Álfred Garrievitch Shnittke (1934-1998) nasceu na Rússia, filho de um jornalista judeu oriundo da Alemanha e de uma professora de origem católica do Volga alemão, foi educado na Rússia, mas nunca se sentiu russo. Identificava-se acima de tudo com a cultura e a música germânica.
Shnittke foi o compositor mais importante a surgir na Rússia após Shostakóvitch, sendo o responsável por abrir novas dimensões para a música daquele país na segunda metade do século XX. Sua obra é ampla e variada (nove sinfornias, inúmeros concertos, três óperas, balés, seis concertos grossos, música de câmara), sendo caracterizada pela capacidade de absorver diferentes tradições e expressar-se particularmente através de uma escrita poliestilística – mistura de estilos – altamente individual e refinada, capaz de unir o passado, o presente e o futuro, o local e o universal.
Alfred Schnittke nasceu em Engels no Volga Alemão-República da extinta RSFSR, União Soviética. Ele começou sua educação musical em 1946, em Viena, onde seu pai, um jornalista e tradutor, havia sido postado. Em Viena, ele se apaixonou pela música, fazendo esta parte de
sua vida até a morte. Embora com bases musicais nos grandes metres, este ponto de referência pode ser considerado como essencialmente clássico ... mas nunca demasiadamente flagrante.
Este compositor mostra a forte influência que teve de Dmitri Shostakovich. Mas não somente dele, pois Alfred Schnittke é um compositor do século XX, cuja música entrelaça uma mistura extraordinária de técnicas e estilos. Uma voz bem individual, com suas influências que incluem Bach e Mahler, Berg e Webern, Tchaikovsky e Shostakovich, e a música sacra russa.
A influência alemã em Shnitkke vem porque ele teve muito contato com a cultura alemã, principalmente por influência de sua avó. Diferente de Shostakóvitch. A filosofia e prática comunista determinavam um autoritarismo com as composições musicais. O regime proibia
pensamentos e obras que fossem contrários à sua doutrina, mas proibia também o contato com compositores ocidentais e russos que não fizessem parte do regime. Assim, Shnitkke não podia ensinar e nem tocar obras proibidas pelo regime. Não chegava nem a ter contato com as partituras.
Shnittke teve muita influência religiosa e se converteu mais tarde a Igreja Católica, não a Ortodoxa que era mais difundida na Rússia, mas a Católica, religião que era de sua avó. Suas composições acabam trazendo a influência da religião. Há algumas obras sacras em seu repertório.
Em 1948, a família mudou-se para Moscovo. Ele terminou seu trabalho de graduação em composição no Conservatório de Moscovo em 1961 e ensinou lá de 1962 a 1972. Evgeny Golubev foi um dos seus professores de composição. Posteriormente, ele apoiou-se principalmente pela composição de trilhas sonoras de filmes e compôs cerca de 70 pontos em 30 anos. Schnittke convertido ao cristianismo, possuía profundamente arraigadas crenças místicas que influenciaram também a sua música.
A partir de 1984, a política de desestalinização iniciada por Khrushtchóv liberou oficialmente a entrada de partituras de músicos contemporâneos ocidentais na URSS. Dessa forma, alunos de música das diferentes instituições de ensino passaram a ter acesso a obras de compositores como Zoltán Kodály (1882-1967), Paul Hindemith, Carl Off (1895-1982) e, fundamentalmente, Schönberg, Webern e Berg, sem que isso fosse encarado como atividade subversiva.
Schnittke foi muitas vezes alvo da burocracia soviética. Sua primeira sinfonia foi, efetivamente, banida e depois que ele se absteve de voto da União em 1980, foi proibido de viajar fora da URSS.
Em 1985, Schnittke sofreu um derrame que o deixou em coma. Ele foi declarado clinicamente morto em várias ocasiões, mas se recuperou e continuou a compor.
Em 1990, Schnittke deixou a Rússia e se estabeleceu em Hamburgo. Sua saúde permaneceu fraca e ele sofreu várias recaídas, antes de sua morte, em 3 de agosto de 1998, em Hamburgo. Ele foi sepultado, com honras de estado, no Cemitério Novodevichy em Moscovo, onde se encontram muitos outros famosos compositores russos, incluindo Shostakovich.
Suas mais importantes óperas incluem:"Life with an Idiot", uma ópera em 2 atos, com libreto de Viktor Yerofeyev (1992),"The History of D. Johann Fausten", ópera em 3 atos e um epílogo, cujo libreto é de Jörg Morgener (Jurjen Köchel) e Alfred Schnittke (1991-1994), e ainda "Gesualdo", ópera em 7 quadros, um prólogo e um epílogo, com libreto de Richard Bletschacher (1993).
Um trecho de "Life with an Idiot".
E o famoso Tango da mesma ópera:
"The History of D. Johann Fausten"
Existe um livro publicado no Brasil que explora a vida deste ilustre compositor que é "Música Para Todos os Tempos" de Marco Aurélio Scarpinella Bueno, que ainda não tive oportunidade em lê-lo, mas espero fazer isso em breve.
Alfred Schnittke - Between Two Worlds from London Philharmonic on Vimeo.
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