terça-feira, 12 de abril de 2011

86- Inglaterra - 9 Benjamin Britten 3ª parte

Gloriana é uma ópera em três atos, de Benjamin Britten com um libreto inglês feito por William Plomer, baseado em Elizabeth e Essex, escrito por Lytton Strachey. A primeira apresentação foi realizada no Royal Opera House, Londres, em 1953, durante as celebrações da coroação da rainha Elizabeth II.

Gloriana foi o nome dado pelo poeta do século 16, Edmund Spenser, para seu personagem que representa a rainha Elizabeth I, em seu poema "The Faerie Queene". Tornou-se o nome popular dado a Elizabeth I. Há registros de que as tropas em Tilbury saudou-a com gritos de "Gloriana, Gloriana Gloriana", após a derrota da Armada Espanhola em 1588.

Gloriana foi a oitava ópera feita por de Benjamin Britten (embora no estilo esteja classificada no 1º período), e foi o seu primeiro fracasso real. Os críticos atualmente colocam-na como uma grande ópera, mas a desaprovação feita pela rainha Elizabet II , na época, fez esta obra ser reconhecida como escândalo na estreia e depois ficar na gaveta, até quase os dias de hoje.

Em 1952, Britten decidiu escrever uma "Ópera Nacional", baseado no livro de Lytton Strachey, Elizabeth e Essex, e a idéia foi recebida com aprovação real e a garantia de que, se o Covent Garden não pudesse pagar as despesas de comissão, o Tesouro Real o faria. Gloriana, composta para a comemoração da coroação da rainha Elizabeth II, foi apresentada pela primeira vez no Covent Garden durante a Semana da Coroação, de 1953, e baseia-se na relação entre Elizabeth I e Lorde Essex.

A condução do enredo da ópera parece ter irritado a jovem rainha, que não gostou da sua famosa antecessora ser representada em flertes amorosos. Há quem diga que teve outros motivos. Quaisquer que sejam as razões, a recepção geral para Gloriana não foi positiva para a rainha e o público manifestou desprezo, tédio e desdém, além da imprensa crítica ter ficado descontente com o trabalho. Britten sentiu-se desanimado e deprimido por sua falha e durante sua vida, esta ópera permaneceu esquecida, embora um revival em 1966 por Sadler's Wells, em comemoração ao aniversário de Britten 50 anos, tenha podido resgatá-la do seu esquecimento. Gloriana recebeu apresentações mais freqüentes e gravações nos últimos anos.

A ópera se passa na Inglaterra em torno de 1600.
Em um torneio real, o ambicioso conde de Essex provoca uma luta com Mountjoy e é ferido. A punição dada pela rainha Elizabeth aos dois é que, doravante, deverão comparecer no tribunal sempre juntos. Eles se tornam amigos.

Cecil ( secretário do Conselho) adverte a sua majestade sobre a indisciplina de Essex, e sobre a ameaça provável de uma Armada da Espanha. Trabalhando por obter apoio, Essex lisonjeia a rainha e pede-lhe para ser nomeado seu vice na Irlanda, para sufocar o rebelde Tyrone . Elizabeth, vê nele a esperança de uma nação e consciente de sua posição como monarca, mas também preocupada com a sua impetuosidade, concede-lhe o pedido.

O fracasso de Essex na Irlanda está ligado à esperança da rainha no futuro do país e daí a sua frustração tomar proporções maiores. Essex deseja vê-la e nesse encontro ela desabafa sua decepção e o acusa de não haver justificado a confiança que nele depositou. Essex assegura-lhe a sua devoção, mas a indignação da soberana se transforma em dor. Sua decisão, no entanto, é tomada quando Penélope faz um pedido a favor de Essex, afirmando que este merece o perdão não só pelos serviços prestados à rainha mas pela posição que ocupa. Enfurecida, e enciumada, Elizabeth manda que lhe tragam a ordem de prisão, para assiná-la na presença da mulher que acaba de lhe mostrar o perigo de Essex.









Gloriana e seu compositor foram duramente atacados injustamente. A corte e a imprensa inglesas consideram um insulto mostrar o lado mais humano, e nem tão real, da rainha antecessora. A ópera é muito bonita e bem feita e se vê o empenho do compositor em compor uma ópera nacional para uma grande ocasião.

Entrando no 2º período, a ópera de câmara, vamos falar de "The Rape of Lucretia".

"The Rape of Lucretia"(O Estupro de Lucrécia) é uma ópera em dois atos e o libreto de Ronald Duncan, com base na peça "Le Viol de Lucrèce" de André Obey, sendo que sua estreia se realizou em Glyndebourne em 1946. Depois, essa montagem saiu em turnê pela Inglaterra, com elenco duplo.

A história se passa em Roma e seus arredores, 500 anos a.C.
Num acampamento, os oficiais discutem o resultado da aposta que fizeram na noite anterior, quando voltassem as suas casas sem avisar, para surpreender suas mulheres. Só Lucrécia, mulher de Colatino, foi encontrada no lar, pois todas as outras estavam em situações comprometedoras.

Tarquinio, príncipe de Roma, proclama que Colatino ganhou a aposta e que Júnio está sendo corneado. Tarquinio e Júnio começam a brigar, mas são separados por Colatino. Júnio sai furioso da tenda e, terrivelmente enciumado da castidade de Lucrécia, jura vingar-se e, assim, sugere a Tarquinio que nem ele ousaria pôr em prova a castidade de Lucrécia.

Lucrécia está em seu lar, quando chega Tarquinio que vem lhe pedir a hospitalidade , a qual Lucrécia não pode recusar. À noite, Tarquinio invade o quarto de Lucrécia e confessa o seu desejo de amá-la. Lucrécia implora piedade e Tarquinio trata de dobrar a sua resistência. Lucrécia pega uma espada para defender-se, mas Tarquinio consegue subjugá-la, possuindo-a à força.

No dia seguinte, Lucrécia surge vestida de roxo, em sinal de luto, e manda chamar Colatino. Conta para o marido o ocorrido, evocando a dor e a vergonha para ambos. Colatino quer perdoá-la, mas ela acaba por se apunhalar, morrendo em seus braços.









No final da ópera o coro masculino canta que nem tudo está acabado, pois Jesus se encarregará de tudo.Assim, finaliza abrindo um caminho à ética cristã para extrair um moral dessa história pagã. Alguns críticos apelaram que esta entrada é bem uma apelação.

Levic

domingo, 10 de abril de 2011

85- Inglaterra séc.XX 9 - Benjamin Britten part.2

As 16 óperas de B.Britten constituem uma incessante busca da forma operística apropriada ao séculoXX, na qual o compositor percorreu basicamente quatro caminhos diferentes. O primeiro de linhas tradicionais, que incluem "Peter Grimes","Billy Bud" e "Gloriana".

Em seguida, ele inventou uma nova forma de ópera de câmara, inicialmente com uma pequena orquestra, sem coro, poucos solistas e destinadas a teatros pequenos, que vamos incluir: "The Rape of Lucretia", "Albert Herring", "The Beggar's Opera"(em cima da ópera de Peppuch) e "The Turn of the Screw".

Ainda mais originais, e também compostas para conjuntos e teatros menores, vieram então as óperas infantis: "The Little Sweep", "The Golden Vanity" e "Noye's Fludde", sendo que esta última destinada à apresentação em igrejas.

Uma quarta categoria, bem inovadora, é a das parábolas de igreja, compreendendo"Curlew River", "The Burning Fiery Furnace", e "The Prodigal Song". Cada uma dessas formas contrastantes comporta ainda, com uma certa flexibilidade: " A Midsummer Night's Dream",
"Owen Wingrave" e "Death in Venice" ( que não são nem tradicionais e nem de câmara), que mostraram ser viáveis tanto em grandes como pequenos teatros.

É portanto a diversidade que caracteriza suas óperas de Gloriana, composta para a coroação da rainha Elizabeth II, com seus grandes solos, suas cenas espetaculares e balés, à simplicidade de "Noye's Fludde" com seus tímpanos afinados e banda infantil de cornetas. Ou então da comédia farsesca de "Albert Herring" à concepção quase ritualística de "The Turn of the Screw", ou ainda das parábolas de igrejas quase monódicas às mudanças rápidas de clima de "Owen Wingrave". Mais ainda do tradicionalismo de "Peter Grimes" ao anticonvencionalismo de "Death in Venice".

Quando já se julgava encerrado o ciclo houve o reaparecimento de "Paul Bunyan" que havia saido de circulação. Nesta ópera, ele não se preocupa em preservar ou desafiar as normas operísticas, tratando apenas de inventar a sua própria linguagem, improvisando um aparato cênico, a partir do libreto escrito por Auden. Na época da sua estreia, com estudantes, foi um verdadeiro fracasso e por isso Brittem congelou-a até sua revisão, em 1976.(texto extraido do livro Kobbé Óperas)

Começaremos, pois, com ela.
Paul Bunyan é uma opereta "coral", composta por Benjamin Britten, com o livro e letra de WH Auden, que fala de um lenhador gigante que realiza atos sobre-humanos no folclore americano.

A ópera se concentra num acampamento, onde um grupo de lenhadores na América, nos tempos do pioneirismo, trabalha para construir uma nação. Os homens, trazidos de países ao redor do mundo, devem trabalhar juntos para encontrar um capataz e lidar com as dificuldades da vida no Novo Mundo. Paul Bunyan é um madeireiro gigante (concebido como projeção do espírito coletivo de um povo empenhado em dominar a natureza), por sua vez, luta para encontrar uma mulher de seu tamanho. Paul Bunyan tem uma filha, Tiny, de uma beleza que encanta a todos os madeireiros. Tiny é muito popular com os madeireiros e logo ela e o cozinheiro, Hot Biscuit Slim (Biscoito Fino), o bom cozinheiro, se apaixonam. No final, os madeireiros e todos os trabalhadores estão prosperando, como um bom sinal de que a América vai ser um sucesso.

Peter Grimes
é uma opera em um prólogo, três atos e epílogo , libreto de Montagu Slater, com base em poema de George Crabble. Estréia em 7 de junho de 1945 em Saddler's Wells, Londres.

Grimes não era um bom candidato para herói e Britten o transformou de maneira inesperada. Britten não via Grimes como um criminoso malvado, mas sim como um desajustado, rude e mal educado. O Grimes operístico compete em vão pelo respeito de seus vizinhos, mas nunca pode integrar-se completamente no círculo fechado da comunidade do burgo. Apesar de rodeado por sedutores, viciados em ópio e prostitutas, de alguma forma, é Grimes o bode expiatório para o descontentamento do município.

No inicio da ópera, Grimes está num inquérito sobre a morte de seu aprendiz. Grimes descreve como tentou ajudar o garoto, e ficamos sabendo que ele até salvou a vida do rapaz. Mas comportamento áspero e bruto de Grimes é o que ressoa com o público. Eles não podem enxergar a gentileza em seu interior. Somente a professora da vila – Ellen Orford, outra personagem de Crabbe — e Balstrode, o capitão da marinha aposentado, têm compaixão pelo pescador.

Tão logo Grimes consegue outro aprendiz, a comunidade prepara-se para ter um novo assassinato. Grimes quer conquistar a aceitação do povoado enriquecendo casando-se com Ellen. Infelizmente, seu aprendiz não é tão habilidoso, mas sim um garoto frágil que não gosta de trabalho duro.

Quando os aldeãos descobrem que o garoto está sendo maltratado, uma turba se dirige à cabana de Peter. O garoto, apressando-se para sair pelas portas dos fundos, escorrega e cai de um despenhadeiro. Assim morre o segundo aprendiz de Grimes. Grimes, que tecnicamente tampouco tem culpa desta morte, enlouquece. Nem mesmo Ellen pode protegê-lo agora. Ela e Balstrode aconselham Grimes a navegar até o fundo do mar e se matar.













Billy Budd é uma ópera trágica em quatro atos, com libreto de EM Forster e Eric Crozier, adaptado de um conto de Herman Melville.

Foi apresentada, pela primeira vez, no London Royal Opera House, Covent Garden, 1 de dezembro de 1951.Foi amplamente aclamada, tendo a cortina aberto mais de quinze vezes. Foi o maior sucesso.

O trabalho baseado na obra póstuma de Herman Melville, a novela Billy Budd, foi transformada em uma ópera de grande força dramática e sutileza psicológica. Apesar de Billy ser o héroi da ópera, o verdadeiro foco do trabalho fica centrado no dilema moral do capitão Vere que, confrontado com uma decisão angustiante entre seus sentimentos e o seu senso de dever, torna-se o centro do drama.

A história se passa à bordo do "HMS Indomáveis", um navio de 74 armas, durante as guerras franco-inglesas de 1797. Originalmente em quatro atos, Billy Budd foi revista em 1961 por Britten, que passou-a para dois atos.

Billy, um atraente jovem marinheiro que, ao ser falsamente acusado por John Claggart também conhecido por Jimmy Legs de que ele estaria tramando um motim, fica chocado e ataca Claggart, matando-o.

O capitão fica dividido entre salvar Budd de uma execução ou fazer o cumprimento da lei. Convoca um "tribunal", composto de Flint, Redburn e Ratcliffe. Ninguém gosta de Claggart mas a lei é clara. Assim,o capitão não pode intervir na a lei, e Budd é então condenado. O primeiro-tenente lê os artigos de guerra, Budd abençoa o capitão Vere e é enforcado.

No entanto, Melville é cheio de duplos significados e "innuendos" em Billy Bud , pois este pequeno conto pode ser interpretado com mais sutileza. O Capitão Vere parece muito atraído por Billy a ponto de Jimmy Legs parecer invejá-lo fortemente, mas não apenas inveja de um belo e jovem exemplar de marinheiro... talvez cíume da atração que Billy exerce sobre o Capitão. Ao tentar reconquistar a atenção do Capitão, Jimmy Legs sugere que Billy incitou um motim entre a tripulação, acusação esta que o Capitão (platonicamente enamorado?) imediatamente desmente. Com o aumento da tensão a bordo do navio (e aqui o paralelo entre a tensão amorosa e a tensão provocada pela morte de Legs às mão de Billy é genial) o Capitão é obrigado a condenar e mandar executar Billy, não só para controlar o possível motim mas, na realidade, para esconder a sua paixão, que teme não conseguir ocultar de outra forma.

Árias notáveis: "Billy Budd, o rei dos pássaros!" (Budd) e "Eu aceito o seu veredicto" (Vere)













Levic

sexta-feira, 8 de abril de 2011

84- Inglaterra séc.XX -9- Edward Benjamin Britten part.1


Edward Benjamin Britten (Lowestoft, 22 de novembro de 1913 — 4 de dezembro de 1976), OM, Barão Britten de Aldeburgh, foi um compositor e pianista britânico simpático à filosofia anarquista. Foi um dos mais importantes compositores britânicos, apresentando uma obra gigantesca de sinfonias, mas principalmente no mundo da ópera.


Britten iniciou-se na música desde cedo, talvez influenciado pelos seus pais, praticantes amadores. Aos 14 anos teria já composto dez sonatas em piano e seis quartetos de cordas, não excluindo um oratório e um poema orquestral intitulado "Chaos and Cosmos" (o Caos e o Cosmos).


A sua educação passou, como era normal na época, por uma escola particular local, e mais tarde pela Escola Gresham, de boa reputação a nível nacional, em Holt,
no condado vizinho de Norfolk. Aos 10 anos fica muito impressionado ao ouvir uma interpretação de "The Sea" («O Mar»), de Frank Bridge, com quem teria lições de composição três anos depois. A influência de Bridge na vida de Britten foi patente e durante toda a sua vida Britten se referia a ele com grande afeto e
respeito.

Britten faz projetos para ir estudar com Alban Berg, em Viena, não chegando, no entanto, a concretizar-se, provavelmente pela desaprovação do Colégio. Seria em Londres que Britten captaria a atenção do público ao interpretar uma das suas partituras estudantis, a Sinfonietta (Op. 1), por insistência de Adrian Boult.

Apesar da viagem para Viena não se concretizar, Britten conseguiu trabalho em Londres com maior regularidade, especialmente quando se dedicou a compor para filmes. Aí se tornou amigo de W. H. Auden que, em 1935, colaborou em "Our Hunting Fathers" («Os Nossos Antepassados Caçadores»), com posições radicais políticas e musicais, e de quem receberia o roteiro para a trilha sonora de "Night Mail", que quase se tornou clássica.

A sua produção começava a revelar-se impressionante, de modo que lhe foi oferecido um contrato pela editora Boosey and Hawkes, o que ele aceitou com entusiasmo.

Em 1936 estreou uma suite para violino e piano com Antonio Briosa, num recital radiofônico da BBC. Ainda nesse ano, tendo Auden ingressado na Guerra Civil Espanhola, escreveu, em colaboração de Lennox Berkeley, a obra intitulada "Mont Juic", baseada em danças catalãs, que se estrearia muitos anos depois em Barcelona, quando do III Festival Internacional de Música, em 1965.

Conhece, entretanto, o tenor Peter Pears de quem se tornaria amigo e companheiro para toda a vida. No outono de 1937, Britten, cuja casa natal de

Lowestoft fora vendida por morte dos pais, comprou "The Old Mill" na vila de Snape, no mesmo condado, um moinho antigo transformado em vivenda em 1933. Aí viveu, acompanhado sempre por Pears e outros amigos.

Em 1939, influenciado pelo desenrolar da política europeia e pela crítica hostil inglesa, ambos seguiram Auden, já de regresso, para a América e aí Britten compôs "Paul Bunyan", a sua primeira ópera, com texto de Auden, bem como várias músicas para a voz de Pears.
Este período foi particularmente notável para o seu trabalho com orquestra, incluindo "The Illuminations' («As Iluminações»), destinada a Sophie Wyss, em Londres, sobre originais franceses de Arthur Rimbaud, e os "Seven Sonnets of Michelangelo" («Sete Sonetos de Miguel Ângelo»), "Variations on a Theme of Frank Bridge" (para orquestra de cordas) e "Sinfonia da Requiem" (para orquestra completa), esta última para satisfazer uma encomenda do governo japonês para festejar o 2500º aniversário da dinastia Mikado — curiosamente estes negaram-se a estreá-la.

Porém, Sergey Kussevitzki ( diretor musical da Orquestra de Boston) interpretou-a em Boston e, antevendo as escusas de dificuldades econômicas de Britten como desculpa para não escrever mais óperas, lhe encomendou imediatamente uma ópera e assim se iniciou "Peter Grimes".


Em 1942, já em plena guerra, a nostalgia de Britten da sua terra puxou-o de volta para Inglaterra, num barco neutral sueco, instalando-se, de novo, no velho moinho de Snape.

Em 1945 concluiu Peter Grimes. Terminada a guerra, as preocupações concentravam-se em organizar o mundo pós-guerra, e o diretor da Ópera de Sadler's Wells, empenhado em reabrir o local, escolhe Peter Grimes para servir de inauguração.

Em junho desse ano, a ópera foi estreada com Pears no papel de Peter Grimes e Joan Cross no de Ellen, com uma orquestra alegadamente modesta . O sucesso foi estrondoso e não tardou a peça ser reproduzida pelas Europa e América.

Não obstante, as oposições por parte de alguns setores da música inglesa, levaram-no a cultivar o gênero da ópera e a trabalhar em obras verdadeiramente inglesas. Assim, juntamente com Joan Cross, formam um novo projeto operístico, o English Opera Group, e então em 1947 especializou-se em óperas de câmera.


É nesta altura que surgiu uma série de obras para o conjunto em questão, como "Billy Bud", baseada no romance homônimo de Herman Melville, "The Turn of the Screw!, uma cruel história de horror de Henry James e, entre outras, "The Young Person's Guide to the Orchestra" («Guia de Orquestra para Jovens»), um conjunto de variações e uma fuga sobre um tema de Purcell, inicialmente com uma orientação didáctica, mas que não impediu a sua popularidade.



No ano seguinte foi viver em Aldeburgh com Pears onde organizaria o Festival de Aldeburgh, que traria orquestras e coros à cidade.

Aldeburgh prosperava e Britten recebeu a preciosa ajuda de Imogen Holst (filha de Gustav Holst e maestrina), que se mudou para a cidade para passar horas incontáveis ao lado de Britten, ajudando-o com os manuscritos.


The Scallop, uma escultura em Aldeburgh em homenagem a Britten, é exibida com uma frase da célebre Peter Grimes: "Consigo ouvir as vozes que não serão afogadas".

Britten viajou até ao Extremo Oriente (Bali) onde a típica orquestra javanesa — o gamelão — lhe incutiu as influências patentes em "The Prince of the Pagodas" («O Príncipe dos Pagodes»), com a indução de alguns sons originais, sendo a única grande contribuição de Britten para o bailado.

No Japão, o teatro Nô fascinou o músico compositor, que adotou esse estilo em "Curlew River" («Rio Curlew»), a primeira de uma série de parábolas para serem representadas numa igreja.

Em 1962, para a reconstrução da Catedral de Coventry — que, embora não sendo das mais famosas catedrais de Inglaterra, a sua destruição fora sentida como perda nacional — Britten foi encarregado de escrever a música para a consagração do novo templo, surgindo assim' War Requiem" («Réquiem da Guerra»), que seria interpretada por Peter Pears, o alemão Dietrich Fischer-Dieskau e a russa Galina Vichnevskaia.


Nesta época, Britten começou a visitar a URSS frequentemente, quer na qualidade de intérprete, quer na de regente. Nestes anos, como sempre adaptado às circunstâncias, escreveu muitas peças para violoncelo, onde se inclui a Sinfonia de Violoncelo e Orquestra.

Talvez devido ao ruído dos aviões de Aldeburgh, Britten e Spears mudaram-se de novo em 1970, desta vez para Horham, no mesmo condado. Foi neste ano que completou "Owen Wingrave", já preparada para ser representada na televisão.


Três anos depois compôs "Death in Venice" («Morte em Veneza»), baseada na novela de
Thomas Mann, uma narração dos últimos dias de um pianista já de idade madura. Com esta obra há o retorno à ópera, que foi aclamadA pelo público como a sua obra-prima.

Porém, Britten começava a sentir problemas no coração. Chegou mesmo a adiar a intervenção médica para poder terminar Death in Venice.

Durante os anos que lhe restaram, Britten empenhou-se no seu terceiro e último quarteto de cordas, mas tendo limitada atuação em certas atividades. Não obstante, recebeu assim honras públicas que lhe serviriam de estímulo, como a nomeação de Lord Britten de Aldeburgh pela própria Rainha de Inglaterra, honra concedida pela primeira vez a um compositor britânico.

Em 1976 conseguiu ainda passar umas férias em Bergen onde iniciava novas obras enquanto ali descansava. Todavia, em novembro desse ano, pouco depois de completar 63 anos, morreu em Aldeburgh.

As óperas formaram a parte mais importante de sua obra:
Paul Bunyan (Nova Iorque, 1941), baseada no livro e letra de WH Auden;

Peter Grimes (Sadler Wells, 1945), ópera baseada em The Borough, de George Crabbe;

The Rape of Lucretia (Glyndebourne, 1946),

Albert Herring (Glyndebourne, 1946), a ópera cômica, baseada na história "Le Rosier de Mme. Husson" de Guy de Maupassant;

Vamos fazer uma ópera (Aldeburgh, 1949), ópera bufa com participação do público,

Billy Bud (Convent Garden, 1951), baseada na novela de Herman Melville;

Gloriana (Convent Garden, 1953), para a coração da Rainha Isabel II do Reino Unido;

The turn of the screw (Fenice, 1954), baseada na história de Henry James;

Sonhos de uma noite de verão (Aldeburgh, 1960)

Noye's Fludde (1958), em inglês arcaico, mais tarde referenciada como Noah's Flood («Dilúvio de Noé»);

A Midsummer Night's Dream (1960), baseada em Shakespeare;

Curlew River (1964);

The Burning Fiery Furnace (1966);

The Prodigal Son (1968);

Owen Wingrave (1971) uma ópera para televisão;

Death in Venice (1973) baseada na novela de Thomas Mann.

e uma revisão de "A ópera dos mendigos (1728) (Cambridge, 1948) de John Gay e Pepusch.


Levic

domingo, 6 de março de 2011

83- Inglaterra - séc.XX - 8 -Michael Tippett Kemp


Sir Michael Tippett Kemp
OM CH CBE ( nascido em Londres, 2 de janeiro de 1905 - 8 de Janeiro de 1998) foi um dos compositores mais importantes do século XX para a música britânica.

Apesar de ter tido uma infância sem problemas financeiros, depois que seus pais perderam o seu negócio no hotel no sul da França, a família decidiu viajar através do continente, mas acabou por se instalar na Inglaterra, onde ele e seu irmão foram para os colégios.

Naquela época, Tippett ganhou uma bolsa de estudos na Fettes College, de Edimburgo, mas logo mudou-se para Stamford School, depois de uma experiência pessoal extremamente infeliz. Isso, combinando com a descoberta de sua homossexualidade, contribuiu para torná-lo, na adolescência, um rapaz solitário e um pouco estressado.

Embora tivesse aceito a sua orientação sexual, parece que ele começou a sentir a tensão emocional numa idade bastante precoce, e isso mais tarde se tornou a principal motivação para sua composição.

Antes de seu tempo em Stamford, Tippett dificilmente teve algum contato com a música e muito menos com a formação musical formal. Ele lembrou que foi em Stamford, onde teve aulas de piano e viu a condução de Malcolm Sargent , que decidiu se tornar um compositor, embora ele não soubess o que queria dizer ou ainda por onde começar.

Registrou-se como um estudante no Royal College of Music, onde estudou composição com Charles Wood e Kitson CH, sendo que este, no estudo de contraponto, teve profunda influência sobre o estilo futuro de Tippett na composição, e em suas obras ,apesar da sonoridade complicada, elas são essencialmente contrapontística.

Nesta mesma escola, Tippett também estudou regência com Adrian Boult e Malcolm Sargent.

Na década de 1920, vivendo apenas em Surrey, ele mergulhou na vida musical, na regência de corais e na óperas amadora local.
Mais tarde, lecionou na Faculdade Morley.

Ao contrário de seus contemporâneos como William Walton e Benjamin Britten, Tippett não foi um compositor precoce e foi severamente críticado nas suas primeiras composições.

Com 30 anos de idade, estudou contraponto e fuga com Morris RO. Suas primeiras composições maduras revelam um fascínio para estes aspectos.

Ex-membro do Partido Comunista, em 1935 Tippett rompeu com eles para aderir ao grupo bolchevique trotskista-leninista. Ele logo se mudou para o pacifismo e se juntou à Peace Pledge Union.

Mais tarde, ele serviu como presidente da Promessa de Paz da União, e um de seus últimos atos públicos foi desvelar a Laje Comemorativa aos objetores de consciência em Tavistock Square, Bloomsbury, de Londres, em 15 de maio de 1994, (International Objectores de Consciência 'Day).

Nos meados dos anos 1960 até início dos anos 1970, Tippett tinha uma relação estreita com as Escolas de Leicestershire Symphony Orchestra (LSSO), conduzindo-as regularmente no Reino Unido e em turnê pela Europa e, em geral apoiando o programa estatal financiado pela educação musical que tinha produzido uma orquestra com padrões elevados.

Ele conduziu o LSSO quase exclusivamente na música do século 20, incluindo Gustav Holst 's The Planets, Charles Ives' s Três Lugares na Nova Inglaterra , Gershwin 's Rhapsody in Blue, Hindemith' s Symphonic Metamorphoses sobre temas de Weber e muitas novas obras de compositores ingleses.

Sob a direção de Tippett, o LSSO, uma orquestra de crianças do ensino secundário entre 14 e 18, apresentou-se regularmente na BBC Rádio e na TV, fez propagandas comerciais e estabeleceu novos padrões para fazer música em um contexto educacional. Muitos líderes intérpretes britânicos tinham sua primeira experiência de música orquestral no LSSO sob Tippett.

Sua ópera, Ano Novo, recebeu a sua estreia em 1989. Depois veio Bizâncio, uma peça para soprano e orquestra estreada em 1991. Sua autobiografia, Those Twentieth Century Blues também apareceu em 1991. Um quarteto de cordas seguido em 1992. Em 1995, seu nonagésimo aniversário foi comemorado com eventos especiais na Grã-Bretanha, no Canadá e nos E.U., incluindo a estréia de seu último trabalho, O Lago Rosa. Nesse ano, uma coleção de seus ensaios,intitulado Tippett em Música, também apareceu.

Em 1997, em Estocolmo para uma retrospectiva de sua música de concerto, ele adquiriu uma pneumonia e foi levado para a Inglaterra, onde morreu no início de 1998.

Sua opinião pacifista levou-o a uma pena de prisão durante a guerra: em 1943, no auge da guerra, ele foi intimado a comparecer perante um tribunal do governo britânico para justificar o seu estatuto de objetor de consciência. Em vez de receber uma isenção absoluta, foi requisitado para fazer um trabalho agrícola em tempo integral, mas teve que rejeitar essa condição porque envolveria desistir de seu trabalho musical em Morley College. Foi posteriormente preso por três meses, HMP Wormwood Scrub,Wormwood Scrubs, onde aproveitou para musicar meticulosamente a entrada da sua "Who's Who" .

Tippett foi considerado por muitos como um "outsider" na música britânica, uma visão que podem estar relacionada ao seu estatuto de objetor de consciência durante a II Guerra Mundial e sua homossexualidade. Por muitos anos sua música não foi mais tocada e nem difundida.

Os libretos de suas óperas, e outras obras, refletem o seu interesse apaixonado pelos dilemas da sociedade humana, tendo como ênfase a resistência da força do espírito humano.

Sua música é normalmente vista como se encaixando em quatro períodos distintos. O primeiro período (1935-1947) inclui os três primeiros quartetos, o Concerto para Orquestra de Cordas , o oratório A Child of Our Time (escrito com o seu próprio libreto e com o incentivo de TS Eliot, a primeira realizada por Morley College Choir) e o andamento da Primeira Sinfonia. Este período é caracterizado pela energia do contraponto vigoroso e profundamente lírico com movimentos lentos.



O segundo período até a década de 1950, inclui a ópera "As Bodas de Verão", a "Fantasia Concertante sobre um tema de Corelli", "Concerto para Piano e Orquestra Sinfônica , apresentando este período as texturas ricas e melodias efervescentes.







Gildas Diquero com Strephon na ópera "The Midsummer Marriage' de Tippett apresentada no Covent Garden.


O terceiro período, de 1960 e 70, está em contraste gritante, e caracteriza-se pelas declarações abertas com simplicidade de textura, como nas óperas "Rei Príamo" e "The Knot Garden", o "Concerto para Orquestra" e a "Segunda Sonata para Piano".

The Knot Garden



O quarto período é uma rica mistura de todos estes estilos, utilizando diversos dispositivos. As principais obras deste período foram as óperas "A Ice Break" e "Ano Novo", e os trabalhos em grande escala do coral The Mask of Time.

Tippett foi condecorado em 1966, e recebeu a Ordem do Mérito em 1983.





São suas óperas:
Robin Hood (balada da ópera, 1934)
The Midsummer Marriage (O Casamento de Verão) -1946
King Priam (Rei Príamo) -1958-61
The Knot Garden (O Jardim dos Nós) - 1965-70
Break The Ice (O Romper do Gelo) -1975-76
New Year (Ano Novo)- 1985-88


Levic

sexta-feira, 4 de março de 2011

82- Inglaterra- séc.XX -7 -Richard R.Bennett


Sir Richard Rodney Bennett, (nascido em 29 de março 1936, Broadstairs, Kent) é um compositor inglês, com renome tanto para os escores de seu filme e de sua performance de jazz, quanto para suas obras de concerto . Ele vive na cidade de Nova York desde 1979.

Richard Rodney Bennett era um aluno da Leighton Park School, a escola Quaker em Reading. Estudou na Royal Academy of Music comHoward Ferguson e Lennox Berkeley. Durante esse tempo, ele assistiu alguns dos cursos de Verão de Darmstadt, onde foi apresentado ao serialismo. Mais tarde, passou dois anos em Paris como estudante do proeminente serialista Pierre Boulez.

Como um dos músicos mais respeitados e versáteis da Grã-Bretanha, Bennett produziu mais de duas centenas de obras para a sala de concertos, cinqüentas partituras para cinema e televisão, bem como tem sido um escritor e intérprete de canções de jazz durante cinquenta anos.

Estudou com Boulez em 1950 onde mergulhou nas técnicas da vanguarda europeia , embora posteriormente, tenha desenvolvido o seu próprio estilo dramato-abstrato. Nos últimos anos, ele adotou uma expressão cada vez mais tonal.

Em 1995, para comemorar sua edição 200, a revista Times publicou uma lista de pessoas consideradas importantes para a comunidade gay britânica e Bennett foi nomeado como uma das principais figuras musicais na lista.

Apesar de seus primeiros estudos em técnicas modernistas, o gosto de Bennett é mais tradicional, e ele tem escrito em uma ampla gama de estilos, mas tendo particularmente um gosto especial pelo jazz.

Logo no início, ele encontrou sucesso ao compor músicas para filmes de longa metragem, embora tenha considerado que isto fica subordinado à sua música de concerto. No entanto, ele continuou a escrever música para filmes e televisão, e entre as suas partituras estão as de "Doctor Who"; a história dos "Os Astecas (1964); "Far From The Madding Crowd" ( Longe da Multidão de Madding) (1967), neste último foi indicado para um Oscar; Nicholas e Alexandra ( 1971), também nomeado para um Oscar; Assassinato no Orient Express (1974), indicado ao Oscar e ganhou um BAFTA, em Enchanted April (1992); Quatro Casamentos e um Funeral (1994) e The Tale of Sweeney Todd (1998). Abaixo, cenas do "Murder on the Orient Express".




Trilha do Filme Assassinato no Expresso Oriente.


"Doctor Who"

Apesar desse ecletismo, a música de Bennett raramente envolve cruzamento de estilos, sendo também um prolífico compositor de obras orquestrais, solos de piano, obras corais e óperas.

Entre suas obras incluem as duas óperas encomendadas por Sadler's Wells, As minas de Enxofre (1965) e ( Um Centavo para uma Canção) - A Penny for a Song (1968), a ópera encomendada pelo Covent Garden, Vitória (1970), e a obra coral, Magias (1975 ). Além dessas, ainda compôs The Ledge - 1961, The Thief Midnight (com libreto de Ian Serraillier) - 1964, The Mines os Sulphur (As minas de enxofre) - 1965

Ele foi o tutor do célebre compositor Grayston Ives.

The Mines of Sulphur, é um título que foi retirado de uma citação de Otelo. É uma história de horror que se passa a 200 anos atrás. A ópera recebeu uma apreciação como uma ópera de encantos sinistros e vaidade lírica.

O libreto foi foi escrito por Beverley Cross, baseado em sua peça Scarlet Ribbons, tendo sua estreia no Sadler's Wells em 1965 e mais tarde, foi soberbamente dirigida por Giorgio Strehler, no Scala de Milão .

O cenário é uma mansão no país ocidental no século 18, numa noite de inverno há muito tempo na região Oeste da Inglaterra, onde um velho aristocrata lascivo, Braxton, é assassinado pelo amante de sua ex-agente Rosalind. Rosalind, seu amante Boconnion , e um velho mendigo, Tovey, posteriormente, planejam assumir a mansão decadente e apropriar-se das luxuosas jóias e roupas de Braxtons . Enquanto se preparam para roubar os objetos de valor e, em seguida, sair, os planos do trio são interrompidos pela chegada de uma trupe de atores que vieram em busca de refúgio contra a intempérie. Boconnion concorda em deixar que os atores permaneçam na condição de que eles executem uma peça. Assim, eles escolhem a peça chamada de As Minas de Enxofre e a atuação dos atores, assustadoramente, espelha os acontecimentos que tiveram lugar na mansão antes deles chegarem. A tensão aumenta entre os atores e os três vagabundos e a história culmina com um desfecho inesperado.

Nada achei de vídeo ou música de suas óperas. Deixo, portanto, outras peças que valem a pena.







Levic

quarta-feira, 2 de março de 2011

81- Inglaterra -séc.XX 6 -Oliver Knussen


Oliver Knussen,nascido em Glasgow, no dia 12 de junho de 1952, cresceu perto de Londres, onde seu pai era diretor de contrabaixo da Orquestra Sinfônica de Londres por muitos anos.

Oliver Knussen é uma das figuras mais respeitadas da música britânica e, provavelmente, um dos que mais contribuiram para a vitalidade da música contemporânea na Inglaterra.

Ele tem um repertório amplo e variado, de obras de música de câmara, de três sinfonias e duas óperas, "Where The Wild Things Are" e "Higglety Pigglety Pop!", resultado de uma colaboração com Maurice Sendak.

Ocupa um lugar respeitado não só pela sua influência na música contemporânea, mas também como maestro aclamado e muito convidado para realizar concertos e programas de ópera no mundo inteiro.

Foi casado com Sue Knussen, que era produtora e diretora de programas de música para televisão da BBC e para o Canal do Reino Unido. Mulher de muito talento fez Leaving Home, que era uma série de sete programas de uma hora, com uma introdução à música do século 20 , ganhando em 1996 o prêmio BAFTA de Melhor Série Artes. Ela dirigiu o Departamento de Educação da Filarmônica de Los Angeles , na década de 1990. Oliver Knussen e Sue teve uma filha, Sônia, que é um soprano. Sue Knussen morreu de uma infecção no sangue, em Londres, em 2003.

Knussen começou a compor com seis anos de idade, mas foi num programa da ITV sobre o trabalho de seu pai com a Orquestra Sinfônica de Londres, que ele obteve o comissionamento para a sua primeira sinfonia (1966-1967). E assim aos 15 anos, Knussen entrou em cena para realizar a sua estreia com a sinfonia no Royal Festival Hall, Londres, em 7 de abril de 1968.

Após essa estréia, Daniel Barenboim, pediu-lhe para conduzir os trabalhos dos dois primeiros movimentos em Nova York. Neste trabalho e no seu Concerto para Orquestra (1968-1970), ele teve que absorver, de forma rápida e fluente, as influências dos compositores modernistas Britten e Berg. Foi assim que a Segunda Sinfonia (1970-1971) surgiu, e nas palavras de Julian Anderson o qual disse que: "a personalidade de composição de Knussen de repente apareceu, completamente formada."

Oliver Knussen frequentou a Escola de Purcell, e inicialmente estudou composição com John Lambert. Em 1970 ele foi premiado como o primeiro das três bolsas de Tanglewood, onde estudou com Gunther Schuller, e nos próximos anos, dividiu seu tempo entre a Inglaterra e os E.U.A..

Durante esse tempo, completou várias obras que foram posteriormente executadas em ambos os lados do Atlântico , estabelecendo sua reputação com as composições para " Hums e Songs of Winnie-the-Pooh" (1970), a Segunda Sinfonia (Margaret Grant Prize, Tanglewood 1971), Ocean de Terre (1972-3) e Ophelia Dances (comissão do centenário Koussevitzky, 1975).

Em 1975 Knussen retornou definitivamente para o Reino Unido e compôs a Terceira Sinfonia (1973-9), colocando-se na vanguarda da música contemporânea britânica. Este último trabalho teve um notável sucesso internacional na época de sua estréia, no Proms 1979, e depois fez cerca de 100 apresentações.

Os anos 1980 foram, em grande parte, dedicados à ópera com a colaboração de Maurice Sendak e, produzido por Glyndebourne Festival Opera, criou as famosas óperas "Where The Wild Things Are" (l979-83) e "Higglety Pigglety Pop!"(1984-5, revista em 1999).

Wild Things , desde a sua estréia em Londres no Teatro Nacional de Glyndebourne, recebeu regularmente convites para produções em muitas partes da Europa e dos Estados Unidos, bem como inúmeras apresentações de concertos, e tem sido gravada comercialmente para vídeo e disc-play.

De l983 até 1998, Knussen foi diretor artístico do Festival de Aldeburgh, e entre 1986 e 1993, dirigiu as atividades de música contemporânea no Tanglewood Music Center.

Em 1990-92 exerceu a presidência do Elise L. Composer Stoeger com a Chamber Music Society do Lincoln Center e, em 1992, em colaboração com Colin Matthews, estabeleceu um curso para composição contemporânea e cursos de Desempenho na Britten-Pears School, em Snape.

Várias das obras posteriores de Oliver Knussen foram rapidamente reconhecidas no seu repertório: Flourish com o Fireworks (1988), The Way to Castle Yonder (1988-90), Canções sem Voices (1992), Dois Orgãos (1994), o Concerto de Horn (1994 ) e mais recentemente, o Concerto para Violino (2002), que já recebeu mais de 50 apresentações em todo o mundo.

Knussen escreveu suas canções para Sue, uma configuração de quatro poemas para soprano e ensemble, 15 obras, como um memorial de homenagem à sua falecida esposa, e a música recebeu a sua estreia mundial em Chicago em 2006.

Obras recentes incluem Cleveland Imagens para orquestra (2003 -), Ophelia's Last Dance for piano (2004 -) e Requiem-Songs for Sue para soprano e orquestra de câmara (2005-6).

Oliver Knussen vive em Suffolk.

Suas obras mais importantes da década de 1980 são os seus dois "filhos"que são as óperas :"Where The Wild Things Are:"Where The Wild Things Are"" (Onde vivem os Monstros) e "Higglety Pigglety Pop!", com os libretos feitos por Maurice Sendak.

"Where The Wild Things Are" é uma ópera fantasia em um ato e nove cenas baseada no livro homônimo de Sendak, cuja estreia se deu em Bruxelas, em 1980. A ópera foi concebida, segundo o autor, em função dos recursos de um teatro de ópera, com seis cantores, dançarinos, grande orquestra e um amplo dispositivo cênico.




A ópera, fiel ao livro, conta a história de Max, que fazendo travessuras e pirraça com a mãe é mandado para a cama sem jantar. Em seu quarto, uma misteriosa floresta selvagem cresce fora de sua imaginação, e leva Max para a terra dos Wild Things. The Wild Things tem uma temível aparência de monstros, mas Max pode vencê-los "por olhar em seus olhos amarelos, sem piscar uma vez", e assim ele é feito "o Rei dos Wild Things", dançando com os monstros em uma grande balbúrdia e alegria. Mas logo ele se vê sozinho e com saudades de casa, e volta para casa para seu quarto, onde encontra a sua ceia esperando por ele, ainda quente.

Mas o que é mais impressionante no Wild Things são os bonecos de nove a doze metros de altura e feito de lycra, ou um outro tecido sintético, esticado sobre uma moldura de alumínio e adornados com cabelos,chifres e outros adornos, tornando-os muito realistas e absolutamente fiel à visão de Sendak. Os atores dentro do figurinos, podem manipular a boca e os braços por meio de alavancas, enquanto os técnicos controlam para o público os movimentos dos olhos e nariz.










Em 1973, o livro foi adaptado em um curta de animação dirigido por Gene Deitch na Krátký Film, Praga para Weston Woods Studios.
Em 1980 Sendak trabalhou com o compositor britânico Oliver Knussen na ópera para crianças baseada no livro, Where The Wild Things Are.

Em 2009 a versão foi para um filme em live-action dirigido por Spike Jonze e lançado em 16 de outubro de 2009.O filme é estrelado por Max Records como Max e Catherine Keener como sua mãe, fornecendo as vozes principais. A trilha sonora foi escrita e produzida por Karen O. O roteiro foi adaptado por Jonze e Dave Eggers. Sendak foi um dos produtores do filme.



Gunther Schuller, o compositor-maestro com quem Knussen estudou no Tanglewood Music Center, em Massachusetts no início dos anos 70, faz uma apreciação sobre ele desta maneira: "Olly tem um dom, que é dado a poucos compositores, que ele desenvolveu como uma verdadeira voz individual, e isso é a coisa mais importante que um compositor pode fazer. "



Levic

terça-feira, 1 de março de 2011

80- Inglaterra -séc.XX 5 Rutland Boughton



Rutland Boughton (Aylesbury, Buckinghamshire 23 de janeiro, 1878 - Londres, 25 de janeiro, 1960) foi um compositor inglês que se tornou conhecido no começo do século 20 como um compositor de ópera e música coral.

As obras musicais de Boughton incluem três sinfonias, concertos diversos, parte-songs, canções, música de câmara e óperas (que ele chamou de "teatro musical" como seguidor de Wagner). Sua obra mais conhecida foi a ópera "A Hora Immortal".





Uma outra obra, a "Belém" (1915), baseada no Coventry Nativity Play (músicas natalinas do medieval "Coventry Nativity Play") é notável por seus arranjos e coral de cânticos tradicionais de Natal, também se tornou muito popular nas sociedades de coral do mundo inteiro.


Outras óperas escritas por Boughton foram: "O nascimento de Arthur" (1913), "The Round Table" (1916), "A Dama Lily "(1934), "Avalon" e "Galahad" (1945) todas fazendo parte do ciclo arturiano de dramas de música, e ainda "A Donzela da Lua" ( 1919), "Alceste" (1922), e "A Rainha da Cornualha" (1924).

Além de suas composições, Boughton é lembrado por sua tentativa de criar um " Bayreuth Inglês " em Glastonbury, onde instalou a primeira série de Festivais de Glastonbury.

Rutland Boughton desde cedo mostrou sinais de talento excepcional para a música, embora as oportunidades de formação formal não tenham se tornado imediatamente disponíveis para ele.

Em 1902 abriu uma agência de concertos em Londres e seis anos depois vários músicos participavam, incluindo a influente família Rothschild, que lhe permitiu levantar dinheiro suficiente para estudar na RCM em Londres. Precisando de mais estudos, foi ser acompanhante oficial do barítono David Ffrangcon Davies, cuja filha Gwen, mais tarde, tornou-se associada dos Festivais de Glastonbury, desempenhando o papel de Etain, na famosa ópera "A Hora Imortal".

Em 1903 casou com Florença Hobley. Foi em 1905 (ano em que completou a sua primeira sinfonia "Oliver Cromwell) que ele foi abordado por Sir Granville Bantock para se tornar um membro da equipe do Birmingham e do Instituto de Música de Midland (agora o Conservatório de Birmingham).

Em Birmingham (1905 a 1911) Boughton foi presenteado com novas oportunidades e fez muitos amigos. Ele provou ser um excelente professor e um excelente condutor de coral que lhe rendeu muito reconhecimento. Ele foi atraído para as idéias socialistas através dos escritos de John Ruskin, William Morris, Edward Carpenter e George Bernard Shaw, tendo com este último uma relação de amizade durante toda a sua vida.

Foi também, durante esses anos, que ele ficou ligado à jovem estudante de arte, Christina Walshe, que mais tarde se tornaria sua companheira e "braço direito" para seus projetos de Glastonbury.

Sua amizade com Shaw começou quando Boughton lhe fez o convite para colaborar em uma ópera. Shaw inicialmente se recusou, mas depois percebeu que tinham algo em comum e que era um relacionamento para durar.

Baseado nos "Ciclos do Anel em Bayreuth de Wagner", e paralelamente ao conjunto de idéias do jovem poeta Reginald Buckley em seu livro "Arthur da Grã-Bretanha", Boughton definiu criar uma nova forma de ópera, que mais tarde chamou de "drama coral".

Neste ponto, os três colaboradores - Boughton, Buckley e Walshe - tiveram a intenção de estabelecer um festival nacional de teatro. Apesar de Convent Garden London ser o ideal para o repertório operístico anunciado, não correspondia aos planos estabelecidos por Boughton e Buckley e, eventualmente, eles decidiram que deviam construir seu próprio teatro.

Letchworth Garden City em Hertfordshire foi considerado um local adequado para o projeto, tanto que o Arts and Crafts Movement foi bem significativo na época, mas depois virou-se para a cidade de Somerset de Glastonbury, o local de descanso do alegado King Arthur e um lugar cheio de tradições musicais.

Glastonbury
Enquanto isso, Sir Dan Godfrey e sua orquestra Bournemouth combinou em dar um apoio à nova música inglesa e foi onde Boughton apresentou a primeira ópera do ciclo arturiano, O Nascimento de Arthur.

Em 1911, Rutland Boughton se demitiu de Birmingham e se mudou para Glastonbury, onde, juntamente com Walshe e Buckley, começaram a concentrar-se no estabelecimento escolar do país, já no primeiro verão nacional anual de música. A primeira produção não era de fato o projeto do ciclo arturiano, mas sim do novo coral no drama, The Immortal Hour, que ele compôs em 1912 e que, com um apelo nacional para arrecadar fundos, foi produzido com o apoio integral de pessoas interessadas no projeto.

No entanto, em agosto de 1914, no mês fixado para a abertura da primeira produção, a 1ª Guerra Mundial havia sido declarada e os planos tiveram que ser adiados.

Boughton, contudo, estava determinado a prosseguir e as festas começaram. Em vez de orquestra Beecham, ele usou um piano de cauda e em vez de um teatro, ele integrou a Assembleia Local , a qual manteve um centro de atividades até o final do Festivais em 1926.

Nesta altura já tinham montado o Boughton e encenado mais de 350 obras, 100 concertos de câmara, um número de exposições e uma série de palestras e recitais - algo nunca antes visto na Inglaterra.

Em 1922, o Festival Boughton's Players entrou em turnê e se estabeleceu em Bristol, no Festival Folk House (agora demolido) e em Bournemouth.


A mais notável e mais bem-sucedida das obras de Boughton é a ópera "A Hora Imortal", uma adaptação do jogo por Fiona Macleod (nome o pseudônimo de William Sharp), baseada na mitologia celta.

Tendo sido bem sucedido em Glastonbury e bem recebida em Birmingham, o diretor do então novo Birmingham Repertory Theatre, Barry Vincent Jackson, decidiu tomar o Glastonbury Festival numa produção que alcançou o recorde de execução de mais de 600 apresentações.

Em sua chegada ao Regent Theatre, em 1922, que fixou um prazo inicial de mais de 200 apresentações consecutivas e um 160 ainda em 1923, com um revival de grande sucesso em 1932. As pessoas vieram ver o Opera em mais de uma ocasião (incluindo membros da família real) e, especialmente, para ver e ouvir a jovem Gwen Ffrangcon-Davies, cujo papel como Etain iniciou a sua carreira profissional.

Além de A Hora Immortal e Belém, as suas outras óperas A rainha da Cornualha (1924) com base em Thomas Hardy e Alkestis (1922) baseado na peça grega de Eurípides (que chegou a Covent Garden em 1933), também foram muito bem recebidas.

A derrocada dos Festivais de Glastonbury surgiu quando Boughton, simpatizante com a Greve Geral e do bloqueio de mineiros de 1926, insistiu na encenação da ópera muito popular "Natividade de Belém" (1915) na Church House, Westminster, Londres, com Jesus nascendo em uma casa de um comum mineiro e Herodes como o top-capitalista de chapéu, ladeado por soldados e policiais. O evento causou grande embaraço para o povo de Glastonbury e eles retiraram o seu apoio a Boughton, fazendo com que o Festival entrasse em desativação.

Church House

De 1927 até sua morte em 1960, viveu em Kilcot Boughton, perto de Newent em Herefordshire, onde concluiu as duas últimas óperas de seu ciclo arturiano (Avalon e Galahad, que até hoje não foram executadas) e produziu alguns dos seus melhores trabalhos.

Estas obras incluem as sinfonias (a última foi realizada no Kingsway London Theatre em 1939, na presença de, entre outros, Ralph Vaughan Williams, Clarence Raybould e Alan Bush), um número de peças para oboé (incluindo dois concertos , um dedicado a sua talentosa filha Joy e outro para Leon Goossens), músicas de câmara e um número de peças orquestrais.

Em 1934 e 1935, Boughton tentou repetir os seus sucessos anteriores em festivais de Glastonbury, mas sua reputação afetada por sua orientação política para o comunismo, fez sua música posteriormente ficar negligenciada pelos próximos 40 anos. Ele se juntou ao Partido Comunista, pela primeira vez, em 1926. Boughton morreu na casa de sua filha, Joy, em Barnes, Londres, em 1960.

Para restaurar a reputação do compositor, The Rutland Boughton Music Trust foi criada em 1978, ano do centenário do compositor, para incentivar apresentações e gravações das obras de Rutland Boughton e, somente a partir daí, a sua importância na história da música britânica começou mais uma vez a ser apreciada.

Relação de suas óperas ou Dramas Musicais(como ele preferia chamar):
A Hora Immortal (1914)
Belém (1915)
A rainha da Cornualha - baseada na peça de Thomas Hardy -(1923-4)
Alkestis (1920-22)
A empregada doméstica Lily (1934)
O ciclo do rei Arthur.

Utilize o blog La Discoteca Clasica para ouvir cds desse autor.

Um trechinho da Immortal Hour foi colocado abaixo.


Levic