terça-feira, 11 de maio de 2010

26.1- Richard Wagner 2

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Dresden
Óperas abordadas mesta postagem:
3-Rienzi- 1842

4-Der Fliegende Holländer- O Navio Fantasma- ou O Holandês Voador


Desde cedo que Wagner demonstrou aptidões tanto para o teatro como para a música. Da união destas duas artes nasceram as suas obras geniais, as grandes óperas cujos textos e música revelam uma capacidade que jamais foi possível igualar.





Wagner em 1862


"Rienzi, o Último dos Tribunos", de Wagner teve sua estreia em 1842 em Dresden. É uma ópera dentro dos esquemas da "Gran Opera" francesa: tem 5 atos, um balé (balé obrigatório) e um final apoteótico. Esta cena conta que o Capitólio de Roma está em chamas, incendiado pelo povo enfurecido contra Rienzi. Este e sua irmã Irene estão numa das torres. Todo o edifício está em chamas. Entretanto o namorado de Irene, Adriano Colonna, tenta salvá-la, mas é inútil e assim morrem os três.

http://www.youtube.com/watch?v=FCDrwdWSv1Y







Depois, começou a utilizar uma técnica desenvolvida por Berlioz, a "idéia fixa", e a adaptou à ópera como Leitmotiv ( "motivo condutor"), onde um tema percorre a obra toda como signo de determinado personagem ou seu estado de espírito, e por vezes ambos. Nesta fase compôs duas obras-primas, “Tannhäuser” (1845) e “Lohengrin” (1848), baseados na mitologia germânica que logo em seguida seria sua maior fonte de inspiração.







3-Rienzi- 1842
3ª ópera (27 anos)
Libreto:
Richard Wagner baseado em "Rienzi, o último Tribuno Romano" de Bulwer-Lytton
Estreia:
(Dresden) Teatro Real, 20 de outubro de 1842





Personagens
Cola Rienzi
Irene, sua irmã
Stefanno Colonna
Adriano, filho de Colonna
Paolo Orsini
Rainondo, o Cardeal
Mensageira da Paz
Baroncelli
Cecco del Vecchio

Wagner como Diretor do Teatro de Ópera de Magdeburg, escreve a sua 2ª ópera, "O Amor Proibido", cuja estreia ele próprio dirige... e que se revela um fiasco. Como consequência desse fiasco, dessa vergonha pública, Wagner apresenta a sua demissão. E daí, se dirige para Riga, conseguindo um novo emprego, e é aí que inicia o trabalho numa 3ª ópera, baseada num romance de Lord Lytton e numa peça de teatro de Mary Russell Mitford, cuja se ação situa em Roma em meados do século XIV.


O manuscrito original perdeu-se e mas foi encontrado, anos mais tarde, na biblioteca particular de Adolf Hitler. Isso não seria de se estranhar, pois Hitler, assíduo frequentador das óperas wagnerianas, apreciava esta ópera acima de todas as outras. De acordo com o documentário "As Mulheres de Hitler", Hitler chegou a assistir Rienzi mais de quarenta vezes. A razão talvez seja porque o enredo anda todo à volta da vida de Cola di Rienzi, um personagem popular da Itália medieval que tenta derrotar os nobres, incutir a revolta no povo, conduzindo-o a um futuro melhor. Os estandartes do Partido Nazi foram concebidos pelo Führer com base nos modelos desta ópera.



Wagner escreve esta sua nova ópera  pensando em Paris - e é para Paris que acaba por partir, um pouco à aventura, em 1839. Aí, apesar da intervenção de Meyerbeer, Wagner não consegue fazer representar a sua obra. Para sobreviver, vê-se forçado a escrever artigos para a Gazette Musical, e a fazer arranjos de árias de compositores famosos da época. Imagina, com a sua soberania peculiar, como se sentiu humilhado.

Em Paris termina essa 3ª ópera, escreve uma abertura inspirada em "Fausto" de Goëthe, e inicia mesmo a escrita duma 4ª ópera.

Dois anos se passaram... e Wagner continua na capital francesa, sem sucesso e quase completamente anônimo.
É então que chegam boas-novas da Alemanha: devido, em grande parte, à influência de Meyerbeer, Dresden e Berlim mostram-se dispostas a apresentar em cena óperas suas. A estreia em Dresden, dirigida por Reissiger, teve lugar a 20 de outubro de 1842. Apesar do espectáculo ter durado 6 horas (contando com os intervalos), o sucesso foi extraordinário e marca, de forma definitiva, a vida de Richard Wagner, com "Rienzi", a terceira ópera escrita por Wagner.




1.ºAto
A ópera inicia-se depois da fuga do Papa, quando as Famílias Orsini e Colonna entraram em conflito aberto. Paolo Orsini tenta raptar Irene, irmã de Rienzi, que é salva pela chegada de Adriano Colonna.
O Cardeal Rainondo tenta em vão aplacar o confronto, até que chega Rienzi, o Tribuno, na companhia dos seus partidários Baroncelli e Cecco del Vecchio, que o ajudam a restabelecer a ordem. Os Nobres deixam Roma para continuar a luta fora dos seus limites, e Rienzi ordena que fechem as portas da cidade para os impedir de regressar.

O Cardeal promete então que a Igreja apoiará qualquer tentativa de acabar com a tirania dos Nobres, e Rienzi convoca o Povo avisando-o de que deve estar preparado para lutar ao seu lado, quando ouvem o toque das trombetas. Irene explica a Rienzi que Adriano Colonna salvou a sua honra. Porém, quando o procuram para os apoiar, Adriano hesita em usar a força contra a própria Família, acabando por ceder ao recordar que foi um Colonna quem assassinou o irmão de Rienzi.

As trombetas soam novamente e Rienzi e o Cardeal invocam a velha tradição democrática de Roma proclamando, em seu nome, a Paz na cidade e a morte para os seus inimigos. O discurso de Rienzi leva a multidão ao rubro, ocasião que Cecco del Vecchio aproveita para incitar o povo a proclamar Rienzi Rei - o que o Tribuno recusa com veemência.




2.ºAto
O 2º ato inicia-se no Capitólio onde se discute a Paz. Grupos de jovens de grandes Famílias Romanas desfilam diante de Rienzi para manifestar a convicção de que os confrontos cessaram fora da cidade. Entre esses jovens vêm os chefes das Famílias Colonna e Orsini que declaram publicamente aceitar a liderança de Rienzi - quando, de fato, continuam a conspirar contra ele. A conversa dos conspiradores é escutada pelo Cardeal, que se insurge contra os planos, claramente urdidos, para assassinar o Tribuno.

Quando Rienzi regressa, cumprimenta os embaixadores que vieram visitá-lo, pretensamente em missão de Paz, e ordena o início dos espectáculos públicos, recusando-se a dar ouvidos às advertências do Cardeal quanto à conspiração que se trama.
Rienzi já proclamou que Roma se recusa a reconhecer o Imperador e que exigiu que os poderes lhe sejam atribuídos a ele e ao Povo - proclamação que não faz senão reforçar as intenções dos Nobres para o assassinarem.

Mas a tentativa de assassinato acaba por falhar, e o Povo exige agora que os conspiradores sejam exemplarmente punidos. A Pena Capital é então decretada pelo Senado. Adriano implora o perdão para o seu pai, súplicas sustentadas também por Irene. Rienzi comove-se e aceita poupar a vida aos condenados, na condição, porém, de que prestem novo juramento de lealdade. Os condenados aceitam e são perdoados, isto apesar da oposição de Baroncelli e de Cecco del Vecchio.



3.ºAto
O 3º ato inicia-se diante do Forum onde o Povo protesta contra a traição dos Nobres que quebraram o seu juramento de lealdade, e exortam Rienzi a esmagar a nova rebelião, sem que, desta vez, volte a cair no erro de perdoar àqueles que o traíram. Com o seu especial dom para empolgar as multidões, Rienzi reúne o Povo em armas para, ao seu lado, combater os inimigos.

Fiel a Rienzi, até àquele momento, Adriano Colonna agora hesita em continuar a seguir o Tribuno, por amor de Irene, ou colocar-se ao lado do seu pai, por lealdade familiar. Acaba por recorrer à oração implorando aos céus que os dois se conciliem. É assim que, quando Rienzi parte com as tropas para enfrentar os rebeldes, Adriano se recusa a seguí-lo, preferindo ficar na cidade com as mulheres e os velhos. Rienzi regressa vitorioso da batalha onde foram mortos os Chefes Colonna e Orsini.

Adriano chora a morte do pai, mas Baroncelli faz-lhe notar que muitas outras mortes há para lastimar. O ato termina quando todos se preparam para marchar em triunfo sobre o Capitólio.



4.ºAto
No 4º ato vamos encontrar a cidade abalada pelas baixas sofridas e hesitante quanto à lealdade devida a Rienzi. A traição surge dos seus próprios amigos, Baroncelli e Cecco del Vecchio, que, junto da Igreja de São João de Latrão, começam a conspirar contra ele, ao mesmo tempo que corre um boato que diz que o Papa e o Imperador se uniram contra o novo regime. É então que Adriano decide matar Rienzi.

Junto da Igreja chega a procissão liderada por Rienzi e Irene, mas a entrada no Templo é-lhes negada: o Cardeal aparece e anuncia a Rienzi a sua excomunhão. Confusa, a multidão dispersa-se, e Adriano tenta convencer Irene a abandonar também o irmão - o que Irene recusa.
O ato termina com os dois irmãos sozinhos enquanto se ouve, vindo do interior da igreja, um cântico de maldição.




5.ºAto
No último ato encontramos Rienzi a orar no interior do Capitólio. Irene chega e recusa-se a abandoná-lo, mesmo correndo o risco de ser também excomungada. Rienzi pretende voltar a dirigir-se à multidão, acreditando que, com os seus dons oratórios, a poderá voltar a conquistar. Adriano aparece e implora a Irene que fuja com ele, dizendo que a multidão se aproxima disposta a incendiar o Capitólio. Mas Irene recusa de novo, e Adriano parte sozinho.

A multidão chega, liderada por Baroncelli e Cecco del Vecchio, que conseguiram finalmente os seus objectivos. Rienzi não tem sequer a oportunidade de falar uma vez mais ao Povo que, havia tão pouco tempo o seguia. É esse mesmo Povo que agora incendeia o Capitólio, feito sepultura de Rienzi e da sua irmã, ao mesmo tempo que os Nobres ocupam e devastam a cidade.

SINOPSE:

Abertura
A ópera inicia com uma abertura substancial, que começa com um chamado de trompete (que, no Ato III, ficamos sabendo tratar-se do chamado de guerra da família Colonna) e introduz a melodia da oração de Rienzi no início do Ato V, que se tornou a mais conhecida ária da ópera. A abertura termina com uma deslumbrante marcha militar.

Ato I
Cena I

Uma rua à noite, com a Igreja de São João de Latrão ao fundo. O patrício Orsini e seus companheiros tentam sequestrar a irmã de Rienzi, Irene, invadindo seus aposentos pela janela (Hier ist's, hier ist's!). Irene grita por socorro. Adriano a defende. Uma multidão se reúne, e as pessoas se unem ou a Colonna ou a Orsini. Raimondo exorta os contendores a, em nome da Igreja, pararem de lutar.

 Finalmente, surge Rienzi (numa entrada marcada por uma dramática mudança de tonalidade, de Ré para Mi Bemol), que, apenas com sua presença, põe fim ao conflito. Rienzi repreende o povo e os nobres (Dies ist eu'r Handwerk, daran erkenn' ich euch!), e declara sua intenção de unificar Roma e conduzi-la à glória (Doch höret ihr der Trompete Ruf). O povo romano apoia Rienzi. Saem todos, menos Rienzi, Irene e Adriano.


                                         


Cena II

Rienzi abraça Irene e pergunta o que lhe fizeram (O Schwester, spricht was dir geschah). Irene explica que foi salva por Adriano. Rienzi manifesta sua surpresa a Adriano pelo fato de um membro da família Colonna ter salvo sua irmã, pois foi um Colonna que assassinou o irmão de Rienzi. Adriano pergunta o que pode fazer para compensar aquele crime (Rienzi, du bist fürchterlich!), e Rienzi o convida a segui-lo em seus intentos.

Adriano está hesitante. Rienzi insiste em que, sob seu comando, os romanos podem se tornar realmente nobres e livres, mas Adriano teme que Rienzi esteja conduzindo o povo romano à ruína. Embora Adriano também deseje respeitar a lei, adverte Rienzi de que seus planos são muito audaciosos e terminarão em derramamento de sangue. Entretanto, apesar de suas reservas, Adriano oferece seu apoio.

Rienzi diz que o momento se aproxima (Die Stunde naht, mich ruft mein hohes Amt), confia Irene à proteção de Adriano, e sai.




Cena III

A sós, Adriano e Irene, como que prevendo o futuro, declaram que seu amor resistirá firmemente mesmo que o mundo ao seu redor se esfacele. Adriano expressa seus temores e prediz a queda de Rienzi, prevendo que o povo o trairá e que os nobres o punirão por sua audácia. A cena termina com o som de trompetes do lado de fora.

Cena IV

Amanhece. As pessoas saem de suas casas saudando aquele dia especial (Gegrüßt, gegrüßt sei, hoher Tag!). Um órgão soa dentro da igreja, e o povo se ajoelha. Um coro, também da igreja, pede que todos despertem para o dia cuja luz tirará Roma das trevas (Erwacht, ihr Schläfer nah und fern).

As portas da igreja se abrem e dela sai Rienzi, trajando armadura completa. O povo o saúda com entusiasmo. Rienzi exalta a renovação de Roma (Erstehe, hohe Roma, neu!) e anuncia que, como protetor de Roma, assegurará a liberdade e a lei. O povo o reconhece como seu rei, mas Rienzi diz que não quer ser rei, pois deseja que o povo continue livre. Sugere, então, que o reconheçam como um tribuno, título com o qual é prontamente aclamado.




Ato II
Cena I

Uma sala no capitólio. Rienzi entra, magnificamente vestido, seguido pelos senadores, entre os quais Baroncelli e Cecco. Mensageiros trazem a Rienzi notícias de suas viagens, e informam (Ihr Römer, hört die Kunde) que as terras romanas estão em paz e liberdade.

Colonna, Orsini, os senadores e os nobres rendem falsamente homenagem a seu novo tribuno (Rienzi, nimm des Friedens Gruβ!). Rienzi insiste em que não está preocupado com sua glória pessoal, mas sim com a libertação de Roma e a manutenção da lei. Ele sai acompanhado dos senadores.

Cena II

Colonna pergunta a Orsini se estão condenados a suportar as ultrajantes palavras de Rienzi (Colonna, hörtest du das freche Wort?). Enquanto conversam, os nobres passam a ouvi-los; Adriano entra sem ser notado, e também escuta o diálogo. Colonna e Orsini prosseguem: o povo idolatra Rienzi, que o cativou. Ele é um demagogo, dizem, que conquista o povo com seu discurso carismático.

Apesar de Rienzi ser um mero plebeu, obteve enorme poder, e Orsini e Colonna recusam-se a tolerar isso. Eles consideram que a ascensão de Rienzi à fama é um insulto, e também potencialmente perigosa, pois as massas agora estão armadas. Os nobres, chefiados por Orsini e Colonna, agora conspiram contra Rienzi, e planejam seu assassinato na festa que está prestes a ocorrer. É então que Adriano manifesta sua incredulidade, chamando os conspiradores de assassinos.

 Colonna pergunta a Adriano, seu filho, se delatará seu próprio pai, e o chama de traidor. Todos saem para levar adiante os planos, exceto Adriano. Este afirma preferir ser considerado um traidor (Ich will denn ein Verrater sein), mas, hesitante, também teme que seu pai seja punido.


                     


Cena III

Uma pomposa cerimônia. Um banquete foi preparado. Rienzi saúda os nobres e diplomatas de todas as partes da Itália (Im Namen Roms seid mir gegrüßt!). Sem dar mais detalhes, Adriano recomenda a Rienzi que tome cuidado. Uma apresentação começa, uma peça, pantomima e balé: Brutus vinga-se da morte de Lucrécia e liberta Roma da tirania de Tarquínio. (Esse balé recebeu grande atenção do compositor, pois na maioria das grandes óperas o balé é apenas uma diversão. O balé de Rienzi visa a representar o conto do “Rapto de Lucrécia”.

Essa história, na qual Tarquínio, o último rei de Roma, tenta violentar a virgem Lucrécia, é um paralelo tanto à tentativa de violação de Irene por Orsini quanto ao tema dos patrícios contra o povo. Na sua forma original, o balé dura mais de meia hora – em montagens modernas e gravações, em geral ele sofre cortes drásticos.)

Enquanto isso, Orsini, que se aproximou de Rienzi durante a apresentação, tenta esfaqueá-lo, mas Rienzi é protegido pela malha metálica que trajava. O povo grita pedindo proteção ao tribuno (Rienzi! Auf! Schützt den Tribun!) e tem início um tumulto. Adriano pede que Rienzi perdoe os traidores, e, ao mesmo tempo, o povo grita pela morte deles.

Rienzi exalta a importância do perdão (O laßt der Gnade Himmelslicht), dizendo que será seu segundo perdão, mas que não haverá uma terceira chance. Finalmente, Rienzi perdoa os conspiradores (Euch Edlen dieses Volk verzeiht, seid frei). O povo respeita a decisão de Rienzi. Irene e Adriano agradecem. Baroncelli e Cecco dizem que Rienzi se arrependerá. Os conspiradores juram vingança por essa humilhação.





Ato III
Cena I

Uma grande praça diante das ruínas do antigo fórum romano. Uma multidão enlouquecida ocupa a cena à procura de Rienzi, espalhando a notícia de que os nobres fugiram da cidade e, armados, estão voltando para um ataque a Roma (Vernahmt ihr all die Kunde schon?). Rienzi surge e, após dizer que desta vez não haverá perdão, chama o povo às armas. O povo obedece e sai para se preparar.

Cena II

Entra Adriano, que invoca Deus (Gerechter Gott) e revela sua aflição diante do combate iminente, pois não sabe se dirige sua espada contra Colonna, seu amado pai, ou contra Rienzi, irmão de sua amada Irene. Muito confuso (Ha, wo bin ich jetzt?), põe-se de joelhos e pede que Deus concilie todos. Em seguida, sai da cena.

Cena III

O cenário é de preparação para a batalha, com símbolos bélicos em toda parte. Ouvem-se os sinos de guerra. Rienzi, de armadura, está acompanhado de Irene, e diz que é o dia de purgar as afrontas (Der Tag ist da). O povo está armado e pronto para o combate.

Quando Rienzi vai dar o sinal de ataque, chega Adriano, que em vão tenta detê-lo. Rienzi e seu exército partem ao som de um coro geral de entusiasmo guerreiro. Adriano fica sozinho com Irene, que tenta impedir que ele vá à batalha. Enquanto rezam, ajoelhados, o ruído do combate cessa. Logo se ouvem os sons da vitória de Rienzi. Este retorna e anuncia a vitória (Heil, Roma, dir!).

Os vitoriosos trazem os cadáveres de Colonna e Orsini, entre outros. Ao ver o pai morto, Adriano jura vingança contra Rienzi (Geschieden sind wir denn fortan). Rienzi faz pouco caso e sai com seus seguidores em triunfo rumo ao capitólio.





Ato IV
Cena I

Numa rua diante da Igreja de São João de Latrão, de noite, ocorre um encontro secreto no qual Baroncelli informa a outros cidadãos, todos disfarçados, que os diplomatas alemães deixaram Roma para sempre (Wer war's, der euch hierher beschied?), pois Rienzi não se entendeu com eles acerca da escolha do Imperador Romano.

Chega Cecco, que informa que o cardeal (Raimondo) também já partiu. Baroncelli diz que Colonna, quando de sua fuga, foi ao Papa para prometer que utilizaria seu poder para defender a Igreja. Baroncelli sente que Rienzi só perdoou Colonna para ganhar o apoio dos nobres, e por isso considera Rienzi um traidor do povo.

Adriano retira o disfarce e se identifica, dizendo que Rienzi não é digno do poder que conquistou, e espera ter sua vingança. Baroncelli diz que uma festa está a ser preparada por Rienzi para celebrar sua vitória. Adriano afirma que irá à festa para matá-lo. Surge Raimondo com um cortejo de sacerdotes em direção à igreja, incluindo Raimondo. Baroncelli e os outros temem que Rienzi tenha o apoio da Igreja, mas Adriano diz que o matará mesmo assim.

Cena II

Surge a comitiva de Rienzi, este em traje de gala e com Irene. Ao passar pelos conspiradores, Rienzi lhes pergunta se não irão ao festejo (Ihr nicht beim Feste?). Constrangidos, os nobres abrem passagem para a comitiva. Ouve-se o Te Deum entoado pelos sacerdotes dentro da igreja (Vae, spem nullam maledictus), cujo tom tétrico causa horror a Rienzi e ao povo.

Enquanto Rienzi sobe os degraus para a igreja, Raimondo o impede de prosseguir dizendo que ele não poderá entrar porque foi excomungado, assim como todos os seus seguidores. O povo, assustado, foge. Raimondo e os religiosos entram na igreja, e suas portas se fecham; nelas está afixada a bula que contém a excomunhão de Rienzi.

Adriano diz a Irene que Rienzi e seus seguidores estão amaldiçoados, e pede que ela fuja com ele, mas ela permanece com Rienzi. Adriano diz que Irene morrerá junto com Rienzi.

Ato V
Cena I

Uma sala no capitólio. De joelhos diante de um pequeno oratório, Rienzi pede que Deus olhe por ele e não permita que as forças conquistadas se dissipem (Allmächt’ger Vater).

Cena II

Irene entra e abraça Rienzi, o qual lhe diz ter sido abandonado pela Igreja (Verläßt die Kirche mich), pelo povo e por Adriano, e que agora só lhe restam Deus e Irene. Rienzi parte.

Cena III

Adriano entra sorrateiramente, disfarçado. Dirigindo-se Irene, manifesta surpresa por ela ainda estar naquele lugar amaldiçoado (Du hier, Irene?). Adriano diz que a salvará, e pede que ela fuja com ele. Irene diz que já não o ama mais. Adriano se ajoelha e suplica em vão o amor de Irene. Ouvem-se ruídos de quebra de vidros por pedradas; desesperado, Adriano tenta levar Irene à força, mas ela consegue escapar. Adriano está enlouquecido e sai determinado a possuir Irene mesmo que para isso tenha de enfrentar o fogo.

Cena IV

A praça diante do capitólio. Multidões surgem violentamente com tochas e gritos em respeito ao édito da Igreja (Herbei! Herbei!). O povo está revoltado com Rienzi, que surge de armadura na varanda do capitólio e pede calma. O povo grita que ele não deve ser ouvido, mas apedrejado. Rienzi pede aos revoltosos que se recordem da paz e da liberdade que conseguiu para eles. Baroncelli grita que Rienzi está tentando enganá-los.

A multidão ateia fogo ao capitólio. Rienzi então diz suas últimas palavras: “Enquanto as sete colinas de Roma existirem, enquanto a cidade eterna não perecer, vocês verão Rienzi voltar!” (Nas apresentações originais, as palavras finais de Rienzi são amargas e pessimistas: “Que a cidade seja amaldiçoada e destruída! Desintegre-se e seque, Roma! Seu povo degenerado assim deseja.” Todavia, para a apresentação de 1847, em Berlim, Wagner as substituiu por aquela outra retórica, mais positiva.)

Rienzi e Irene estão abraçados em meio às chamas, e o povo os apedreja. Chega Adriano, que, fora de si, invade as chamas em busca de Irene. Ao entrar no capitólio, a torre onde estavam Rienzi e Irene desaba sobre ele, sepultando todos os três.


Finalmente, o seu primeiro grande sucesso, "Rienzi", do qual o maior crítico acabaria por ser o próprio Richard Wagner.
Alguns anos depois da estreia, recebida com entusiasmo pelo público de Dresden, Wagner escreve a Liszt uma carta na qual se refere a "Rienzi" em termos pouco elogiosos: "Como artista e como homem, não me sinto suficientemente motivado para reestruturar esta obra antiquada que, pelas suas proporções exageradas, fui obrigado a remodelar mais de uma vez.
Falta-me ânimo para a ela me dedicar. Desejo sim, de alma e coração, fazer qualquer coisa de novo."






https://www.youtube.com/watch?v=VTwm0_-fsZ4

https://www.youtube.com/watch?v=VTwm0_-fsZ4




4-Der Fliegende Holländer- O Navio Fantasma- ou O Holandês Voador

"O Navio Fantasma", ou seja "Der Fliegende Holländer" em tradução literal "O Holandês Voador", é uma ópera em três atos de Richard Wagner. Estreou no ano de 1843 no Königliches Hof-Theater, Dresden.

Segundo aquilo que Wagner nos relata na sua autobiografia, foi no verão de 1839, durante uma viagem de barco em que teve de defrontar uma violenta tempestade, que lhe surgiu pela primeira vez a ideia de escrever uma ópera baseada numa lenda que fala dum navio assombrado que apareceria periodicamente aos navegantes.




O fato de a única documentação conhecida relacionada com "O Navio Fantasma" datar de maio de 1840, ou seja um ano depois da data referida por Wagner, não deverá surpreender-nos se tivermos em conta a forma como funcionava o seu gênio criativo, uma forma para a qual o tempo parecia não existir.

A 3 de maio de 1840 compôs a Balada de Senta, a 26 de julho, o Coro dos Marinheiros, escreveu o Poema em maio de 1841 e a ópera estava terminada apenas em novembro desse ano.
Para "O Navio Fantasma", Wagner baseou-se essencialmente numa narrativa de Heine, à qual acrescentou o tema da Redenção através do Amor.




O Poema foi escrito, como dissemos, em maio de 1841, numa altura em que Wagner estava em Paris, tentando em vão conquistar a capital francesa.
Em julho Léon Pillet, então Diretor do Operá, tem acesso a esse libreto, pelo qual, aparentemente, se entusiasma.

Só que, em vez de encomendar a ópera ao jovem compositor alemão, encomenda-a a Pierre-Henry Dietsch. Os libretistas da ópera de Dietsch, Paul Foucher e Bénedict-Henry Révoil, inspiraram-se apenas parcialmente no libreto de Wagner, baseando-se essencialmente em outros textos, como uma novela dum tal Capitão Marryat, o romance "O Pirata" de Walter Scott, e em contos de Heine, Fenimore Cooper e Wilhelm Hauff.




 A estreia da ópera de Dietsch teve lugar em novembro de 1842, mês em que se iniciaram, em Dresden, os ensaios da ópera de Wagner - o que o levou  a fazer substanciais mudanças no enredo. Poucas semanas antes da estreia, a ação da ópera decorria na Escócia, Daland chamava-se Donald e Erik chamava-se George.

Depois foi tudo transferido para a Noruega.
Talvez como reação ao gigantismo de "Rienzi", que tanto o importunara, Wagner começou por imaginar a sua nova ópera num único ato, destinado a ser representado antes dum bailado - o que a poderia tornar mais aceitável em Paris.

Depois da rejeição do Operá, libertado dessa necessidade de ser aceito, Wagner estruturou a sua nova ópera em três atos que deveriam, no entanto, ser representados sem interrupção. Essa não iria ser, no entanto, a versão apresentada em Dresden, quando da estreia, para a qual Wagner escolheu uma fórmula mais discreta e tradicional, com intervalos.




Apesar de estreada apenas 3 meses depois de "Rienzi", "O Navio Fantasma" marca, de fato, a grande viragem no processo criativo de Richard Wagner, processo que se revelaria uma verdadeira ruptura com tudo aquilo que se fizera antes no campo da ópera - e, de certa forma, e salvo raras exceções, com aquilo que se viria a fazer depois. Com "O Navio Fantasma" o compositor abandona o velho conceito de ópera pelo de drama musical, enveredando por um caminho, só seu, que nunca abandonaria.

"O Navio" põe definitivamente fim às tentativas de criação de óperas ao estilo franco-italiano, como acontecera com "Rienzi", vista ainda sob a perspectiva dum Meyerbeer ou dum Spontini. Com "O Navio" Wagner tentou reunir todos os recursos da cena musical, visando a Obra de Arte Total - um sonho que o perseguiria até ao fim da sua vida.

Wagner começou a escrever "O Navio Fantasma" em Paris, e foi em Paris que recebeu a notícia de que o Teatro de Dresden estava disposto a apresentar uma ópera sua. Parte, portanto, para Dresden no verão de 1842. "O Navio" estreia em janeiro de 1843, e Wagner é nomeado Mestre de Capela da Corte de Saxe - o que lhe vem trazer alguma segurança no campo econonômico. Apesar da sua intensa atividade como Maestro, Wagner não abandona os seus projetos criativos - apesar de alguns se prolongarem por vários anos, ou até dezenas de anos, como foi o caso do Anel.



1.ºAto
Conta a lenda que, depois duma tempestade terrível, o Capitão dum navio holandês jurara dobrar o Cabo da Boa Esperança, nem que para isso tivesse que navegar eternamente. O Diabo, que escutou esse juramento, condenou-o então a viajar pelos mares até ao Juízo Final sem esperança de redenção, a menos que encontrasse uma mulher capaz de amá-lo até à morte.

Apenas de sete em sete anos esse Capitão é autorizado a ir a terra para tentar encontrar essa mulher que o redimirá.

A ópera inicia-se numa praia rochosa das costas da Noruega onde o barco de Daland vem procurar abrigo durante a tempestade. Quando a tempestade acalma, os marinheiros descem para o porão e Daland recolhe-se na sua cabine, deixando a guarda do convés ao Timoneiro, que acaba por adormecer.



É então que o céu escurece subitamente, precedendo a chegada do Navio Fantasma, com os seus mastros negros e as suas velas vermelhas, que a tripulação recolhe sem fazer o menor ruído.

O Holandês desembarca falando do seu trágico destino e dizendo que "outros sete anos se passaram". Ao vê-lo, Daland enche-o de perguntas, a que o holandês responde narrando as suas desventuras.

Depois pede-lhe abrigo em sua casa e a permissão de cortejar a sua filha, prometendo, em troca, numerosos tesouros, uma proposta que Daland aceita sem hesitações, e o 1º ato termina com a partida dos dois barcos rumo ao porto onde Daland mora.




2.ºAto
O 2º ato passa-se em casa de Daland onde está Senta, a sua filha, com algumas amigas, a fiar, enquanto contempla, sonhadora, o retrato dum homem muito pálido com uma barba negra. As amigas brincam com esse seu devaneio, essa sua secreta paixão, e pedem-lhe para cantar a Balada do lendário Holandês Errante.

 Senta canta a Balada que fala da Lenda da Maldição e da Redenção pelo Amor, depois diz que ela irá ser essa mulher que irá salvar aquele homem amaldiçoado, sendo-lhe fiel.




Chega então o jovem Erik, um apaixonado de Senta que vem informá-la da chegada do barco do seu pai, e as raparigas correm para o cais ao encontro dos Marinheiros. Senta faz tenção de seguí-las, mas Erik detem-na declarando-lhe o seu amor.

Como a jovem nada responda, Erik fala então dum sonho que teve no qual viu saírem dum navio dois homens: Daland e um estranho de aspecto sombrio ao qual Senta se dirigia suplicante. Ao ouvir isto, a jovem exclama: "Ele está à minha procura e eu vou ao seu encontro!"

Desesperado e horrorizado, Erik parte, e à porta aparecem Daland e o Holandês, pelo qual a jovem fica fascinada.

Depois de transmitir à filha o pedido feito pelo visitante, Daland sai deixando-os a sós. Então Senta revela ao Holandês a sua longa e secreta paixão, e o acto termina com o regresso de Daland que os cumprimenta pelo noivado.




3.ºAto
O 3º ato passa-se no porto perto da casa de Daland onde os Marinheiros cantam e dançam com as jovens da terra. Por entre gritos convidam a tripulação do navio visitante a juntar-se às celebrações, mas não obtém resposta nenhuma.

Depois, subitamente, o mar agita-se e um vento de tempestade silva pelo cordame, até que, envolta numa estranha luminosidade azulada, a tripulação do navio aparece e entoa uma canção que aterroriza as jovens, pondo-as em debandada, enquanto os marinheiros noruegueses fazem o sinal da Cruz.

Tendo conseguido o efeito que pretendia, a tripulação do navio visitante desaparece por entre risos estridentes. De casa de Daland sai Senta seguida de Erik que continua a declarar-lhe o seu amor recordando-lhe o encorajamento que outrora nela encontrara.

O Holandês, que chegara sem que eles o vissem, ouve a conversa e julga que Senta o traíra preferindo o amor de outro. Decide então partir, sem escutar os apelos da jovem. Mas Senta ama-o fielmente até à morte, e, ao ver o navio partir, depois do Holandês revelar a sua verdadeira identidade, sobe a um penhasco de onde se lança para o mar gritando o seu amor eterno.




Sinopse
Ambientada em uma aldeia pesqueira da Noruega, conta a história de um navegador holandês que é punido por Deus por blasfemar contra seu nome, perdendo-se de sua pátria para sempre, a menos que surja em sua vida uma mulher que lhe seja plenamente fiel.

Ao atracar no porto, o holandês ancora sua nau ao lado da de Daland, outro navegador. O holandês oferece a enorme riqueza em ouro e jóias que carrega em sua nau a Daland em troca da mão de Senta, sua filha.

Senta já conhecera previamente a história do "Holandês Voador", mas é cortejada pelo caçador Erik, que se enciúma todas as vezes em que ela faz qualquer referência ao "Holandês Voador", seja observando insistentemente seu retrato, seja cantando a "Balada do Holandês" - esta, uma das árias mais célebres da ópera.



Daland apresenta o holandês a Senta, e ela lhe jura eterna fidelidade, mas Erik ainda tenta persuadir Senta a voltar para ele. A certa altura, o holandês encontra Erik abraçando Senta e julga que esta rompeu com seu voto de fidelidade eterna, e parte novamente para o mar.

À medida que a nau do holandês se afasta, Senta olha cada vez mais longe e se atira ao mar, na direção onde está a nau do holandês, tentando unir sua alma à dele.



Passagens musicais famosas
Abertura Sinfônica
AtoI
Ária do Holandês: "Die Frist ist um…"

Ária do Timoneiro: "Mit Gewitter und Sturm…"

Ato II
Coro das Tecelãs: "Summ und Brumm, o Gutes Rädchen…"
Ária de Senta: "Johohohe! Traft ihr das Schiff…"
Terceto de Senta, Daland e o Holandês: "Wie aus der Ferne…"

Ato III
Coro dos Marinheiros: "Steuermann, Lass die Wacht…"
Dueto de Senta e Erik: "Was musst'ich hören…






















O Navio Fantasma é uma ópera do primeiro período de Wagner onde ainda se nota ainfluência francesa e nela o sobrenatural do mar e seus segredos podem ser vistos como metáfora do próprio , drama humano, onde dessa trama desenha  a viga-mestra do teatro wagneriano, que é a redenção pelo amor. Isso se vê na figura de Senta que se sacrifica para livrar o Holandês de sua maldição.




Levic

Um comentário:


  1. Você poderia acrescentar no post as interpretações mais famosas dessa ópera, o que auxilia muito quem busca ouvi la pela internet

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