domingo, 5 de junho de 2011
99- República Tcheca- séc. XX -Leoš Janácek
Leoš Janácek nasceu em 1854 numa região da Checoslováquia conhecida como Morávia e faleceu em Ostrava, no dia 12 de agosto de 1928.
Foi um compositor tcheco que estudou em Brno, Praga, Leipzig, São Petersburgo (1870) e Viena (1879–80), onde foi aluno de Franz Krenn.
Nascido numa família de professores de música, Janácek foi enviado a um monastério aos 11 anos para tornar-se um coralista. O mestre do coro, um compositor morávio importante, mostrou interesse especial pela educação de Janácek . O garoto foi estudar nos conservatórios de Leipzig e Viena e na ilustre Escola de Órgão de Praga. Ele também recebeu um diploma do Instituto Checo de Ensino na cidade de Brno, cidade que se tornaria seu lar.
Como professor em Brno, Janácek conduziu sociedades corais, atuou como diretor de uma escola de órgão local, produziu concertos para o popular Clube Beseda, e fundou uma gazeta musical que comentava eventos operísticos locais.
Ele só começou a escrever sua primeira ópera curta, Sárka, aos 33 anos de idade. A ópera nunca foi encenada e o autor do libreto de Sárka, que intencionava o trabalho a Dvorák, rechaçou a permissão de Janácek para desenvolvê-la. No entanto, foi durante a composição de Sárka que Janácek começou a recolher e estudar canções folclóricas.
Este material incentivou o seu projeto seguinte, Pocatek Romanu (O Princípio de um Romance), uma ópera sobre a vida no campo, baseada em conto de Gabriela Preissová. Janácek desistiu da ópera depois de quatro apresentações, mas logo encontrou um projeto com um assunto muito mais atraente — o drama Jeji pastorkyna (Sua Enteada) de Preissová, que depois tomou o nome de Jenufa.
Janácek trabalhou em Jenufa por aproximadamente dez anos. A composição lhe permitiu o desenvolvimento de seu estilo único: uma fusão da ópera ocidental, música folclórica morávia e napevky (melodias faladas). Uma das explicações para o longo período de gestação da ópera foi a falta de tempo do compositor dividido entre o ensino e a regência, e a atenção à sua filha que estava muito doente. Janácek tinha pouco tempo para compor.
A ópera Jenufa é precedida por "Sárka" e uma outra em um só ato que é "O Princípio de um Romance ", duas obras que não tiveram sucesso. Entre Jenufa e as quatro óperas da maturidade, temos duas outras que não conquistaram a mesma fama universal, que são "Osud"(Destino) e "Výlety Pàne Brouckovy" (As Aventuras do Sr.Broucek), obra fantástica e burlesca. Esta obra foi pouco a pouco conquistando admiração e hoje é reconhecida fora do seu país.
Apesar do sucesso imediato de Jenufa em Brno, a possibilidade de uma apresentação em Praga foi bloqueada pelo hostilidade do regente da casa operática local. Durante o período, Janácek escreveu as duas óperas citadas acima, Osud (Destino) and Vylety Pane Brouckovy (As Excursões do Senhor Broucek). Quando Jenufa foi finalmente estreada em Praga, dez anos depois de sua première em Brno, a carreira operística de Janácek começou a decolar. O compositor tinha 62 anos de idade.
Depois que o nome de Janácek começou a espalhar-se pela Europa, o compositor entrou num período de produção prolífica, criando seus próprios libretos e muitas vezes escolhendo assuntos que muitos considerariam impróprios para uma ópera. Janácek criou alguns dos trabalhos mais intrigantes, inteligentes e originais no repertório. São suas óperas mais conhecidas:
Jenufa, em três atos, com o libreto do próprio compositor, que é baseada na história de Gabriela Preissová, estreou em 1904 em Prochhházka e em 1916 em Praga. É a história de uma enteada, cuja madastra querendo poupá-la de uma difamação, acaba por trazer-lhe a maior desgraça de sua vida, que é a de ter assassinado o seu filho recém-nascido.
Osud (Destino), ópera em três atos com libreto do compositor e de Fedora Bartosová, com a estreia em 1958. É a história de um romance de um homem com uma mulher casada e que quando o marido descobre interrompe o relacionamento. Provavelmente a vida real do compositor mistura-se à obra com o seu relacionamento com Kamila Stosslová.
"Vec Makropulous"(O Caso Makropulous) é a história de uma mulher de 337 anos contando o segredo da imortalidade, que é uma adaptação da peça de Karel Kapec. A ópera se passa em 1565, onde um médico da corte descobre um elixir da longa vida e o imperador ordena que sua filha de 16 anos o tome. Anos mais tarde, seu pai morre , mas ela continua vivendo, prolongando a vida pela poção milagrosa. A cada período de 60 ou 70 anos , ela troca de identidade para não levantar suspeitas, mas conserva suas iniciais E.M. ao longo de mais 300 anos.
"Príhody Lisky Bystrousky"(A Raposinha Astuta) narra a aventura de uma raposa perspicaz. Com libreto do compositor, e com base em histórias de R.Tesnohlídek, estreia em 1924 em Brno. Janácek lera com enorme prazer uma série de artigos do jornalista Tesnohlídek a respeito de uma comunidade rural tcheca, ressaltando a figura de uma raposa meio selvagem, meio domesticada. Ele entusiasmou-se pela facilidade do autor em passar do mundo humano ao animal, e assim lhe propôs um texto para ópera, para grande espanto do jornalista. Esta obra é algo único na história da ópera, pois é uma obra panteista em que os animais e seres humanos convivem com a maior naturalidade.
"Výlety Pàne Brouckovy"(As Aventuras do Sr.Broucek) é uma ópera em duas partes, com o libreto de V. Dyk e F.S. Procházka, que tem sua estreia em Praga em 1920. A história foi extraida de dois romances do poeta Svatopluk Cech de uma série que satiriza um cidadão típico de Praga.
Uma outra ópera é Kátya Kabanová, com tres atos, libreto de Vicenc Cervinka, baseado na peça "A Tempestade" de Ostrovsky e estreou em 1921. Nesta ópera ele contrasta o velho e o novo, o antigo matriarcado eslavo e a nova geração esclarecida e independente.
"Z Mrtvé ho Domu"(Da Casa dos Mortos), adaptada diretamente das memórias de Dostoyevsky, fala da vida do escritor num campo de concentração na Sibéria. O libreto é do compositor com base no romance homônimo de Dostoyevsky, com estreia em 1930. Nesta ópera ele utiliza um sistema de "leitmotivs" tão complexos como os de Wagner.
Alguns dos trabalhos orquestrais mais conhecidos de Janácek também são deste período, incluindo a Missa Glagolítica, Rikadla (Cantigas de Roda) e a Sinfonietta.
Estes anos da vida do compositor foram avivados e inspirados por sua relação com a senhora Kamila Stosslová, uma jovem casada com quem se correspondeu por anos. Suas cartas revelam a intensidade do afeto mútuo, e algumas pessoas acreditam que ela é um dos modelos para várias personagens do forte caráter de Janácek.
A criação operística desse compositor foi culminado pelo en-contro com Kamila Stösslová em Luhacovice, em 1917. Janáček foi inspirado por ela para criar os personagens principais de três de suas óperas como em Katya Kabanová, a megera em "The Cunning Little Vixen" e Marty Emilia em "The Affair Makropulos".Outros obras que foram inspiradas por esta sua paixão incluem "O diário de um Desaparecido", a Missa Glagolítica, sua "Sinfonietta" e o Quarteto de Cordas N º 2.
Janácek morreu aos 73 anos, no cimo de sua fama, depois de completar a "Da Casa dos Mortos".
Janácek admirava mais Dvorák que Smetana, o que se vê comparando o seu prelúdio de Kátya com o de Rusalka. Ele estudou atentamente a música folclórica e recomendava que os compositores de ópera investigasse os ritmos naturais da vida cotidiana, em especial os da fala. Foi um mestre do gênero, só tardiamente reconhecido de fora de sua Morávia natal, mas certamente um dos maiores compositores de ópera do século XX.
“Eu insisto que uma simples nota musical não significa nada ao menos que esteja presa à vida, ao sangue, ao lugar. Se não for assim, é um brinquedo insignificante.” (Janácek)
Levic
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Como vai? Encontrei seu blog enquanto pesquisava sobre Janácek. Adoro música erudita, escuto desde a infância, mas ainda não sou uma profunda conhecedora do assunto. De qualquer forma, foi ótimo me deparar com seu blog. Parabéns pelo espaço, me tornei uma seguidora! Abraço.
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