domingo, 10 de abril de 2011

85- Inglaterra séc.XX 9 - Benjamin Britten part.2

As 16 óperas de B.Britten constituem uma incessante busca da forma operística apropriada ao séculoXX, na qual o compositor percorreu basicamente quatro caminhos diferentes. O primeiro de linhas tradicionais, que incluem "Peter Grimes","Billy Bud" e "Gloriana".

Em seguida, ele inventou uma nova forma de ópera de câmara, inicialmente com uma pequena orquestra, sem coro, poucos solistas e destinadas a teatros pequenos, que vamos incluir: "The Rape of Lucretia", "Albert Herring", "The Beggar's Opera"(em cima da ópera de Peppuch) e "The Turn of the Screw".

Ainda mais originais, e também compostas para conjuntos e teatros menores, vieram então as óperas infantis: "The Little Sweep", "The Golden Vanity" e "Noye's Fludde", sendo que esta última destinada à apresentação em igrejas.

Uma quarta categoria, bem inovadora, é a das parábolas de igreja, compreendendo"Curlew River", "The Burning Fiery Furnace", e "The Prodigal Song". Cada uma dessas formas contrastantes comporta ainda, com uma certa flexibilidade: " A Midsummer Night's Dream",
"Owen Wingrave" e "Death in Venice" ( que não são nem tradicionais e nem de câmara), que mostraram ser viáveis tanto em grandes como pequenos teatros.

É portanto a diversidade que caracteriza suas óperas de Gloriana, composta para a coroação da rainha Elizabeth II, com seus grandes solos, suas cenas espetaculares e balés, à simplicidade de "Noye's Fludde" com seus tímpanos afinados e banda infantil de cornetas. Ou então da comédia farsesca de "Albert Herring" à concepção quase ritualística de "The Turn of the Screw", ou ainda das parábolas de igrejas quase monódicas às mudanças rápidas de clima de "Owen Wingrave". Mais ainda do tradicionalismo de "Peter Grimes" ao anticonvencionalismo de "Death in Venice".

Quando já se julgava encerrado o ciclo houve o reaparecimento de "Paul Bunyan" que havia saido de circulação. Nesta ópera, ele não se preocupa em preservar ou desafiar as normas operísticas, tratando apenas de inventar a sua própria linguagem, improvisando um aparato cênico, a partir do libreto escrito por Auden. Na época da sua estreia, com estudantes, foi um verdadeiro fracasso e por isso Brittem congelou-a até sua revisão, em 1976.(texto extraido do livro Kobbé Óperas)

Começaremos, pois, com ela.
Paul Bunyan é uma opereta "coral", composta por Benjamin Britten, com o livro e letra de WH Auden, que fala de um lenhador gigante que realiza atos sobre-humanos no folclore americano.

A ópera se concentra num acampamento, onde um grupo de lenhadores na América, nos tempos do pioneirismo, trabalha para construir uma nação. Os homens, trazidos de países ao redor do mundo, devem trabalhar juntos para encontrar um capataz e lidar com as dificuldades da vida no Novo Mundo. Paul Bunyan é um madeireiro gigante (concebido como projeção do espírito coletivo de um povo empenhado em dominar a natureza), por sua vez, luta para encontrar uma mulher de seu tamanho. Paul Bunyan tem uma filha, Tiny, de uma beleza que encanta a todos os madeireiros. Tiny é muito popular com os madeireiros e logo ela e o cozinheiro, Hot Biscuit Slim (Biscoito Fino), o bom cozinheiro, se apaixonam. No final, os madeireiros e todos os trabalhadores estão prosperando, como um bom sinal de que a América vai ser um sucesso.

Peter Grimes
é uma opera em um prólogo, três atos e epílogo , libreto de Montagu Slater, com base em poema de George Crabble. Estréia em 7 de junho de 1945 em Saddler's Wells, Londres.

Grimes não era um bom candidato para herói e Britten o transformou de maneira inesperada. Britten não via Grimes como um criminoso malvado, mas sim como um desajustado, rude e mal educado. O Grimes operístico compete em vão pelo respeito de seus vizinhos, mas nunca pode integrar-se completamente no círculo fechado da comunidade do burgo. Apesar de rodeado por sedutores, viciados em ópio e prostitutas, de alguma forma, é Grimes o bode expiatório para o descontentamento do município.

No inicio da ópera, Grimes está num inquérito sobre a morte de seu aprendiz. Grimes descreve como tentou ajudar o garoto, e ficamos sabendo que ele até salvou a vida do rapaz. Mas comportamento áspero e bruto de Grimes é o que ressoa com o público. Eles não podem enxergar a gentileza em seu interior. Somente a professora da vila – Ellen Orford, outra personagem de Crabbe — e Balstrode, o capitão da marinha aposentado, têm compaixão pelo pescador.

Tão logo Grimes consegue outro aprendiz, a comunidade prepara-se para ter um novo assassinato. Grimes quer conquistar a aceitação do povoado enriquecendo casando-se com Ellen. Infelizmente, seu aprendiz não é tão habilidoso, mas sim um garoto frágil que não gosta de trabalho duro.

Quando os aldeãos descobrem que o garoto está sendo maltratado, uma turba se dirige à cabana de Peter. O garoto, apressando-se para sair pelas portas dos fundos, escorrega e cai de um despenhadeiro. Assim morre o segundo aprendiz de Grimes. Grimes, que tecnicamente tampouco tem culpa desta morte, enlouquece. Nem mesmo Ellen pode protegê-lo agora. Ela e Balstrode aconselham Grimes a navegar até o fundo do mar e se matar.













Billy Budd é uma ópera trágica em quatro atos, com libreto de EM Forster e Eric Crozier, adaptado de um conto de Herman Melville.

Foi apresentada, pela primeira vez, no London Royal Opera House, Covent Garden, 1 de dezembro de 1951.Foi amplamente aclamada, tendo a cortina aberto mais de quinze vezes. Foi o maior sucesso.

O trabalho baseado na obra póstuma de Herman Melville, a novela Billy Budd, foi transformada em uma ópera de grande força dramática e sutileza psicológica. Apesar de Billy ser o héroi da ópera, o verdadeiro foco do trabalho fica centrado no dilema moral do capitão Vere que, confrontado com uma decisão angustiante entre seus sentimentos e o seu senso de dever, torna-se o centro do drama.

A história se passa à bordo do "HMS Indomáveis", um navio de 74 armas, durante as guerras franco-inglesas de 1797. Originalmente em quatro atos, Billy Budd foi revista em 1961 por Britten, que passou-a para dois atos.

Billy, um atraente jovem marinheiro que, ao ser falsamente acusado por John Claggart também conhecido por Jimmy Legs de que ele estaria tramando um motim, fica chocado e ataca Claggart, matando-o.

O capitão fica dividido entre salvar Budd de uma execução ou fazer o cumprimento da lei. Convoca um "tribunal", composto de Flint, Redburn e Ratcliffe. Ninguém gosta de Claggart mas a lei é clara. Assim,o capitão não pode intervir na a lei, e Budd é então condenado. O primeiro-tenente lê os artigos de guerra, Budd abençoa o capitão Vere e é enforcado.

No entanto, Melville é cheio de duplos significados e "innuendos" em Billy Bud , pois este pequeno conto pode ser interpretado com mais sutileza. O Capitão Vere parece muito atraído por Billy a ponto de Jimmy Legs parecer invejá-lo fortemente, mas não apenas inveja de um belo e jovem exemplar de marinheiro... talvez cíume da atração que Billy exerce sobre o Capitão. Ao tentar reconquistar a atenção do Capitão, Jimmy Legs sugere que Billy incitou um motim entre a tripulação, acusação esta que o Capitão (platonicamente enamorado?) imediatamente desmente. Com o aumento da tensão a bordo do navio (e aqui o paralelo entre a tensão amorosa e a tensão provocada pela morte de Legs às mão de Billy é genial) o Capitão é obrigado a condenar e mandar executar Billy, não só para controlar o possível motim mas, na realidade, para esconder a sua paixão, que teme não conseguir ocultar de outra forma.

Árias notáveis: "Billy Budd, o rei dos pássaros!" (Budd) e "Eu aceito o seu veredicto" (Vere)













Levic

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