sábado, 21 de novembro de 2009

4.2-A era barroca-ITA-A.Scarlatti-Stradella







A ópera séria, cujo fundador foi Alessandro Scarlatti (1659 – 1725) e pai de Giuseppe Domenico Scarlatti, músico muito mais conhecido por fazer obras lindas para o cravo e pai também de Pietro Filippo Scarlatti, também músico. Suas óperas se apresentavam muito elaboradas com várias cenas diferentes, sem se importar muito com o efeito dramático, e a estas cenas se somavam grandes coros.


Scarlatti
escreveu mais de 115 óperas (existe contradição), sendo que as mais destacadas foram L'honesta negli amori (1680) Il Pompeo (1683) Mitridate Eupatore (1707) Tigrane (1715) Il trionfo dell'onore (1718) Griselda (1721). Outras informações falam de 65 óperas, mas a maior parte está perdida. (Ver relação de suas óperas aqui)

A música de Alessandro Scarlatti é um elo importante entre os estilos vocais do início do barroco italiano do século XVII, cujo centro foram as cidades de Florença, Veneza e Roma, e a escola clássica cujo apogeu se dá nas obras, mais tarde, de Mozart (1756-1791).

Alessandro Scarlatti nasceu em Palermo, então parte do Reino da Sicília. Geralmente é dito que ele foi um aluno de Giacomo Carissimi em Roma, mas não há razão para supor que tivesse alguma ligação com o norte da Itália, pois desde seus primeiros trabalhos mostram a influência de Stradella e Giovanni Legrenzi. A produção em Roma, de sua ópera Gli Equivoci nell sembiante (1679) granjeou-lhe a proteção da rainha Cristina da Suécia (que na época estava morando em Roma), e ele se tornou seu maestro di cappella.

Suas primeiras óperas ( Gli Equivoci nel sembiante, 1679;
L'honesta negli amori, 1680, contendo a famosa ária "Già il sole dal Gange";
 Il Pompeo de 1683, contendo as conhecidas árias "O cessate di piagarmi" e " Toglietemi la vita ancor ",
 e outras por volta de1685) mantêm as antigas cadências com seus recitativos, e uma variedade considerável de formas perfeitamente construídas em suas encantadoras árias, às vezes acompanhadas pelo quarteto de cordas, tratadas com cuidadosa elaboração, e às vezes com o continuo sozinho.

Dentre as obras de sucesso de Scarlatti merecem destaque as óperas Carlo, Re d'Allemagna (1716), Telemaco (1718) e La Griselda (1721). Além das óperas, Alessandro Scarlatti também ficou famoso por suas cantatas de câmara. Foi pai de dois outros compositores, Domenico Scarlatti (1685-1757) e Pietro Filippo Scarlatti (1679-1750), e irmão mais velho de Francesco Scarlatti (1666-1741), também compositor, ainda que de menor expressão em comparação com Alessandro e Domenico.

As óperas de Alessandro Scarlatti são dotadas de alto nível musical e influenciaram compositores dos mais variados países. Do ponto de vista da ação dramática, porém, ficam a dever para as composições de autores que o sucederam, como Händel, Hasse e Vivaldi. As aberturas das óperas de Alessandro Scarlatti, chamadas sinfonias, consistiam geralmente de três movimentos: rápido, lento e rápido. Essa forma se tornou de grande importância na criação posterior da sinfonia clássica para orquestra.

Por volta de 1686 tinha estabelecido definitivamente a forma de "overture italiana" (segunda edição do Dal  il bene ), e tinha abandonado o baixo do solo e da ária de forma binária em duas estrofes em favor da forma ternária ou tipo de ária da capo.






"L'honesta negli amori" é um dramma per musica em três atos do compositor Alessandro Scarlatti, escrita em 1679-1680, quando Scarlatti tinha 19 anos, sendo a sua segunda ópera. A ópera usa um libretto em idioma italiano que foi escrito ou por DF Bernini ou por Filippo Domenico Contini. O trabalho estreou no Teatro di Palazzo Bernini em Roma em 03 de fevereiro de 1680.
Ária da ópera "Il Sole Gia dal Gange", como foi gravada por Luciano Pavarotti e outros, conseguiu alguma popularidade.

A bonita ária Il Sole Gia dal Gange, da ópera L’Honestà negli Amori, algumas interpretações:








"Il Pompeo" é um dramma per musica em três atos do compositor Alessandro Scarlatti. Escrito em 1682, quando Scarlatti tinha 22 anos, foi a sua quarta ópera e primeira obra dramática sobre um assunto sério e grandioso. A ópera tem o libretto feito por Nicolò Minato que anteriormente tinha sido utilizado por Francesco Cavalli para a ópera Pompeo Magno, de 1666. O trabalho estreou no Teatro di Palazzo Colonna em Roma em 25 de janeiro de 1683.


Personagens:
Pompeo tenor
Giulio Cesare baixo
Giulia, filha de Giulio Cesare contralto
Scipione Servilio, amado por Giulia soprano
Mitridate tenor
Issicratea, esposa de Mitridate soprano
Sesto, filho de Pompeo alto castrato
Claudio, filho de Giulio Cesare soprano
Harpalia, escravo do Issicratea soprano ou tenor
Farnace, filho de Mitridate soprano castrato










Em 1697 com a obra La Caduta del Decemviri, talvez parcialmente influenciada pelo estilo de Giovanni Bononcini e provavelmente mais moldada ao gosto da corte do Vice-Rei, suas árias se tornaram mais convencionais e mais ritmicamente comuns, ao mesmo tempo que sua orquestração passou a ser mais apressada, embora não sem brilhantismo como em Eracles (1700).

La Caduta del Decemviri, se define com uma história popular extraída da história romana. A fonte é Tito Lívio, no qual ele conta a história de uma menina plebéia assassinada por seu pai para impedi-la de ser seqüestrada pelo decênviro Appius Claudius . O incidente causou um levante popular entre os romanos, que simpatizaram com a menina e sua situação. O libreto original foi escrito por Silvio Stampiglia, e definido por Alessandro Scarlatti em 1697.




O drama de Stampiglia contém duas tramas secundárias, uma das quais é um romance entre Claudia, irmã de Appio, e Lucio, o pai de Virgínia. A outra é uma série de cenas cômicas entre Servilia e Flacco. Esses personagens buffos são transformados em personagens ativos no drama central durante Ato II, jogando a acusação e a defesa em um julgamento projetado para ter Virginia sendo entregue a Appio como uma escrava.

Suas cenas cômicas diretamente comentam sobre a ação do drama sério. Quando Virginia faz uma recuperação milagrosa, Servilia faz comenta ironicamente. Quando Appio tenta fugir de Roma sob disfarce, assombrado por sua culpa, uma cena paralela de quadrinhos se segue, em que Flacco está vestido como uma mulher velha, e tenta disfarçar sua voz com a gagueira.

O conto de Stampiglia, um aviso elaborado contra o abuso de poder dos governantes tirânicos, foi dedicado à esposa do vice-rei de Nápoles. Na época, o vice-rei Don Luigi de la Cerda estava tendo um caso desastroso com uma cantora popular, e humilhantemente sua esposa teve de aceitar esta amante na sua família, num estatuto na corte. Em vez de acatar as advertências de Stampiglia, o vice-rei confiscou o teatro onde a ópera estava sendo realizada, e exerceu controle sobre todas as produções futuras.




Scarlatti também passou a usar com freqüência os oboés e os trompetes com os violinos tocando em uníssono. As óperas compostas nessa época para corte dos Medici foram perdidas. Essas obras poderiam ter dado uma ideia mais favorável de seu estilo da época, já que sua correspondência com o príncipe mostra que foram criadas com um sincero senso de inspiração.







A ópera Mitridate Eupatore, considerada sua obra prima, composta em 1707, contém música muito à frente de qualquer coisa que Scarlatti tenha escrito para Nápoles, tanto técnica como intelectualmente falando.

Mitridate Eupatore ( Mithridates Eupator ) é uma ópera séria em cinco atos com um libretto de Girolamo Roberti Frigimelica. Foi realizada pela primeira vez no Teatro San Giovanni Grisostomo , Veneza em 05 de janeiro de 1707. Vista como um fracasso na sua estreia, Mitridate Eupatore é agora considerada uma das melhores de óperas de Scarlatti.








As últimas óperas napolitanas (L'Amor Volubile e Tiranno (1700), La Principessa Fedele (1712), Tigrane (1715)) são pomposas e eficientes ao invés de profundamente emocionais. A orquestração revela grande avanço em relação aos trabalhos anteriores já que o principal acompanhamento da voz é deixado a cargo do quarteto de cordas. O cravo é reservado exclusivamente para os ruidosos ritornelli. Vale notar que Scarlatti criou o ritornello orquestral em sua ópera Teodora, de 1697.










A ópera "La donna ancora è fedele" na interpretação da ária "Son tutta duolo", com o tenor Tito Schipa, vale a pena ver.







Seu último conjunto de óperas, composto para Roma, mostra um profundo sentimento poético, um estilo amplo e nobre, um forte senso dramático, especialmente nos recitativos acompanhados, um recurso que ele próprio foi o primeiro a utilizar já em 1686 (Olimpia Vendicata) e um estilo de orquestração muito mais moderno, com as trompas aparecendo pela primeira vez e sendo tratadas de modo a produzir um efeito eletrizante.

Além das óperas, ele compôs oratórios e mais de 500 cantatas e serenatas. Também compôs missas e outras músicas sacras, como a grande Missa de Santa Cecília.






Vamos falar um pouco da ópera Griselda.

Griselda é um opera séria do compositor italiano Alessandro Scarlatti, e o seu último trabalho para o palco.
O libretto é de Apostolo Zeno , baseado na história Decameron de Giovanni Boccaccio (esta história foi muitas vezes adaptada para ópera, inclusive por Albinoni e Vivaldi e em peças teatrais como em filmes). Griselda vem ser também uma ópera de Giovanni Bononcini cuja estreia foi em 1722.

Griselda estreou em 1721, no Teatro Capranica, em Roma, com um elenco inteiramente masculino (cinco castratti e um tenor). Veja o vídeo abaixo:














Carlo Re d'Alemagna, ópera en 3 atos criada para Nápoles em 26 janeiro de 1716 , com libreto de Francesco Silvani

Personagens:
Romina Basso, contralto : Le Roi Lotario
Roberta Invernizzi, soprano : Giuditta
Marina de Liso, mezzo-soprano : Princesse Gildippe
Marianne Beate Kielland, mezzo-soprano : Prince Adalgiso
Carlo Allemano, ténor : Berardo
Josè Maria Lo Monaco, mezzo-soprano : Asprando
Damiana Pinti, alto : Armilla
Roberto Abbondanza, basse : Bleso

Carlo Re d'Alemagna uma das últimas óperas de Alessandro Scarlatti, estreada no Teatro San Bartolomeo de Nápoles, onde Scarlatti, em 1708, reassume seu antigo posto ao lado do Vice-Rei.
Na época, os dois cantores maiaas célebres da Europa participaram de sua ópera, que foram: a soprano Margherita Durastanti (Giuditta) e o  castrato Senesino.

Carlo Re d'Alemagna é um exemplo típico da ópera baroca napolitana. Os conflitos interiores e exteriores dos personagens são aprofundados dentro das árias, em reação à ação confiada aos recitativos. É a posição do personagem dentro da hierarquia social que define o tipo de sua personalidade e não como mais tarde, com Mozart por exemplo, a personalidade que define o personagem.
Esta ópera trata da ascenção ao poder e de seu exercício, umaa problemática sempre atual. Aqui se trata do poder da realeza e a incerteza da legitimidade de Carlo como sucessor do rei morto.

As intrigas paralelas notadamente a história de amor entre Gildippe et Adalgiso ou bem a ligação entre Armilla et Bleso que dão à ópera um toque cômico, que com efeito é do gosto napolitano.





Ópera completa:
https://www.youtube.com/watch?v=1Z8FK2y82fA


Alguns esclarecimentos necessários à obra de Alessandro Scarlatti:

O bel canto é um estilo de canto, aplicado à temática das óperas, e que se traduz pelo refinamento e intensidade da expressão melódica, ou seja, a melodia é tão bela e intensa que ela entra na memória com facilidade.Seu auge foi no século no início do séc. XIX, presente na ópera italiana, que se caracterizava pelo virtuosismo e os adornos vocais que demonstrava o solista em sua representação.

Este recurso nasceu junto a uma ópera menos dramática (do estilo de Monteverdi) e mais lírica, e é atribuída a Alessandro Scarlatti (1659-1725). Daí vem a expressão 'música lírica' para designar canto ou mesmo a própria ópera.

Seu trabalho foi fundamental para o desenvolvimento da ópera séria e da ópera bufa (ópera cômica) do seu tempo. Ele é considerado o pai da escola napolitana de ópera, a qual contou, mais tarde, com membros como Leonardo Leo, Leonardo Vinci (o músico), Giovanni Pergolesi e Johann Adolfo Hasse, entre outros.

Então, a ópera bufa era de caráter ligeiro e burlesco. Mantinha grande parte do efeito dramático, mas freqüentemente se convertia em vulgar e comum. O diálogo se mantinha por meio de recitativos, problema mais tarde resolvido com a introdução de árias, duetos e corais. Esse estilo de ópera se tornou muito popular em Nápoles, que dava aos cantores maiores oportunidades para exibir suas técnicas vocais.

Com a conquista do povo, o libreto deixa de incluir a mitologia e dá lugar à História, com personagens mais reais. Até o final do século foram fundados mais de 15 teatros, os quais recebiam o nome pela igreja mais próxima, como o Teatro São Cassiano, em 1637, que foi o primeiro teatro de que se tem conhecimento.

A monarquia decidiu abrir a ópera a todas as classes sociais, mas na verdade isso só aconteceu, na prática, durante o carnaval de 1637, no Teatro de San Cassiano, de Veneza, com Andrômeda, de Francesco Manelli (1595-1667).



A partir daí, o ingresso passou a ser pago, a ópera virou um empreendimento comercial e os artistas ganharam prestígio e fama. Como as mulheres eram proibidas de cantar nas igrejas (até alguns instrumentos, como o violoncelo, eram considerados impudicos devido a suas curvas sensuais, e pela posição do instrumento para ser tocado), a ópera introduziu rapazes de voz feminina ( os famosos castrati, que ainda na infância eram castrados para sua voz permanecer fina como a do soprano, mas fortalecida com o vigor masculino).

Esse sacrifício em louvor à arte, hoje completamemte proibido, levou muitas famílias pobres a se enriquecerem às custas de um filho, que quase sempre não fazia essa escolha. Esse particular abriu uma margem para bem mais tarde promover o canto feminino. Um filme que ilustra muito bem a vida de um castrato foi dedicado a Farinelli (cujo nome verdadeiro era Carlo Broschi, um jovem cantor do Século XVIII, tempo do grande compositor Handel, que adorava este tipo de voz).

Até então, as sopranos eram substituídas por homens com voz de mulher. Os  “castrati”, artistas com bastante qualidade vocal, cuja técnica de castração foi admitida pela Igreja Católica por quase 400 anos, de 1539 a 1922 ( 1922!).

“Farinelli Castrati
” é um maravilhoso filme, do ano de 1994, que mostra bem esta situação vivida pelos meninos que, antes de mudar a voz na adolescência, eram castrados para continuar com a voz adequada ao timbre das sopranos.

Um trechinho do filme pode ser visualizado aqui, na voz dublada de Cecilia Bartolli, cantando a pungente ária de Rinaldo, ópera de Häendel, "Lascia ch'io pianga"(deixe-me chorar).




Então, esse grande inovador que foi Scarlatti, fez com que a melodia adquirisse maior fluência e graça, e as árias tomassem uma forma definida de recitativo e ária. Scarlatti passou a usar também a forma de Abertura, que vem a ser a parte inicial orquestrada com trechos encadeados de todas cenas e árias da ópera.




Uma outra ópera de Scarlatti: Il trionfo dell'onore ( The Triumph of Honour ) é uma ópera "commedia" em três atos com libreto de Francesco Antonio Tullio. Foi realizada pela primeira vez no Teatro dei Fiorentini, Nápoles em 26 de novembro de 1718.







Resumindo: Scarlatti compôs cerca de 65 óperas (das quais algumas tem a paternidade em questionamento), escreveu 35 oratórios, a missa de Santa Cecília em 1720 e uma centena de motetes, alguns em estilo de Palestrina, a cappella, outras em estilo moderno, perto da estética das canções profanas, uma forma de arte muito popular na época.

Compôs mais de 600 cantatas, principalmente para voz solo soprano, contralto e baixo contínuo e 20 para duas vozes, e 70 obras para instrumentos. Neles Scarlatti introduziu uma série de procedimentos harmônicos, por vezes, ousados para a época. Sua produção de música instrumental abrange: 12 concertos, 7 sonatas para flauta e baixo e muitos para cravo e órgão.







Depois de cair no esquecimento, as composições de Alessandro Scarlatti tiveram um grande ressurgimento pelo interesse do público, já na época atual. É considerado o renovador da ópera napolitana.

Para finalizar, Alessandro Scarlatti foi um compositor de extraordinário talento criativo. Sua obra compreende nada menos que 115 óperas, 150 oratórios e mais de 500 cantatas, além de composições instrumentais. A música de Scarlatti forma um importante elo entre a música vocal do início do barroco italiano do século XVII, centrada em Florença, Veneza e Roma, e a escola clássica do século XVIII, que culmina em Haydn (1732-1809) e Mozart (1756-1791).

 Deixo o vídeo com Teresa Berganza.



E ainda um site para download do cd de Cecilia Batolli sobre músicas barrocas. Um show.
http://pqpbach.opensadorselvagem.org/cecilia-bartoli-arie-antiche-pecas-italianas-do-seculo-xviii/





Outro compositor italiano da era barroca destacado é Stradella.

Alessandro Stradella (1645-1681) empregou os métodos de Carissimi em todas as sua obras, mas a grande importância da Escola Napolitana se deve aos esforços de Scarlatti (1659) que amarra a parte teórica do contraponto à prática do bel canto.

O vídeo a seguir é uma peça de Stradella, apresentada no Castelo Schönbrunn, Viena, com Inessa Galante, interpretando "Pietà, Signore."




Como compositor italiano, Stradella foi um dos músicos mais talentosos do século 17. Stradella produziu algumas óperas de sucesso em Veneza, mas também atingiu tão grande reputação pela beleza de sua voz que um nobre veneziano, Alvise Contarini, contratou-o para instruir sua amante, Ortensia, no canto.



Stradella se apaixonou pela aluna, traíndo a confiança do nobre, fugindo com Ortensia em rumo a Roma, para onde o veneziano, indignado, enviou dois homens pagos para colocá-lo à morte.

Em sua chegada a Roma, os assassinos souberam que Stradella tinha acabado de completar um oratório, que iria ser apresentado no dia seguinte em S. Giovanni in Laterano. Aproveitando esta circunstância, eles determinaram que iriam matá-lo quando ele deixasse a igreja, mas a beleza da música afetou tão profundamente os supostos assassinos que seus corações não permitiram o intento, e no momento crítico, confessando a sua traição, suplicaram ao compositor para garantir a sua segurança, pretendendo sair de Roma imediatamente.

Diante desta ameaça, Stradella fugiu com Ortensia para Turim, onde, não obstante o favor mostrado a ele pelo regente do Savoy, foi atacado em uma noite por outro bando de assassinos, que, chefiados pelo pai de Ortensia, deixou-o sobre as muralhas, como morto. Através da conivência do embaixador francês, ele então conseguiu fazer a sua fuga. Entretanto, ao se recuperar de seus ferimentos, casou-se com Ortensia por consentimento do regente, e resolveu ir com ela para Gênova. Ele acreditava-se seguro, mas um ano depois, ele e Ortensia foram assassinados em sua casa por um terceiro, que era um assassino pago a soldo do veneziano implacável.

Esse amor de sua vida, inspirou um outro compositor, no século seguinte, Friedrich von Flotow a escrever uma ópera em sua homenagem. Alessandro Stradella é uma ópera romântica em três atos com um libreto de  Wilhelm Friedrich, estreada em 30 dezembro de 1844 no Stadttheater em Hamburgo e também um escritor americano F. Marion Crawford escreveu um romance, intitulado Stradella (Macmillan 1909).

Mais tarde, a pesquisa mostrou que Stradella era filho de Marc'antonio Cavaliere Stradella de Piacenza, que em 1642-1643 foi vice-marchese e governador de Vignola para o príncipe Boncompagni. Um irmão mais velho de Alessandro, Francesco, tornou-se membro da ordem agostiniana. Alessandro deve ter nascido por volta de 1645 ou anteriormente, provavelmente em Vignola, ou Monfestino, uma cidade na estrada de Modena para Pistoja, porque seu pai se aposentou após sua demissão, mas não há registros de seu nascimento em qualquer um desses lugares.

A primeira data certa em sua vida é 1672, ano em que compôs um prólogo para o desempenho da ópera "C' esti La Dori" em Roma, e pode-se concluir que ele passou um tempo considerável em Roma, desde que as suas cantatas e outras composições contém alusões a Roma e às famílias nobres romanas.

Documentos nos arquivos em Turim, relatam que em 1677, ele chegou com a amante de Alvise Contarini, Ortensia, com quem ele havia fugido de Veneza. Contarini exigiu que ambos fossem entregues a ele, ou que Stradella não pudesse ser autorizado a exercer a sua profissão enquanto que a senhora deveria ser colocada em um convento ou fazer a sua esposa legítima.

Stradella deve ter passado um certo tempo em Gênova, porque sua ópera Amor La Forza dell 'paterno, foi dada lá em 1678, e sua última composição, Il Barcheggio (a "Water Music"), foi realizada no 16 de junho de 1681 em honra do casamento de Carlo Spinola e Paola Brignole, que foi celebrado no dia 6 de julho do mesmo ano.

Documentos nos arquivos de Modena nos informam que em fevereiro de 1682, Stradella foi assassinado em Gênova por três irmãos do nome de Lomellini, cuja irmã ele tinha seduzido, em contradição com a outra versão.

É extremamente improvável que Stradella tivesse grande reputação como cantor, já que os grandes cantores italianos do século 17 eram quase exclusivamente castrati, mas ele pode muito bem ter sido um professor de canto, e neste aspecto parece ter instruído os alunos no cravo em Gênova. Ele é principalmente importante como compositor de óperas e cantatas-câmara, embora em comparação com seus contemporâneos a sua produção tivesse sido pequena.

Apesar de sua vida dissoluta, seu comando da técnica de composição foi notável, e seu dom de invenção melódica era quase igual ao de Alessandro Scarlatti, que em seus primeiros anos foi muito influenciado por Stradella.

São suas óperas:
Gli Equivoci nel Sembiante. Roma 1679.
Pirro e Demetrio (La forza della fedeltà). Nápoles 1694.
Il Mitridate Eupatore. Tragedia in musica. Venecia 1707.
Carlo d'Alemagna. Drama per musica. Teatro di S. Bartolomeo, Nápoles 1716.
Intermezzi fra Palandrana e Zamberlucco. Nápoles 1716.
Il trionfo dell'onore. Ópera cómica. Nápoles 1718.
Griselda. Roma 1721. Libretto de Apostolo Zeno.
Pompeo
La donna ancora è fedele

Suas melhores melhores óperas são "Il Floridoro " , também conhecida como "Il Moro per amore", e "Trespolo Il tutore", uma ópera cômica em três atos e mais a ópera cômica romana dignamente realizadas nas melhores tradições do florentino do século 17. Sua música de igreja é de menor importância, embora o oratório bem conhecido S. Giovanni Battista mostra a mesma habilidade na construção e na orquestração como nas óperas.




Uma serenata para vozes e duas orquestras, "Qual Prodigo ch'io, miri" , foi usada por Handel como base de vários números em Israel no Egito, e foi impressa pelo Chrysander (Leipzig, 1888), tendo o manuscrito, no entanto, anteriormente tido como de posse de Victor Schoelcher, e a partir do qual Chrysander fez sua cópia. Depois desapareceu totalmente.

A conhecida ária Pietà, signore, cantada para as palavras "Sé i miei Sospiri", não pode ser uma obra de Stradella, e há todos os motivos para supor que ela foi composta por Fétis, Niedermeyer ou Rossini.

A melhor coleção de obras de Stradella existente é a que está na Biblioteca Estense de Modena, que contém 148 manuscritos, incluindo quatro óperas, seis oratórios e várias outras composições de caráter semidramaticas. Uma coleção de Cantate uma sola voce foi legada pela família Contarini à biblioteca de São Marcos em Veneza, e alguns manuscritos também estão preservados em Nápoles e em Paris. Oito madrigais, três duetos, e uma sonata para dois violinos e baixo serão encontrados entre os MSS adicionais no Museu Britânico, cinco peças entre os MSS Harleian. e oito cantatas e um moteto entre aqueles na biblioteca em Christ Church, em Oxford. O Museu Fitzwilliam, em Cambridge possui um grande número de suas cantatas e duetos.


Da ópera "Il Floridoro " a ária Pietá Signore, em quatro interpretações.













"Il Moro per amore"








Alessandro Stradella (1644 - 1682) compôs suas melhores obras num tempo bem curto, pois morreu com 38 anos, deixando várias cantatas, várias óperas e a primeira peça apontada como um concerto grosso.

Stradella foi um compositor influente em seu tempo, embora sua fama tivesse sido eclipsada mais tarde por Corelli , Vivaldi e outros. Sua maior contribuição para a música é de ter criado o concerto grosso. Embora Corelli tivesse publicado pela primeira vez seu trabalho com este título ( Concerto Grosso Op. 6 ) Stradella usou claramente o formato anterior em um de seus Sonate di violados . Desde que os dois se conheciam, é provável que tenha sido uma influência direta.





Levic

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