segunda-feira, 6 de junho de 2011

100- República Tcheca - séc. XX - Bohuslav Martinu


Bohuslav Martinu ( 8 de dezembro, 1890 – 28 de agosto, 1959) foi um prolífico compositor da Boêmia , atualmente República Tcheca, que escreveu sinfonias, óperas e ballets.

Desde muito novo viu o seu destino ligado à música. Aos 8 anos tocava regularmente violino e aos 10 anos já compunha, tendo sido estudante do Conservatório de Praga. Foi aluno em Paris de Albert Roussel, o qual exerceu influência decisiva em sua evolução. Ele compôs nada menos que 17 óperas, duas delas para rádio e duas para televisão.

Em 1923, parte para Paris, onde permaneceu até 1940, em condições materiais difíceis, fazendo parte de uma orquestra de músicos estrangeiros, chamada Escola de Paris. Embora ele tenha frequentado a escola de Praga, na verdade foi em Paris que firmou os seus estudos, sendo considerado até como autodidata. Em Paris, nos anos 30, ele começou a trabalhar com o poeta surrealista francês Georges Neveux, que se dizia um anarquista.

Com a ocupação nazista em Paris, ele vai para a Espanha e depois para os Estados Unidos, onde obteve sua cidadania americana.

Fez dezessete óperas, mas nem todas são tão conhecidas. São elas:

1926-1927 - Voják a tanečnice (Soldier and Dancer libreto de J.L. Budín, pseudônimo de Jan Löwenbach
1928 - Les Larmes du couteau (Tears of the Knife) libreto de Georges Ribemont-Dessaignes
1928-1929 - Les Trois Souhaits (Three Wishes or Inconstancy of the Life) (film-opera) libreto de Georges Ribemont-Dessaignes
1929 - Le Jour de bonté libreto de Georges Ribemont-Dessaignes
1931 - Der Wohltätigkeitstag (Day of Kindness)
1933-1934 - Hry o Marii (The Miracles of Mary libreto de Vítězslav Nezval, Henri Ghéon, Vilém Závada, Julius Zeyer
1935 - Hlas lesa (The Voice of the Forest) (Radio-opera libreto de Vítězslav Nezval
1935 - Veselohra na mostě (Comedy on the Bridge) (Radio-opera) libreto de Václav Kliment Klicpera
1936 - Divadlo za bránou (Theatre Behind the Gate libreto de Leo Štraus, Jean-Gaspard Debureau, Molière
1937 - Julietta (Julietta (The key to Dreams) libreto de Snář, pseudônimo de Traumbuch; Georges Neveux
1937 - Alexandre bis (Alexander Twice libreto de André Wurmser
1951-1952 - What Men Live by libreto de Leo Tolstoi
1952 - The Marriage libreto de Nikolaj Gogol
1953 - Plainte contre inconnu (Accusation Against the Unknown) libreto de Georges Neveux
1953-1954 - Mirandolina libreto de Carlo Goldoni
1954-1957 - The Greek Passion libreto de Nikos Kazantzakis
1958 - Ariane libreto de Georges Neveux «Le Voyage de Thésée».

Entretanto as mais conhecidas e de sucesso são "Julieta" ou "A Chave dos Sonhos" e "A Paixão Grega".


"A Chave dos Sonhos" é uma ópera em três atos, baseada na peça Juliette ou La Clé des Songes, de Georges Neveux, tendo tido sua estreia em Praga em 1938. O espectador tem plena liberdade para entender a ópera como quiser. Trata-se de um poema filosófico sobre a natureza humana e a experiência de um sonho em que todas as pessoas, ou todas as situações, por mais nitidamente caracterizadas, são projeções do inconsciente daquele que sonha, mostrando assim, as oscilações de uma mente entre a razão e a loucura.






"A Paixão Grega" é uma ópera em quatro atos, com o libreto baseado no romance de "O Cristo Recrucificado" de Nikos Kazantzakis, com a estreia em Zurique em 1961. O próprio compositor condensou o livro de 400 páginas do romance em 40 do libreto. Neste trabalho de redução desprezou aspectos importantes. Mas a ópera despertou interesse de Herbert Karajan para apresentá-la no Covent Garden e na Ópera de Viena. Entretanto, isso exigiu um laborioso processo de recomposição. Desse modo, a ópera estreou quase dois anos depois da morte do compositor.





Um trecho da ópera "Ariadne":



Sob a direção de Pavel Urbánek:



Bohuslav Martinu é um dos mais criativos e encantadores compositores do século 20 , mas não muito reconhecido. De fato, a reputação de Martinu foi influenciada por não ter tido um vigor musical por causa do seu constante exílio: de início, Paris; depois, EUA; no final, Suíça e Itália. Tal andança tornou a música de Martinu mais cosmopolita e bem-comportada que a de Janácek, suavizando em grande parte o “aroma tcheco”.

Levic

Nenhum comentário:

Postar um comentário