quarta-feira, 20 de julho de 2011

106- No tempo das operetas






Gostaria de deixar registrado no meu blog um artigo escrito por Arthur Torelly Franco, intitulado "No tempo das Operetas", que melhor que ninguém explica tão bem o valor de Franz Lehár para o mundo da música. Caso haja alguma dúvida quanto ao meu acesso para postar no meu blog um artigo publicado de outra pessoa, deixo que estou, a qualquer momento, apta a fazer qualquer mudança necessária ou retificações. O e-mail do autor do artigo é torelly@polors.com.br


"O Dicionário de Ópera de Charles Osborne traz a seguinte definição de Opereta:
Opereta – Termo empregado para designar uma ópera ligeira com diálogo falado, canções e danças. A opereta desenvolveu-se a partir da opéra comique francesa da primeira metade do século XIX, embora seu equivalente de língua alemã na Áustria também tivesse antecedentes de que Die Zauberflöte(A Flauta Mágica) de Mozart, é um dos primeiros exemplos.

As operetas de Offenbach, Messager e outros na França, bem como de Johann Strauss Fº, Lehár e seus seguidores em Viena, levaram, com o passar do tempo, à comédia musical e ao musical, à medida que compositores da Europa Central se dirigiram para o Novo Mundo.

Franz Lehár (1870-1948) – Dois anos após a estréia de sua opereta A Viúva Alegre (Die Lustige Witwe) já havia se transformado no Andrew Lloyd Webber da sua época. Graças a essa criação ele ficou multimilionário e sua peça atingiu em Londres, a sua 778ª performance.

O rei Eduardo VII, deslumbrado pela música de Lehár assistiu esta opereta por quatro vezes. A Viúva Alegre foi pioneira em termos de "merchandising". Em Nova Iorque vendia-se de tudo com este nome. Desde cigarros a coquetéis, bem como chocolates e peças íntimas do vestuário feminino.

Lehár era filho de um chefe de banda militar e passou a infância vivendo junto ao Regimento de seu pai, circulando pelas principais cidades do Império Austro-Húngaro. Ao atingir a adolescência passou a estudar no Conservatório de Praga. Em poucos meses, Dvorak, seu professor, ordenou ao aluno: - Guarde seu violino e comece a compor.

O início foi difícil, já que suas primeiras operetas não obtiveram aprovação popular. A sorte sorriu para Lehár no dia em que ele recebeu o libreto de A Viúva Alegre, escrito por Oscar Léon e Leo Stein, autores de Sangue Vienense (Wiener Blut), uma das obras mais populares de Johann Strauss.

Durante os ensaios no "Theater an der Wien" – o mais famoso teatro de operetas de Viena – seus administradores passaram a temer que a peça não tivesse futuro. Eles ofereceram à Lehár cinco mil coroas para desistir do espetáculo. O compositor foi irredutível e apesar de forte
oposição conseguiu estrear sua obra no dia 30 de dezembro de 1905.

Apesar da reação positiva da platéia, nas primeiras semanas de exibição o espetáculo atraiu um público pequeno. Lehár chegou a distribuir dezenas de ingressos gratuitos para manter a casa cheia. Com o passar das semanas, auxiliada pelos comentários positivos da exigente crítica vienense, A Viúva Alegre transformou-se num sucesso.

Até hoje ela é a campeã em número de apresentações, no Theater an der Wien. Até a popular peça Cats não conseguiu suplantar a opereta de Lehár na temporada de verão.

O compositor colheu alguns fracassos com as obras lançadas após o retumbante sucesso da Viúva Alegre, mas logo voltaria a triunfar em 1909 com O Conde de Luxemburgo (Der Graf Von Luxemburg) e em 1910 com Amor Cigano (Zigeunerliebe). Ambas as obras tiveram sucesso mundial e até hoje são produzidas nos teatros da Europa Central.

O sucesso de Franz Lehár foi ampliado quando o tenor Richard Tauber passou a ser seu principal intérprete. Ele tornou-se uma lenda na interpretação da música de Lehár. Hoje se denomina "Tauberlied" o ciclo de canções por ele imortalizadas e que se tornaram mais famosas
que as operetas as quais pertencem. A mais famosa das interpretações de Tauber, Meu coração é todo teu (Dein ist mein ganzen Herz), pertence ao último triunfo internacional de Lehár, a opereta A Terra dos Sorrisos (Das Land des Lächelns) cuja estréia ocorreu em Berlim, em 1929.

No Natal de 1930, durante os festejos dos sessenta anos do músico, duzentas produções de A Terra dos Sorrisos eram executadas em toda Europa.

A última grande produção de Lehár foi Giuditta, que estreou na Ópera Estatal de Viena em 1934. Pela primeira e única vez uma opereta foi executada neste templo da ópera. Na noite da estréia, 120 rádios de diversos países irradiaram para o mundo os sons da nova obra de Lehár."





Agora, concordam comigo que o artigo é uma beleza, de clareza , leveza no discorrer das idéias e preciso nas informações. Obrigada, Arthur, por enriquecer o meu blog.

                                                         A Terra dos Sorrisos


Complementando, deixo um vídeo com Richard Tauber.


Em apêndice, consultar o site http://www.portal.ecclesia.pt/pub/42/noticia.asp?jornalid=42&noticiaid=63715

Até um próximo post!
Levic

5 comentários:

  1. Olá, Professora.

    Há muito tempo assisti a uma opereta deliciosa, acho que chamava O erro de Susanne, divertidíssima. O marido chega em casa e sente cheiro de cigarro, desconfia que a esposa o trai. Na verdade, ela fumava escondido. Um encanto de peça, leve, delicada e engraçada. Mas não a encontro quando navego pela web. Se você souber onde a encontro me avisa?

    Um abraço da gaúcha apaixonada por boa música.

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    1. Deixo o link do Youtube sobre trecho desta ópera:
      http://www.youtube.com/watch?v=AxPBEid9l6c

      http://www.youtube.com/watch?v=cu3sgqkXcsg

      Obrigada pela participação.

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  2. O nome da ópera é "O segredo de Susanna" de Ermanno Wolf-Ferrari.

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    1. Obrigada Anônimo pela participação no meu blog com tão valiosa informação.

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  3. Arthur Torelly Franco é profuno conhecedor de música erudita. Sua especialidade é Wagner.Seus conhecimentos são profundos.Parabéns pela escolha!

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