Semeles (1744)
Libreto: Desconhecido, baseado no texto de William Congreve, feito em 1706, que por sua vez foi extraido das Metamorfoses de Ovídio, e com textos feitos por Alexander Pope e outras obras de Congreve. Este libreto de Congreve foi feito para a ópera de John Eccles de 1707, baseada no mito de Semele. Este mesmo libreto, em forma expandida, mais tarde (1744), serviu como base para a ópera de Handel que toma o mesmo título de Semele.
Primeira apresentação: 10 de fevereiro de 1744, no Covent Garden Theatre, em Londres.
Elenco:
Júpiter -tenor-John Beard
Cadmo, rei de Tebas -baixo-Henry Reinhold
Semele, filha de Cadmo, soprano- Elisabeth Duparc ("La Francesina")
Athamas, um príncipe da Beócia,contralto-Daniel Sullivan (contra-tenor)
Ino, irmã de Semele, meio-soprano-Esther Young
Somnus-baixo-Henry Reinhold
Apolo-tenor-John Beard
Juno-meio-soprano- Esther Young
Íris-soprano-Christina Maria Avoglio
Sumo sacerdote-baixo-Henry Reinhold
Coro de sacerdotes, áugures, amores, zéfiros, ninfas, cisnes e atendentes
A ópera Semele de John Eccles, cujo libreto foi feito pelo dramaturgo inglês William Congreve, com base na mitologia grega de Semele, foi escrita em 1707, mas nunca foi executada na vida de Eccles, e na verdade, pelo meu conhecimento, a obra não foi realizada até 22 de abril de 1972, quando foi dada em St John, Smith Square, em Londres. Houve um desempenho anterior da ópera que foi semi-encenada na sala de música Holywell em 04-6 junho de 1964 pela Oxford University Opera Club and Wadham Music Society, conduzida por John Byrt. Portanto, é bem possível que Handel não conhecesse a obra de Eccles.
Há também uma ópera Sémélé, sobre o mesmo tema e título, feita por Marin Marais, realizada pela primeira vez em 9 de abril de 1709 pela Ópera de Paris no Palais-Royal. A ópera se configura na forma de um "musique tragédie" com cinco atos e um prólogo, seguindo o rumo de seu orientador Jean-Baptiste Lully.
Na década dos anos de 1740, os oratórios de Handel, no Theatre Royal em Covent Garden, formaram a atividade de concerto principal em Londres. Vários deles - Israel no Egito (escrito 1738), Messias (1741) e Samson (1743), por exemplo, mostravam certas semelhanças com a tragédia grega, e isso levou Handel a se aventurar no mundo do teatro clássico, buscando o tema de Semele.
Embora o seu trabalho na ópera italiana tivesse encerrado com uma ópera final que foi Deidamia, encenada em 1741, e ele tendo voltado sua atenção, cada vez mais, para a nova forma dos oratórios, não quer dizer que toda sua veia musical enxarcada no lirismo tivesse se encerrado nas suas inspirações, principalmente sabendo o quanto ele plagiava de si mesmo. Então, deve-se supor que seu estilo tivesse bastante semelhança entre óperas e oratórios.
Na verdade, inicialmente os oratórios representaram obter algumas vantagens muito práticas, na linguagem, na falta da necessidade de espetáculo caro e no aumento do emprego de cantores nativos. Durante os anos seguintes, Handel continuou a desenvolver a forma de oratório, principalmente sobre temas bíblicos, mas com uma excursão ocasional no mitológico. Foi o que aconteceu com a obra Semele.
Para compô-la, ele usou o libreto de William Congreve feito em 1707 para a ópera de John Eccles, Semele, escrevendo a música em um mês, a partir de 3 junho até 4 julho, 1743, quando ainda estava doente após uma acidente vascular cerebral. Ele a completou com a sua vivacidade habitual em um mês e o trabalho foi realizado em fevereiro de 1744, com pouco sucesso na ocasião.
Semele tem a sua fonte em um texto das Metamorfoses de Ovídio, um fundo de inspiração para autores e compositores do século XVII e XVIII, e Congreve escolheu-a por tratar o assunto da forma mais humana possível, ficando muito perto do cinismo ligeiramente divertido de Ovídio. Nada poderia ser mais adequado para Handel, um meio caminho entre oratório e ópera, uma oportunidade para dar livre curso à sua verve teatral, oscilando entre ironia e rigor, permitindo-lhe dar-nos a 'ópera' de amor mais encantadora que ele já escrevera.
O trabalho naturalmente tomou a forma de uma ópera, mas Handel olhou para ela para ser apresentada no lugar de oratório, uma vez que estava durante o período de Quaresma no Royal Theatre, sabendo que isso iria garantir a primeira apresentação do trabalho e capacitá-lo a receber o pagamento. Então ele fez Semele para uma apresentação "à maneira de um oratório", representada sem preparo e sem mudança de cenário, encaixando o seu trabalho num perfeito adágio que diz que era "um lobo em pele de cordeiro".
Tintoretto- Jupiter e Semele |
Sua tática, entretanto, não encantou os organizadores da série, resultando em apenas algumas apresentações, e criou uma identidade falsa e de longa duração para Semele como uma peça de concerto, uma campeã até hoje em dia para grupos corais. Que a obra é mais uma ópera do que um oratório está implícito quando fez a escolha do libreto do dramaturgo Congreve, amplificada por Alexander Pope e até mesmo pela sua própria forma musical. Se bem que existam poucas diferenças entre as formas da ópera e do oratório, do ponto de vista de estilo, sendo que a uma foi excluída da execução na igreja por causa da forma dramática e a outra excluída da representação no palco por conta do assunto religioso. Entretanto, Handel para nomear melhor essas apresentações, deu o nome de oratórios profanos a alguns oratórios que não se encaixavam às exigências protestantes da época. Os oratórios de Handel fizeram a sala de concertos começarem a desempenhar uma função moderna que se usa largamente até hoje, pois, sendo sem encenção, seu custo é mais acessível em muitos casos.
Lord Harewood, expressou-se sobre o 'oratório' Semele:
"... A música de Semele é tão cheia de variedade, o recitativo é tão expressivo, a orquestração tão inventiva, a caracterização tão adequada e inteligente, o nível de criatividade tão alta, a ação tão cheia de situação credível e incidente - que, em uma palavra, a peça como um todo é adequada para o palco da ópera - o que só se pode supor que a sua negligência deve ter sido devido a um ato de recusa por parte de companhias de ópera ".
Semele foi realizada pela primeira vez em 10 de fevereiro de 1744 no Theatre Royal, em Covent Garden, Londres, como parte de uma série de concertos realizados anualmente durante o período quaresmal. Ela foi apresentada, à maneira de um oratório, que é na forma de concerto em vez de ser totalmente encenada, mas muitos reconheceram-na pelo que ela realmente era: uma ópera.
Gustave Moreau- Jupiter e Semele |
É evidente que desse rearranjo de texto, Handel sempre considerou este trabalho como uma ópera italiana, não só no nome mas em tudo. O libreto de Congreve foi reescrito para acomodar a forma das árias da capo que eram a estrutura básica musical de uma ópera séria. Handel combinou essas árias com extensas seções de corais, e providenciou mais acompanhamento para os recitativos do que ele jamais escrevera em qualquer outro trabalho.
Semele sendo apresentada como parte de uma série de concertos realizados anualmente durante o período quaresmal, foi direcionada para um público que naturalmente esperava assuntos baseados na Bíblia, como era a maioria das peças de oratórios, incluindo os de Handel, e portanto devia atender a essa expectativa.
O tema amoroso de Semele, o qual é praticamente uma criação do chamado Período de Restauração da Literatura, cujo espírito clássico alcançou seu mais alto nível com Alexander Pope, é um tema transparentemente mergulhado nos mitos gregos, e não nas leis hebraicas, e isso desagradou os participantes que procuravam um momento de elevação espiritual. Feito para ser cantado em inglês, Semele igualmente irritou os partidários de uma verdadeira ópera italiana. Enfim, o público ficou confuso, pois a natureza da história de Sêmele era um pouco demais para ele, principalmente apresentada durante as práticas mais profundamente religiosas.
O tema amoroso de Semele, o qual é praticamente uma criação do chamado Período de Restauração da Literatura, cujo espírito clássico alcançou seu mais alto nível com Alexander Pope, é um tema transparentemente mergulhado nos mitos gregos, e não nas leis hebraicas, e isso desagradou os participantes que procuravam um momento de elevação espiritual. Feito para ser cantado em inglês, Semele igualmente irritou os partidários de uma verdadeira ópera italiana. Enfim, o público ficou confuso, pois a natureza da história de Sêmele era um pouco demais para ele, principalmente apresentada durante as práticas mais profundamente religiosas.
Winton Dean, em seu livro' Handel’s Dramatic Oratorios and Masques' (1959), comenta:
O público em 1744 encontraram no tom de Semele algo muito próximo da desacreditada ópera italiana e assim colocou-a como um oratório desfigurado; onde esperavam o saudável pão quaresmal, receberam uma pedra brilhante cavada a partir das ruínas da mitologia grega (tradução aproximada).
O dia após a primeira apresentação de Semele, Maria Delaney, a vizinha e fã ardorosa de Handel, relatou suas impressões a sua irmã: "... é uma deliciosa peça de música ... Há uma canção de quatro partes que é deliciosamente bonita; Francesina está extremamente melhorada, sua notas são mais distintas, e há algo em suas execuções que são bastante surpreendentes ...". Referindo-se aos inimigos de Handel como 'godos', ela continuou: "... não havia perturbação no teatro e os godos não foram assim absurdos para declarar, de forma pública, a desaprovação de um compositor. '
A Sra. Delaney estava muito preocupada porque, como Semele era com uma "história profana", até o seu marido chegou a dizer que "não achava adequada para ele assistir". A oposição ao trabalho foi crescendo: "... Semele tem um partido forte contra ela, como as senhoras finas, e outros conservadores da sociedade. Mas, todas as pessoas de ópera estão enfurecidas com Handel ... ".
Em sua cópia das memórias Mainwaring sobre a vida de Handel (John Mainwaring-1735–1807), Charles Jennens escreveu ao lado que Semele não era como um oratório: 'Não um oratório, mas uma ópera 'Baudy' picante!(numa referência talvez ao bordel). Essa referência me lembrou de um pensamento do famoso Henry Louis "H. L." Mencken (1880-1956): "The opera is to music what a bawdy house is to a cathedral".
Rubens- A morte de Semele |
Handel já tinha muitos inimigos em Londres, e neste momento, este desafio direto à companhia de ópera no Haymarket não lhe proporcionou fazer novos amigos. Além do mais, ele tinha discutido com o Príncipe de Gales e rivalizavam na apresentação das óperas já há algum tempo.
Como resultado, Semele transcorreu para apenas quatro apresentações, inicialmente, e com duas outras apresentações em dezembro do mesmo ano. A música para estas duas últimas foi ligeiramente re-escrita, e Handel interpolou-a com árias de Armínio, Giustino e Alcina. Mas, mesmo assim não foi bem-sucedida e, depois de 1743, Handel nunca reviveu Semele novamente.
Mais tarde, em dezembro de 1744, Handel reestrurou esta obra para duas apresentações, desta vez no King's Theatre, e depois de se curvar aos seus críticos fez algumas alterações e aditamentos, que incluiam árias intercaladas em italiano (para agradar os amantes de ópera) e a excisão de linhas sexualmente explícitas (para atender aos devotados).
Semele nunca foi uma das obras mais populares de Handel, apesar do fato de que ela contém uma de suas árias mais famosas, "Wher'er você anda."A inspiração de Handel talvez não tivesse falhado ao compô-la, porque sua música é bem estruturada na beleza, mas o seu sentido de tempo e lugar, talvez sim, pois foi apresentada no momento errado e no lugar errado: o amor de deuses e deusas provavelmente teria encontrado melhor público entre os romanos, para quem ele havia composto Aci, Galatea e Polifemo alguns anos antes.
Não correspondendo ao espírito de seu tempo, Semele então caiu no esquecimento prolongado até que teve sua primeira performance no palco, em Cambridge, Inglaterra, em 1925, e em Londres, em 1954. Estes trabalhos foram reconhecidos com entusiasmo, que mostraram que as obras de Handel não foram caducadas com o tempo.
Não correspondendo ao espírito de seu tempo, Semele então caiu no esquecimento prolongado até que teve sua primeira performance no palco, em Cambridge, Inglaterra, em 1925, e em Londres, em 1954. Estes trabalhos foram reconhecidos com entusiasmo, que mostraram que as obras de Handel não foram caducadas com o tempo.
Sem dúvida, o que contribuiu para a sua pouca aceitação na época foi a escolha de uma comédia com forte alusões sexuais, e de que maneira...! Em toda a obra de Handel, Semele disputa neste aspecto apenas com Agrippina e Giulio Cesare na sensualidade e caráter lúbrico – e é aparentemente um oratório!
Árias
"Hymen, haste, thy torch prepare!" (Act 1, Athamas)
"Oh Jove, in pity teach me which to choose" (Act 1, Semele)
"The morning lark to mine accords his note" (Act 1, Semele)
"Hence, hence, Iris hence away!" (Act 2, Juno)
"Endless pleasure, endless love" (Act 1, Semele)
"Oh sleep, why dost thou leave me?" (Act 2, Scene 2; Semele)
"I must with speed amuse her" (Act2, Jupiter)
"Where'er you walk" (Act 2, Jupiter)
"Leave me, loathsome light" (Act 3, Somnus)
"More sweet is that name" (Act 3, Somnus)
"Myself I shall adore" (Act 3, Semele)
"I am ever granting, you always complain" (Act 3, Semele)
"No, no, I’ll take no less" (Act 3, Semele)
"Above measure is the pleasure" (Act 3, Juno)
"Despair no more shall wound me" (Act 3, Athamas)
Parece que são três novas peças que não vêm das obras de Congreve, que são: "Despair no more Shall wound me" cantada por Athamas e o coro final "Happy, happy shall we be" e como também a famosa ária de Júpiter "Where'er you walk" que é uma adaptação do pastoral de Alexander Pope.
Ver site:
http://higherrevelations.wordpress.com/tag/semele/
Sinopse
Ato I
Cadmo, rei de Tebas, e sua família viajaram para o Templo de Juno na Beócia para a celebração do casamento de sua filha com o príncipe Athamus. Os sacerdotes proclamam que os presságios para o casamento parecem propícios, mas Semele inventa uma desculpa atrás da outra para adiar o casamento, porque ela está secretamente apaixonada por Júpiter. Ela implora a Júpiter por ajuda, que interrompe a cerimônia com seu trovão e apaga as chamas de sacrifício no altar de Juno, sua esposa. Os Sacerdotes aconselham a todos a fugir do templo, mas Athamus desesperado e Ino, a irmã de Semele, ficam para trás.
Ino revela a Athamus surpreso que ela o ama. Cadmus interrompe com a chocante notícia de que Semele, cercada por chamas azuis, foi raptada por uma águia gigante, "com asas roxas, que deixaram para trás um cheiro odor celestial, e de orvalho ambrosial. Os sacerdotes identificam esta águia como tendo sido Júpiter e Semele é ouvida cantando para anunciar que "o prazer infinito, de um amor infinito, Semele goza de prazer".
Ato II
Juno, irritada com o adultério de seu marido, ordenou sua mensageira Iris para descobrir onde Júpiter e Semele estão. Iris relata então que Júpiter instalou a sua nova amante mortal, em um imponente novo palácio no Monte Cithaeron, e avisa que ele é guardado por dragões ferozes que nunca dormem. Juno enfurecida jura vingança, e se apressa para visitar Somnus, o deus do sono, a fim de pedir sua ajuda.
Semele, que conta com Amores e Zephyrs, anseia por Júpiter. Este chega, em forma humana, tranquiliza-a de sua fidelidade, e lembra que ela é apenas mortal e precisa de tempo para descansar entre as suas crises de amor. Semele professa devoção a ele, mas revela seu descontentamento por não ter sido feita imortal. Júpiter, reconhecendo que Semele tem uma ambição perigosa, transforma o palácio para Arcadia, com os encantos de suas delícias pastorais, e magicamente convoca sua irmã Ino para lhe fazer companhia. Ino arrebatada descreve a música celestial que ouviu no caminho para Monte Cithaeron enquanto transportada por dois zéfiros alados. As irmãs, e um coro de ninfas e cisnes, cantam as alegrias da música.
Ato III
A moradia cavernosa de Somnus é brutalmente perturbada pela chegada de Juno e Iris. Ele letargicamente se recusa a ajudar Juno, mas fica animado quando Juno promete-lhe a recompensa de sua ninfa favoriao, Pasithea. Juno dá ordens a Somnus para dar um sonho erótico a Júpiter que vai fazer ele ficar desesperado para desfrutar do amorde Semele, a qualquer preço. Juno leva uma varinha de chumbo mágico, a fim de enganar os dragões e colocar Ino para dormir.
Então, assumindo a forma de Ino, finge acreditar que Semele foi feita para ser imortal, e dá a Semele um espelho mágico que a engana tolamente em pensar-se ainda mais bonita do que o habitual. Juno avisa que se são os desejos de Semele em tornar-se verdadeiramente imortal, então ela deve recusar Júpiter até que ele prometa conceder qualquer desejo seu, e que também deve exigir que ele venha em sua forma verdadeira, sem disfarces, com todo o seu esplendor divino ("como a si mesmo, o poderoso ). Semele aceita ansiosamente este conselho. Juno afasta quando ela sente a aproximação de Júpiter.
Inflamado pelo desejo de estar com Semele, Júpiter fica surpreso quando ela age friamente para ele. Ele jura precipitadamente um voto irrevogável para conceder-lhe o que ela quiser, e ela então exige que tire seu disfarce e apareça ao natural, com o poder de sua força. Ele reage com horror, sabendo que seus raios certamente irão matá-la, mas Semele se recusa a ouvir a razão, supondo que Júpiter não deseja conceder-lhe a imortalidade.
Deixado sozinho, Júpiter tenta encontrar uma maneira de salvar a vida de Sêmele, mas tristemente descobre que ela caiu numa armadilha e será vítima de sua própria ambição. Juno se regozija em triunfo pela sua vitória. Semele vê Júpiter descer como uma nuvem de fogo de relâmpagos e trovões, e lamenta sua loucura, morrendo consumida pelas chamas.
Ino, retorna com segurança para Beócia, e anuncia a trágica notícia de que Semele pereceu. No entanto, algumas boas notícias também chegaram: Júpiter ordenou que Ino e Athamus devam se casar, e Apolo profetiza que das cinzas de Semele, sairá Baco Deus do vinho, que é o filho de Semele e Júpiter, e se levantará para trazer para a Terra uma delícia "mais poderosa do que o amor '.
Ver site:
http://higherrevelations.wordpress.com/tag/semele/
Sinopse
Ato I
Cadmo, rei de Tebas, e sua família viajaram para o Templo de Juno na Beócia para a celebração do casamento de sua filha com o príncipe Athamus. Os sacerdotes proclamam que os presságios para o casamento parecem propícios, mas Semele inventa uma desculpa atrás da outra para adiar o casamento, porque ela está secretamente apaixonada por Júpiter. Ela implora a Júpiter por ajuda, que interrompe a cerimônia com seu trovão e apaga as chamas de sacrifício no altar de Juno, sua esposa. Os Sacerdotes aconselham a todos a fugir do templo, mas Athamus desesperado e Ino, a irmã de Semele, ficam para trás.
Ino revela a Athamus surpreso que ela o ama. Cadmus interrompe com a chocante notícia de que Semele, cercada por chamas azuis, foi raptada por uma águia gigante, "com asas roxas, que deixaram para trás um cheiro odor celestial, e de orvalho ambrosial. Os sacerdotes identificam esta águia como tendo sido Júpiter e Semele é ouvida cantando para anunciar que "o prazer infinito, de um amor infinito, Semele goza de prazer".
Ato II
Juno, irritada com o adultério de seu marido, ordenou sua mensageira Iris para descobrir onde Júpiter e Semele estão. Iris relata então que Júpiter instalou a sua nova amante mortal, em um imponente novo palácio no Monte Cithaeron, e avisa que ele é guardado por dragões ferozes que nunca dormem. Juno enfurecida jura vingança, e se apressa para visitar Somnus, o deus do sono, a fim de pedir sua ajuda.
Semele, que conta com Amores e Zephyrs, anseia por Júpiter. Este chega, em forma humana, tranquiliza-a de sua fidelidade, e lembra que ela é apenas mortal e precisa de tempo para descansar entre as suas crises de amor. Semele professa devoção a ele, mas revela seu descontentamento por não ter sido feita imortal. Júpiter, reconhecendo que Semele tem uma ambição perigosa, transforma o palácio para Arcadia, com os encantos de suas delícias pastorais, e magicamente convoca sua irmã Ino para lhe fazer companhia. Ino arrebatada descreve a música celestial que ouviu no caminho para Monte Cithaeron enquanto transportada por dois zéfiros alados. As irmãs, e um coro de ninfas e cisnes, cantam as alegrias da música.
Ato III
A moradia cavernosa de Somnus é brutalmente perturbada pela chegada de Juno e Iris. Ele letargicamente se recusa a ajudar Juno, mas fica animado quando Juno promete-lhe a recompensa de sua ninfa favoriao, Pasithea. Juno dá ordens a Somnus para dar um sonho erótico a Júpiter que vai fazer ele ficar desesperado para desfrutar do amorde Semele, a qualquer preço. Juno leva uma varinha de chumbo mágico, a fim de enganar os dragões e colocar Ino para dormir.
Então, assumindo a forma de Ino, finge acreditar que Semele foi feita para ser imortal, e dá a Semele um espelho mágico que a engana tolamente em pensar-se ainda mais bonita do que o habitual. Juno avisa que se são os desejos de Semele em tornar-se verdadeiramente imortal, então ela deve recusar Júpiter até que ele prometa conceder qualquer desejo seu, e que também deve exigir que ele venha em sua forma verdadeira, sem disfarces, com todo o seu esplendor divino ("como a si mesmo, o poderoso ). Semele aceita ansiosamente este conselho. Juno afasta quando ela sente a aproximação de Júpiter.
Inflamado pelo desejo de estar com Semele, Júpiter fica surpreso quando ela age friamente para ele. Ele jura precipitadamente um voto irrevogável para conceder-lhe o que ela quiser, e ela então exige que tire seu disfarce e apareça ao natural, com o poder de sua força. Ele reage com horror, sabendo que seus raios certamente irão matá-la, mas Semele se recusa a ouvir a razão, supondo que Júpiter não deseja conceder-lhe a imortalidade.
Deixado sozinho, Júpiter tenta encontrar uma maneira de salvar a vida de Sêmele, mas tristemente descobre que ela caiu numa armadilha e será vítima de sua própria ambição. Juno se regozija em triunfo pela sua vitória. Semele vê Júpiter descer como uma nuvem de fogo de relâmpagos e trovões, e lamenta sua loucura, morrendo consumida pelas chamas.
Ino, retorna com segurança para Beócia, e anuncia a trágica notícia de que Semele pereceu. No entanto, algumas boas notícias também chegaram: Júpiter ordenou que Ino e Athamus devam se casar, e Apolo profetiza que das cinzas de Semele, sairá Baco Deus do vinho, que é o filho de Semele e Júpiter, e se levantará para trazer para a Terra uma delícia "mais poderosa do que o amor '.
Diz a mitologia que Sêmele foi uma das amantes mortais de Zeus (Júpiter). Dionísio para os gregos e Baco para os romanos, o deus do vinho, nasceu da união de Júpiter com Sêmele. A mortal Sêmele era filha de Cadmo (rei de Tebas) e Harmonia. O romance de Júpiter e Sêmele provocou a ira e o ciúme de Juno , que se transformou em amiga de Sêmele e a induziu a desconfiar da verdadeira identidade de Júpiter.
Para provar que realmente era o deus Júpiter, ele prometeu atender a qualquer pedido de Sêmele, que carregava no ventre um filho seu. Sêmele então, persuadida por Juno, pediu a Júpiter que a fosse visitar levando consigo raios e trovões. Como Sêmele era mortal e morava numa casa comum, logo a casa pegou fogo e Sêmele veio a falecer queimada.
Júpiter vendo que ia perder também o filho, tirou o embrião de seis meses do ventre de Sêmele e o costurou em sua coxa onde ficou até o nascimento. Quando Baco nasceu, Júpiter temendo a ira de Juno, o entregou às Ninfas e aos sátiros para que eles o criassem no Monte Nisa. Baco teve então dois nascimentos, um quando da plantação da vinho e outro quando da colheita e feitio do vinho.
Então, Semele continua adiando o seu casamento, enquanto dá
um tempo para resolver tudo.
Ela pede compreensão a Athamas, e confessa que que não está
preparada para unir-se a ele.
Mas, qual será o seu segredo? É que Semele está apaixonada secretamente
por Júpiter.
E seu amor é correspondido, o que lhe deixa suspirando para que
ele apareça.
Júpiter, entretanto, só pode lhe aparecer sob a forma de um ser humano mortal para poder ter seus encontros amorosos.
Enquanto isso, a irmã de Semele, Ino anseia por Athamas e
chora por esse amor impossível. (Turn, hopeless lover, turn thy eyes, And see a
maid bemoan, In flowing tears and aching sighs, Thy woes too like her own-
Lá, ele a instala em um palácio do prazer, do qual ela pode ser ouvida cantando de prazer infinito de um amor infinito.
Ato II
A esposa de Júpiter, Juno, fica enfurecida ao saber que Semele é a última amante de Júpiter e ameaça raptar Semele do palácio e atirá-la para o Hades.
Iris, a espiã de Juno, avisa-a que o palácio é guardado por dragões.
Juno então surge com um plano B e parte para lá com Iris (Hence, Iris, hence away), para chamar Somnus, o deus do sono, para elaborar um plano de destruição para Semele.
Enquanto isso, Semele acorda de um sonho com seu amante (O sleep, why dost thou leave me, Why thy visionary joys remove? O sleep, again deceive me, To my arms restore my wand'ring love! - Ó sono, por que tu me deixas, Por tuas alegrias visionárias removes? O sono, mais uma vez engana- me, para os meus braços restaurar o meu amor errante!).
Quando Júpiter chega, Semele expressa seu amor (With fond desiring, With bliss expiring - Com desejo apaixonado, que termina com a felicidade),
Mas diz a ele que está chateada por suas frequentes ausências e pelo fato de que, como uma simples mortal, ela não se encaixa com as divindades ao seu redor. Ela sugere que gostaria de ser imortal.
Preocupado com as suas aspirações para a imortalidade, Júpiter procura distrai-la, buscando sua irmã Ino para uma visita (I must with speed amuse her - devo com velocidade em diverti-la).
Em seguida, ele evoca uma calmante cena arcadiana e canta ternamente para Semele (Where'er you walk, cool gales shall fan the glade- onde você anda, frescos vendavais que devem atiçar a clareira).
Ato III
Juno chega à caverna de Somnus e tenta acordá-lo, quando ele, irritado, volta a dormir (Leave me, loathsome light - Deixe-me repugnante, luz).
Ele não acorda até que ela lhe promete o amor da ninfa Pasithea.
Agora que ela tem sua atenção, Juno diz para Somnus despertar Júpiter com um sonho tão erótico que ele vai prometer tudo a Semele do que ela exige. Ela também instrui Somnus a colocar Ino para dormir, de modo que Juno possa tomar o seu lugar.
Disfarçada como Ino, Juno agora faz uma visita a Semele. Lisonjeando-a escandalosamente, Juno lhe mostra um espelho no qual Semele parece ainda mais linda do que o habitual.
Juno lhe dá um espelho encantado que realmente ela se vê ainda mais bonita do que é e fica simplesmente paralisada (Myself I shall adore, If I persist in gazing. No object sure before Was ever half so pleasing - Eu adoro a mim mesma, se eu persistir em olhar. Nunca fui antes nunca foi tão agradável).
Semele está tão tomada com sua própria beleza que ela concorda em seguir o conselho fatal de Juno: ela vai fazer com que Júpiter, ao vir para sua cama, faça a promessa de tê-la não como um mortal, mas com a verdadeira glória divina, para que ela possa alcançar a imortalidade que merece.
Jupiter, cheio de desejo como resultado de seu sonho, tenta abraçar Semele (Come to my arms, my lovely fair, Soothe my uneasy care - Vem aos meus braços, minha adorável querida, acalme minha inquietude com cuidado). Mas Semele está firme no seu propósito e lhe pede insistentemente que ele realize o seu desejo.
Inflamado pelo desejo de estar com Semele, Júpiter fica surpreso quando ela age friamente para ele.
Ele hesita mas diante do apelo que ela lhe faz(I ever am granting, You always complain. I always am wanting, Yet never obtain - eu já estou em concessão, Você sempre reclama. Eu sempre estou querendo, mas nunca obtenho), e do ardente desejo de seu amor em que se vê envolvido, Júpiter jura que vai dar a ela tudo o que quiser.
Ela exige que ele deixe cair a sua forma humana e apareça em seu cheio esplendor divino. Desanimado, ele lhe pede que reconsidere, mas ela está inflexível: não e não, eu vou querer nada menos do que tudo que mereço!
Júpiter sabe que, mesmo que se ele usar o seu mais suave relâmpago, a situação continuará desesperadora, porque será fatal a ela e também ele deve manter sua promessa, e Semele assim vai morrer, no momento que se tornar imortal. Júpiter se aproxima de Semele e esta é incinerada.
Enquanto Juno se regozija (Above measure Is the pleasure, Which my revenge supplies - acima da medida está o prazer, que minha vingança materializa), pela vitória de seu plano.
Como o povo a chorar (Oh, terror and astonishment! - Oh, terror e espanto!), Ino narra uma visão na qual Hermes lhe conta o destino de sua irmã.
Ino conta também que é o seu desejo que ela se case com Athamas, o qual está perfeitamente feliz com esta obrigação.
Apollo aparece para anunciar que um novo deus vai subir a partir de cinzas de Semele: Bacchus (deus do vinho), que vai ser mais poderoso do que o Amor. Todos regozijam.
Uma grande festa é comemorada, enquanto Semele será sempre lembrada através de seu filho Baco (Dionisio), fruto do seu amor com Júpiter. Por isso, a festa é em sua homenagem.
A amante mortal de Júpiter, Semele, perde-se pela ambição desmedida de alcançar a divina imortalidade, mas é ressuscitada através de seu filho Baco, que se manisfesta nas festas para dar alegria.
O coro final entoa que felizes deveremos ser quando livres da tristeza.
https://www.youtube.com/watch?v=NqHe4FAKYhI
https://www.youtube.com/watch?v=4ODOXHngat4
Para provar que realmente era o deus Júpiter, ele prometeu atender a qualquer pedido de Sêmele, que carregava no ventre um filho seu. Sêmele então, persuadida por Juno, pediu a Júpiter que a fosse visitar levando consigo raios e trovões. Como Sêmele era mortal e morava numa casa comum, logo a casa pegou fogo e Sêmele veio a falecer queimada.
Júpiter vendo que ia perder também o filho, tirou o embrião de seis meses do ventre de Sêmele e o costurou em sua coxa onde ficou até o nascimento. Quando Baco nasceu, Júpiter temendo a ira de Juno, o entregou às Ninfas e aos sátiros para que eles o criassem no Monte Nisa. Baco teve então dois nascimentos, um quando da plantação da vinho e outro quando da colheita e feitio do vinho.
Ato I
No templo de Juno, Cadmo, rei de Tebas, se prepara para o casamento de sua filha Semele com Athamas, Príncipe da Beócia.
Mas, ela está contrariada, porque não é o seu desejo casar-se com o príncipe.
No templo de Juno, Cadmo, rei de Tebas, se prepara para o casamento de sua filha Semele com Athamas, Príncipe da Beócia.
Mas, ela está contrariada, porque não é o seu desejo casar-se com o príncipe.
Ela reza para Júpiter ajudá-la ( "O Jove! In pity teach me which to choose, Incline me to
comply, or help me to refuse!" - O Jove! Em piedade me ensina a escolher,
Inclina-me a cumprir, ou me ajuda a recusar!)
Transforme, amante ardente, vire os teus olhos, e veja uma
serva lamentando, fluindo em lágrimas e suspiros, tuas desgraças também como
ela própria).
Mas, Semele não pode romper o compromisso e comparece à
cerimônia de casamento. Esta, porém, é interrompida quando Júpiter aparece.
Disfarçado como uma águia roxa, carrega Semele para fora,
para as alturas dos céus.
Lá, ele a instala em um palácio do prazer, do qual ela pode ser ouvida cantando de prazer infinito de um amor infinito.
Ato II
A esposa de Júpiter, Juno, fica enfurecida ao saber que Semele é a última amante de Júpiter e ameaça raptar Semele do palácio e atirá-la para o Hades.
Iris, a espiã de Juno, avisa-a que o palácio é guardado por dragões.
Juno então surge com um plano B e parte para lá com Iris (Hence, Iris, hence away), para chamar Somnus, o deus do sono, para elaborar um plano de destruição para Semele.
Enquanto isso, Semele acorda de um sonho com seu amante (O sleep, why dost thou leave me, Why thy visionary joys remove? O sleep, again deceive me, To my arms restore my wand'ring love! - Ó sono, por que tu me deixas, Por tuas alegrias visionárias removes? O sono, mais uma vez engana- me, para os meus braços restaurar o meu amor errante!).
Quando Júpiter chega, Semele expressa seu amor (With fond desiring, With bliss expiring - Com desejo apaixonado, que termina com a felicidade),
Mas diz a ele que está chateada por suas frequentes ausências e pelo fato de que, como uma simples mortal, ela não se encaixa com as divindades ao seu redor. Ela sugere que gostaria de ser imortal.
Preocupado com as suas aspirações para a imortalidade, Júpiter procura distrai-la, buscando sua irmã Ino para uma visita (I must with speed amuse her - devo com velocidade em diverti-la).
Em seguida, ele evoca uma calmante cena arcadiana e canta ternamente para Semele (Where'er you walk, cool gales shall fan the glade- onde você anda, frescos vendavais que devem atiçar a clareira).
Ato III
Juno chega à caverna de Somnus e tenta acordá-lo, quando ele, irritado, volta a dormir (Leave me, loathsome light - Deixe-me repugnante, luz).
Ele não acorda até que ela lhe promete o amor da ninfa Pasithea.
Agora que ela tem sua atenção, Juno diz para Somnus despertar Júpiter com um sonho tão erótico que ele vai prometer tudo a Semele do que ela exige. Ela também instrui Somnus a colocar Ino para dormir, de modo que Juno possa tomar o seu lugar.
Disfarçada como Ino, Juno agora faz uma visita a Semele. Lisonjeando-a escandalosamente, Juno lhe mostra um espelho no qual Semele parece ainda mais linda do que o habitual.
Juno lhe dá um espelho encantado que realmente ela se vê ainda mais bonita do que é e fica simplesmente paralisada (Myself I shall adore, If I persist in gazing. No object sure before Was ever half so pleasing - Eu adoro a mim mesma, se eu persistir em olhar. Nunca fui antes nunca foi tão agradável).
Semele está tão tomada com sua própria beleza que ela concorda em seguir o conselho fatal de Juno: ela vai fazer com que Júpiter, ao vir para sua cama, faça a promessa de tê-la não como um mortal, mas com a verdadeira glória divina, para que ela possa alcançar a imortalidade que merece.
Jupiter, cheio de desejo como resultado de seu sonho, tenta abraçar Semele (Come to my arms, my lovely fair, Soothe my uneasy care - Vem aos meus braços, minha adorável querida, acalme minha inquietude com cuidado). Mas Semele está firme no seu propósito e lhe pede insistentemente que ele realize o seu desejo.
Inflamado pelo desejo de estar com Semele, Júpiter fica surpreso quando ela age friamente para ele.
Ele hesita mas diante do apelo que ela lhe faz(I ever am granting, You always complain. I always am wanting, Yet never obtain - eu já estou em concessão, Você sempre reclama. Eu sempre estou querendo, mas nunca obtenho), e do ardente desejo de seu amor em que se vê envolvido, Júpiter jura que vai dar a ela tudo o que quiser.
Ela exige que ele deixe cair a sua forma humana e apareça em seu cheio esplendor divino. Desanimado, ele lhe pede que reconsidere, mas ela está inflexível: não e não, eu vou querer nada menos do que tudo que mereço!
Júpiter sabe que, mesmo que se ele usar o seu mais suave relâmpago, a situação continuará desesperadora, porque será fatal a ela e também ele deve manter sua promessa, e Semele assim vai morrer, no momento que se tornar imortal. Júpiter se aproxima de Semele e esta é incinerada.
Enquanto Juno se regozija (Above measure Is the pleasure, Which my revenge supplies - acima da medida está o prazer, que minha vingança materializa), pela vitória de seu plano.
Como o povo a chorar (Oh, terror and astonishment! - Oh, terror e espanto!), Ino narra uma visão na qual Hermes lhe conta o destino de sua irmã.
Ino conta também que é o seu desejo que ela se case com Athamas, o qual está perfeitamente feliz com esta obrigação.
Apollo aparece para anunciar que um novo deus vai subir a partir de cinzas de Semele: Bacchus (deus do vinho), que vai ser mais poderoso do que o Amor. Todos regozijam.
Uma grande festa é comemorada, enquanto Semele será sempre lembrada através de seu filho Baco (Dionisio), fruto do seu amor com Júpiter. Por isso, a festa é em sua homenagem.
A amante mortal de Júpiter, Semele, perde-se pela ambição desmedida de alcançar a divina imortalidade, mas é ressuscitada através de seu filho Baco, que se manisfesta nas festas para dar alegria.
https://www.youtube.com/watch?v=NqHe4FAKYhI
https://www.youtube.com/watch?v=4ODOXHngat4
Theodora (1750)
Theodora ( HWV 68) é um oratório em três atos de George Frideric Handel, com um libreto em inglês de Thomas Morell. O oratório diz respeito à mártir cristã Theodora e seu amante romano, Dídimo, um cristão convertido .
Handel ainda estava mostrando notáveis habilidades criativas quando completou Theodora em seus 65 anos. Este trabalho viria a ser o seu penúltimo trabalho importante, e dois anos antes de ele produzir o seu grande oratório final, Jefté. Ele já havia escrito os oratórios Salomão e Susanna no ano anterior.
Theodora difere dos dois anteriores oratórios porque é uma tragédia, terminando na morte da heroína e de seu amante convertido ao cristianismo. A música é muito mais direta do que nos trabalhos anteriores, transcendendo a mediocridade do libreto, de modo que os personagens e o drama são bem definidos.
Thomas Morell (1703-1784) já tinha trabalhado com Handel antes em vários oratórios. Ele e Handel eram bons amigos, e o compositor deixou £200 em seu testamento para o libretista. A fonte de Morell para o libreto foi o martírio de Teodora e Dídimo (1687) de Robert Boyle, o cientista. Ele também se baseou na Théodore de Corneille, na obra 'Vierge et Martyre'. Morell indiscutivelmente melhorou o texto de Boyle, eliminando as mensagens moralizantes e criando uma estrutura melhor.
Handel terminou o oratório em 31 de julho de 1749, e sua estréia foi em 16 de março de 1750, bastante frustante, porque Theodora foi um fracasso e só se apresentou por três vezes. Há pelo menos duas razões para isto: primeiro, o tema da perseguição pode ter sido muito "progressista" para os londrinos na época e em, segundo lugar, um terremoto que aconteceu cerca de uma semana antes da estréia, impediu algumas pesssoas de comparecerem ao teatro. A frequência foi a mínima de todos os seus oratórios, e esta obra só foi revivida apenas uma vez em 1755.
Há duas citações sobre a baixa frequência, em que Morell cita Handel como dizendo: "Os judeus não vieram porque era uma história cristã, e as senhoras não compareceram porque se tratava de um personagem virtuoso".
Assim, os presságios para Theodora não foram bons. Londres experimentou um terremoto sem precedentes. Oitenta anos após o evento, uma testemunha decreveu o que tinha ocorrido: "Em 08 de março de 1750, um terremoto sacudiu Londres. O choque foi às cinco e meia da manhã. Ele acordou as pessoas de seu sono e o medo colocou-as fora de suas casas. Uma serva da praça Charterhouse, foi jogada de sua cama, e teve o braço quebrado; vários sinos dos campanários foram atingidos pelos seus martelos; grandes pedras foram atiradas na torre da Abadia de Westminster; os cães uivavam em tons incomuns, e os peixes pularam meio metro acima da água". " Muitas pessoas fugiram de Londres em pânico, e ainda estavam ausentes quando Handel abriu sua temporada em alguns dias mais tarde. Isso explicaria, em parte, para a pequena audiência para as três apresentações dadas de Theodora nessa temporada.
Handel também estava preocupado com o público pela história cristã, que com um final trágico poderia não atrair os frequentadores. Quando disse que um dos seus apoiantes queria comprar todas as caixas para uma performance especial, Handel ouviu o comentário: "Ele é um tolo, os judeus não virão, porque é uma história cristã, e as senhoras não virão porque é um tema virtuoso ".
Theodora foi de todos os oratórios de Handel aquele que ele mais admirou, era o seu favorito. O próprio compositor classificou o refrão final do Ato II, como superior ao de Messias. Alguns anos após a morte de Handel, Morell tinha uma memória particular de Theodora: "Handell valorizou mais do que qualquer desempenho desse tipo, e quando uma vez eu o questionei sobre se ele não olhou para o grande coro no Messias como sua obra-prima, ele respondeu: "Não", eu acho que o coro no final da 2 ª parte em Theodora está muito além". Apesar de sua afeição para o trabalho, Handel nunca reviveu Theodora .
Algumas vezes, este oratório já foi encenado como ópera, mais notavelmente no aclamado ano de 1996, numa produção de Peter Sellars em Glyndebourne. Esta produção, realizada por William Christie, estrelou Dawn Upshaw como Theodora, Lorraine Hunt Lieberson como Irene e David Daniels como Dídimo. Foi emitido em DVD pela Warner Music.
Os oratórios de Handel não foram compostos para o palco teatral, onde, na Inglaterra, dramas religiosos foram proibidos até o século 20. Diante da falência por seus esforços no campo da ópera, Handel voltou-se para obras religiosas, como uma forma de poupar dinheiro em figurinos e cenários ao explorar seu dom para fazer o drama melodioso - e seu talento era muito forte para essas histórias emocionantes (Saul, Judas Macabeu , Sansão, etc) para não inspirar um teatro emocionante.
Hoje, com suas óperas mais uma vez em voga e o estilo de cantar que ele escreveu para uma vez mais estudada e apreciada, companhias de ópera muitas vezes recorrem a estes dramas em inglês. Eles diferem de óperas barrocas, de forma que o público para a ópera é inclinado a apreciar o coro, por exemplo - incidental na ópera, impulsionada por cantores solo, salta para o primeiro plano nos oratórios, e é a inspiração que conduz para uma das melhores composições de Handel.
Os libretos de vários desses dramas sem palco são baseados em peças de teatro - Hércules segue Sófocles, por exemplo, e Atalia e Esther são derivados de Racine. Mas como são as árias de oratórios de Handel - que tendem a ser longas meditações sobre este ou aquele aspecto da trama, ou comentários morais sobre a história - a serem executadas como ações dramáticas? E como eles devem ser integrados com os comentários adicionais do refrão? Estas são as perguntas para as quais qualquer um que procura encenar um dos oratórios deve encontrar respostas.
Teodora, a única dos oratórios dramáticos baseados em um tema cristão, é um dos favoritos do próprio Handel, e foi apresentado pelo Festival de Glyndebourne em 1999, em uma encenação de Peter Sellars, que fez sua reputação com suas atualizações estranhas, mas muitas vezes bem espirituosas de óperas do século 18.
O libreto original incluía uma cena extra em que Septímio se converteu ao cristianismo, no entanto, esta parte nunca foi colocada por Handel, apesar de ter sido impressa. A segunda cena no Ato 2 também foi alvo de várias revisões por Handel.
Personagens:
Theodora, uma cristã de origem nobre (soprano)
Dídimo, um oficial romano, (originalmente alto castrato, realizado por alto contratenores ou contraltos)
Septímio, outro soldado romano e amigo de Dídimo (tenor)
Valente, presidente da Antioquia (baixo)
Irene, uma cristã e amiga de Teodora (mezzo-soprano)
Messenger (tenor)
Coro dos cristãos
Coro dos ateu
Estreia
16 de março de 1750
Elenco original
Gaetano Guadagni |
Giulia Frasi (Theodora)
Gaetano Guadagni (Dídimo)
Caterina Galli (Irene)
O primeiro elenco de Theodora incluiu o alto-castrato Gaetano Guadagni, para quem Handel escreveu o papel de Dídimo. Era incomum para Handel incluir uma voz castrato em seus oratórios ingleses, mas Guadagni já havia aparecido com grande sucesso em apresentações de Messias e Sansão, para o qual Handel havia adaptado os papéis originalmente cantadas por Susannah Cibber. Em 1762 Guadagni criaria o papel-título de Orfeo de Gluck, em Viena.
Este oratório tem uma boa variedade de árias e coros. A maioria das peças individuais são árias da capo. Há três duetos, sendo o último uma peça sublime quando Teodora e Dídimo vão morrer.
Handel usa trompetes, cornetas e tambores nas cenas romanas e as flautas estão incluidas na cena da prisão, mas algumas árias são muito levemente acompanhadas que os eleva muito acima do texto.
O oratório é marcado por 2 seções de violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, duas flautas, 2 oboés, 2 fagotes, 1 contra-baixo, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cravo e órgão. Um cravo e violoncelo tocam o contínuo .
Algumas árias, duetos e coros notáveis:
"Descend, kind Pity" (Septimius)
"Fond, flatt'ring World" (Theodora)
"As with rosy steps the Morn" (Irene)
"Wide Spread his Name" (Valens)
"To Thee, Thou glorious Son" (Theodora and Didymus)
"He saw the lovely Youth" (Chorus of the Christians)
"Lord to Thee" (Irene)
"How strange their ends" (Chorus of the Romans)
"Streams of Pleasure ever flowing/ Thither let our Hearts aspire" (Didymus, then with Theodora)
"O Love Divine" (Chorus with Irene)
"Go, gen'rous, pious Youth" (Chorus)
"Bane of Virtue (Irene)
O libreto de Thomas Morell, baseado numa obra de Robert Boyle publicada em 1687 com o nome de "O Martirio de Theodora e de Didymus", faz referência à história da mártir cristã Theodora, executada na Antioquia durante as perseguições de Diocleciano, e aos esforços do soldado romano Didymus para salvá-la, dividido entre a obrigação de obediência à autoridade e as suas próprias convicções.
Robert Boyle |
Com o declínio da população patrícia em Roma, foi publicado um édito que obrigava as mulheres romanas a ter filhos. No mesmo édito, a virgindade era considerada crime.
Entretanto, o prefeito de Antioquia, Proculus, soube do voto de castidade feito por Theodora, uma nobre romana. Proculus mandou chamá-la e disse-lhe que sendo rica e bela ela poderia ter o marido que quisesse. Theodora disse-lhe que não tencionava casar com nenhum homem, dado ter-se oferecido a Cristo. Então Proculus lembrou-lhe que caso ela não se casasse, seria posta num bordel. Theodora respondeu que se alguma vez perdesse a sua virgindade, não seria por sua vontade.
Theodora foi então levada para um bordel. O seu primeiro cliente foi um soldado romano cristão de nome Didymus. Ele explica-lhe que fora até ao bordel para a salva-la. Trocam de roupas e Theodora consegue escapar. Quando chega o segundo cliente de Theodora, encontra Didymus no seu lugar. O soldado é levado preso. Perante a lei ele deve ser condenado à morte, mas Theodora não o pode admitir. Segundo Santo Ambrósio, quando Didymus está a ser interrogado por Proculus, Teodora aparece, não permitindo que o seu salvador seja condenado sozinho. São ambos decapitados.
Sinopse
Ato I
O cenário está montado na Antioquia, século IV, que é ocupada pelo exército romano.
Valens, o governador romano, proclama que, em celebração do aniversário do imperador Diocleciano, todos os cidadãos devem fazer sacrifício a Jove e participar de um banquete em honra do Imperador. Aquele que se recusar a participar, será punido ou executado. Ele encarrega a Septímio com a realização de suas ordens.
Dídimo, um soldado romano, pede que aqueles cuja consciência os proíbe de participar deverão ser protegidos de punição. Mas Valens é inflexível nas questões de lealdade do soldado para Roma.
Dídimo vira agora para Septímio com o mesmo argumento. Septímio suspeita que Dídimo é secretamente um cristão, e admite que ele também prefere mostrar misericórdia para com aqueles que se recusam a comemorar. No entanto, ele é um romano leal a cumprir suas ordens.
Na comunidade cristã, Theodora e Irene estão orando. Um mensageiro chega e avisa da ordem dada por Valens. Mas Irene leva a comunidade em uma reafirmação de sua fé.
Septímio chega e vem avisá-las da punição que irão enfrentar - para Theodora a punição torna-a feliz para abraçar. No entanto, em vez de tê-la executado Septímio é obrigado a levá-la a um bordel onde ela será prostituída aos soldados romanos.
Dídimo chega tarde demais para salvá-la, e se prepara para lançar seu resgate. O coro reza aos céus para seu sucesso.
Ato II
Os romanos prosseguem com suas celebrações. Valens manda Septímio para Theodora, com uma oferta de clemência, se ela fizer um sacrifício antes do pôr do sol.
Em sua cela de prisão, Theodora aguarda com medo o seu destino. Mas a contemplação do céu que espera por ela após a morte, dá-lhe ânimo e aplausos ao seu espírito.
Dídimo convence Septímio para deixá- lo entrar na célula de Theodora e resgatá-la, assim reza Irene que Deus vai proteger Theodora.
Dídimo entra na célula e encontra Teodora dormindo. Ela acorda temendo o pior, mas Dídimo revela sua identidade e acalma-a.
Ela implora para ele matá-la, mas ele não pode. Em vez disso ele veste seu vestido em troca de seu uniforme e, disfarçada de soldado, Theodora escapa da cela, deixando Dídimo em seu lugar.
Os cristãos estão numa vigília, liderada por Irene.
Ato III
Ainda rezando para a liberação de Teodora, Irene fica surpresa ao ver sua companheira chegando vestida com roupas de Didymus.
Os cristãos comemoram seu retorno, embora Theodora esteja preocupada com a segurança de Dídimo.
Um mensageiro chega para dizer-lhes que Dídimo foi condenado à morte, e que Theodora agora está também condenada à morte se ela for capturada.
Apesar dos esforços de Irene para contê-la, Teodora corre para o tribunal romano para se oferecer no lugar de Dídimo. Valens condena Dídimo à morte quando Teodora chega para salvá-lo. Ambos se oferecem a morrer no lugar do outro, mas Valense não vai deixá-los barganhar com seus próprios destinos e os envia ambos para a execução.
Como eles alegremente entram na imortalidade, a comunidade cristã se junta em um hino de louvor.
Alguns vídeos para complementação:
https://www.youtube.com/watch?v=KNQ2eowT6xU
https://www.youtube.com/watch?v=U13fl2GQy3Y
E assim, encerramos o estudo das óperas de Handel. Em paz!
Levic
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