de Sevilha.
http://www.youtube.com/watch?v=qTLImwochUQ 






Abaixo um vídeo ótimo.
http://www.youtube.com/watch?v=YHjN-ArZMVk 

Agora é a Abertura de "Guilherme Tell".

http://www.youtube.com/watch?v=WwszD9ro844 

Uma outra apresentação da abertura:
http://www.youtube.com/watch?v=mfbn6yXQvjE 

A abertura da "La Gazza ladra"
http://www.youtube.com/watch?v=QUj0TnFeXzs 

Curiosidade:

 "Cruda sorte !..." (L'Italiana in Algeri)



Depois destes trechinhos das óperas, acho que já podemos explorar mais o conteudo destes seus trabalhos. Rossini fez 39 óperas.

Lista das ÓPERAS DE ROSSINI.(Clicar)




Felizmente, o desdém preconceituoso ao compositor italiano Rossini,  vem sendo desfeito e hoje é reconhecido como o grande pai da ópera italiana do século XIX. Um dos primeiros a perceber o abismo criado entre a lenda do desleixado Rossini e sua genialidade, foi o compositor alemão Richard Wagner (1813-1883), tendo estudado sua música com profundo interesse. No seu belo tributo póstumo (Eine Erinnerung an Rossini, 1868), Wagner declarou que Rossini foi tão importante e essencial para sua época quanto os compositores Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-1594), Johann Sebastian Bach (1685-1750) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) foram para a deles.

Hoje, graças às pesquisas de Osborne e um grande número de maestros e cantores, suas obras vêm sendo difundidas nas mais possíveis partituras originais, do sentido mais correto de sua execução. Viva Rossini!


                               

Recomendo a leitura deste blog: Miscelánea Operística
http://miscelaneaoperistica.blogspot.com.br/2012_06_01_archive.html

Nas postagens seguintes, exploraremos cada ópera de Rossini.


Reservamos algumas postagens para as maravilhosas óperas de Rossini. Vamos lá?

Levic

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