segunda-feira, 25 de julho de 2011

109- A ópera na Finlândia - séc.XX - Sibelius, Merikanto


A Finlândia tem-se apresentado com muito interesse pela música operística principalmente a partir das três últimas décadas do século 20, sendo que seu marco decisivo foi no ano de 1975, quando foram estreadas as óperas "Ratsumies" (O Cavaleiro), de Aulis Sallinen e "Viimeiset kiusaukset" (As Últimas Tentações), de Joonas Kokkonen. O grande entusiasmo pelas óperas fizeram-na tomar o formato de grandes óperas baseadas no folclore, apresentadas em teatros ao ar livre, e óperas com temas campestres, apresentadas por grupos amadores locais. Rapidamente, o título de ´ópera` foi aplicado em obras que na realidade eram "Singspiele", ou musicais. O termo ópera deixou de ser uma denominação desconhecida para o público em geral.

O conceito de 'ópera' foi um tanto generalizado desde então, mas por outro lado, serviu para aumentar o interesse do público em geral pelo gênero lírico, o qual assim se expandiu e se renovou. Há óperas religiosas, incluindo cânticos para a comunidade e hinos, óperas para ocasiões festivas montadas à beira de um lago, ou num museu ao ar livre, como também as óperas para crianças e adolescentes ou ainda as óperas desportivas. É um conceito moderno de ópera.

Muito do seu desenvolvimento se deve também aos grandes festivais de óperas que acontecem a partir de 1967, como o Festival de Ópera de Savonlinna que foi reativado, tornando o Castelo de Olavinlinna, do século XV, o segundo mais importante teatro lírico da Finlândia depois da Ópera Nacional da Finlândia. O Festival cresceu rapidamente e tornou-se um evento de importância internacional.

Na década de 90, a ópera finlandesa ganhou finalmente um teatro digno da sua categoria. O novo Teatro de Ópera em Helsinque foi inaugurado em novembro de 1993, e providenciou à Ópera Nacional da Finlândia um espaço de classe internacional. Como resultado, surgiram pequenas e competentes companhias de ópera procurando uma nova forma de expressão lírica. A tendência, que começou nos anos 70, resultou numa reforma do conteúdo na ópera. As pequenas companhias ressuscitaram um gênero que estava quase esquecido - a ópera de câmara. Este fato deu a muitos novos compositores a oportunidade de escreverem óperas.

Ainda se pode dizer que com o surgimento de sociedades líricas, onde estrearam dezenas de óperas, tiveram uma grande importância para os compositores como Tauno Marttinen ( 1912), de quem quase todas as óperas eram compostas por encomenda por pequenas sociedades líricas e estreadas fora de Helsinque.

Entretanto, o status da ópera na Finlândia foi reforçado principalmente pelas tournés da sua Ópera Nacional pelo estrangeiro, com grande sucesso no final dos anos 70 e na primeira parte dos anos 80. Em geral, essas tournés apresentavam as óperas de Joonas Kokkonen, "Viimeiset kiusaukset" (As Últimas Tentações) e de Aulis Sallinen, "Punainen viiva" (A Linha Vermelha). Por fim, a Ópera Nacional da Finlândia foi convidada para se apresentar, na Primavera de 1983, na Metropolitan Opera de Nova Iorque.

Assim, pode-se falar de grandes compositores na Finlândia, além do já tão conhcecido Jean Sibelius que compôs apenas uma ópera e não tão conhecida pelo sucesso, que é a chamada de "Jungfrun i tornet", (A Senhora na Torre). Ele dedicou-se mais às sinfonias, assim como Beethoven.

Jean Sibelius (Hämeenlinna, 8 de dezembro de 1865 — Järvenpää, 20 de setembro de 1957) foi um compositor finlandês de música erudita, e um dos mais populares compositores do final do Século XIX e início do século XX. Sua genialidade musical também teve importante papel na formação da identidade nacional finlandesa. Dentre as composições mais famosas de Sibelius, destacam-se: Concerto para Violino e Orquestra em ré menor (obra de grande expressão, melodiosidade profunda e virtuosismo, que goza de grande popularidade entre os violinistas e o público, tornando-se em um dos concertos para violino mais executados nas salas de concerto), Finlandia, Valsa Triste (o primeiro movimento da suíte Kuolema), Karelia Suite e O Cisne de Tuonela (um dos quatro movimentos da Lemminkäinen Suite). Sibelius não fez ópera. Seu nome entra aqui pela importância de sua influência musical nas obras de outros compositores.

Como exemplo de sua música deixo um excerto de Finlandia:


Uma das belas canções feitas por Sibelius,"The Tryst", cantada por Karita Mattila.



Aarre Merikanto (29 de junho de 1893, Helsinki - 29 de setembro de 1958) foi um compositor finlandês, filho de Liisa Häyrynen e do famoso compositor romântico, professor Oskar Merikanto. Sua infância foi passada em Vilppula , na Finlândia. Ele é considerado um dos compositores mais notáveis da Finlândia, assim como Einojuhani Rautavaara e Jean Sibelius. Estudou música em Helsinque em 1911, e depois em Leipzig 1912-1914 e Moscou 1916-1917.
Merikanto foi diagnosticado com câncer de pulmão no verão de 1957, e morreu no ano seguinte. Seu filho é o escultor Ukri Merikanto .

Compôs sinfonias, concertos, poemas sinfônicos , mas grande parte de sua composição foi perdida, através dos tempos. Escreveu a ópera "Juha" (1922), que é a única mais famosa. Antes, ainda muito novo e incentivado por seu pai, escreveu a ópera Helena, uma obra com acompanhamento de piano, concluída em 1912 e apresentada uma vez em um evento de gala beneficente, em Helsinque.

Pode-se dizer que a ópera finlandesa alcançou um nível internacional com a obra de Aarre Merikanto (1893-1958) que lançou a pedra fundamental para o Modernismo finlandês, escrevendo uma música inspirada na obra de Alexander Scriabin.

Entretanto, a sua ópera "Juha" (1922) teve de esperar quatro décadas antes de ser estreada, posto que suas tendências eram demasiadamente modernistas. "Juha" é uma obra fundamental da ópera finlandesa e, depois de sua estreia, que foi palco em Lahti em 28 de outubro de 1963, ficou com um lugar garantido no repertório básico dos teatros líricos finlandeses.

A história se passa na década de 1880 e está situada no Kainuu (uma região selvagem do norte da Finlândia), na Carélia e Uhtua do lado russo da fronteira. Os acontecimentos da ópera, na fronteira entre o Oriente e o Ocidente, são provocados pela dura realidade, de que a vida é diferente do outro lado da fronteira, o que causa uma falta de entendimento por uma lado e a auto-suficiência pelo outro.
Ao invés de retratar os eventos em si, a música reflete os modos e as cargas emocionais gerados pela ação.
Juha se baseia no romance de mesmo nome de Juhani Aho, publicado em 1911, e é uma síntese magistral do modernismo nacional e internacional em um espírito impressionista expressionista. Apesar de fazer uma descrição pitoresca da sociedade agrária finlandesa, é acima de tudo um drama intemporal triangular com a música que ainda tem um novo recurso: o envelhecimento de Juha, sua jovem esposa Marja, e o sedutor Shemeikka.

Veja alguma coisa desta ópera, através dos vídeos abaixo, e sinta a beleza de sua dramaticidade.




Continua no próximo post.

Levic

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