quarta-feira, 10 de novembro de 2010

53- A Ópera no Século XX





Ópera do Séc. XX

A ópera entrou no século XX sem uma característica dominante propriamente dita, mas muito misturada de influências do período passado, com remanescentes veristas em Puccini e os wagnerianos em Richard Strauss, cuja dramaticidade beira ao expressionismo. As mais famosas são Elektra (1909) e Salomé (1905).

Ao lado de óperas com melodias fáceis de captar, encontram-se outras difíceis de compreensão na sua expressividade melódica, com sons não acostumados aos iniciantes apreciadores de música. Não que elas não tenham seu mérito musical, entretanto precisa-se de tempo de educação musical para apreciá-las como obras de beleza artística.

Curiosamente, Richard Strauss
da metade da vida em diante, abandona o expressionismo dissonante e começa a escrever música com uma delicadeza mozartiana, mudando radicalmente a atmosfera de suas óperas, mas preservando o estilo. É o caso do Cavaleiro da Rosa (1911), Intermezzo (1924), Arabella (1933) e Capriccio (1942).

Puccini e Richard Strauss são os maiores nomes da ópera no início do século XX. A música de Puccini é variada e muito criativa. Suas obras mais importantes são La Bohème (1896), Tosca (1900), Madame Butterfly (1904) e Turandot (1926). As obras iniciais de Richard Strauss, sob influência de Wagner, são atonais, expressionistas e surpreendentemente modernas, como Salomé (1905) e Elektra (1909), já citadas. A ópera seguinte, Der Rosenkavalier (1911; O cavaleiro da rosa), já é bem mais suave e mesmo, como já foi dito, com um tom mozartiana, nas situações e também no estilo melódico. Sua longa colaboração com o talentoso libretista Hugo von Hofmannsthal resultou também em Ariadne auf Naxos (1912; Ariadne em Naxos), Die Frau ohne Schatten (1919; A mulher sem sombra) e Arabella (1933).

Nos Estados Unidos, George Gershwin fez uma tentativa bem-sucedida de introduzir o jazz na música operística: Porgy and Bess (1935), baseada em romance de DuBose Heyward, foi um grande sucesso.


Outros compositores brilhantes, de tendências variadas, surgiram a partir do final da década de 1920. Alban Berg compôs Wozzeck (1925) e Lulu (1937); o tcheco Leos Janácek tornou-se conhecido na Europa na mesma época, com Jenufa (1903) e Vec Makropulos (1926; O caso Makropoulos); e Benjamin Britten criou Peter Grimes (1945) e A Midsummer Night's Dream (1960; Sonho de uma noite de verão).

Há que se destacar também a importância de Claude Debussy com Pélleas et Mélisande (1902), sua única ópera e com a característica de não conter nenhuma linha melódica completa, com um discurso musical contínuo e ao mesmo tempo fragmentado, onde o autor dissolve as melodias com a mesma facilidade com que as cria. Às vezes, o público se perde um pouco, ficando atônito diante da modernidade.

A grande revolução do século
foi a segunda escola de Viena,
liderada por Arnold Schoenberg, e que dissolveu o sistema tonal o qual sustentou os quatro séculos de música na Europa. O novo sistema, baseado numa série atonal, chamado sistema dodecafônico, produziu muita música experimental, mas também óperas de grande poder dramático, como Wozzeck (1920) e Lulu (1935), de Alban Berg.

Mesmo nos casos em que uma ópera do século XX, como Le Grand Macabre de György Ligeti ou The death of the Klinghofer, de John Adams, foi objeto de um conjunto mais vasto de encenações, isso não implica que, na verdade, vá fazer parte do repertório operístico que serve de base aos teatros de ópera do mundo.


Os compositores do século 20 ao abandonarem as regras da harmonia e abraçarem a dissonância , seus praticantes mais extremos não afrontaram apenas convenções culturais vigentes de séculos, mas também transgrediram, com uma certa agressão e aspereza, a linha melódica de suas composições.

Por isso, ouvir a música de Arnold Schoenberg, Pierre Boulez ou
John Adams, para citar compositores nascidos em diferentes décadas e países, é um hábito que só se adquire com algum esforço. E assim, sob este prisma, pode-se dizer que, de todas as grandes manifestações artísticas do século XX, a música erudita se provou como a mais difícil e hostil ao homem comum.

Gustav Mahler
, assim como Strauss, era representante do romantismo e das sinfonias formais – o passado que agora se encerrava, enfim. Schoenberg, por seu turno, viria a ser o novo – o atonalismo, para o qual o empurraram tanto a ópera de Strauss como a morte de seu professor Mahler, em 1911.
Entretanto, apesar de Mahler prestigiar a ópera, ele nunca fez nenhuma.

No outro extremo, situado mais de nove décadas, está o americano Adams, o maior compositor de sua geração, por ser uma espécie de síntese viva dessa longa trajetória: o artista que combinou o formato sinfônico com a música minimalista.

No que concerne a apresentação das óperas nos teatros, o século XX vai ser o ápice da confluência das artes, com o teatro musical. A produção do espectáculo como um todo toma uma importância fundamental. Importa a qualidade do libreto, da composição musical, dos atores/cantores/bailarinos, do chefe de orquestra, mas também as condições da sala de espectáculo, a encenação, a decoração.


Durante o século XIX, a maioria dos teatros de ópera não se preocupava com a importância dos cenários. Após a aplicação da pintura os mesmos serviam de decoração visual para diversas obras. Quando Der Fliegende Holländer, de Richard Wagner, estreou em Dresden, a maioria dos cenários era remanescente da montagem de Rienzi. Ainda não existia nos teatros a função do Stage Director ou Diretor de Cena.
Quanto melhores eram os intérpretes, menos importância tinham os cenários.

Na segunda metade do século XIX certas prioridades começaram a ganhar mais peso na balança dos componentes do conceito operístico. Richard Wagner foi um dos inovadores, eliminando as luzes da platéia durante o espetáculo e dirigindo a montagem de suas óperas. Por ocasião da estréia de Tristan und Isolde em Munich, Wagner contratou os melhores artistas cênicos da corte e cuidou não só dos cenários mas também dos vestuários dos intérpretes, montando um verdadeiro espetáculo.

As teorias e inovações de Wagner se espalharam pela maioria das casas de ópera européias. No início do século XX, Gustav Mahler decidiu revitalizar a Ópera de Viena, ao contratar em 1903 o pintor Alfred Roller para dirigir à parte cênica. Este artista dedicou-se ao seu trabalho cuidando dos mínimos detalhes da produção, bem como soube combinar o arrojo de seus cenários com as modernas técnicas de iluminação.

Deve-se à Alfred Roller a montagem da primeira apresentação da ópera Der Rosenkavalier, em janeiro de 1911. O artista ficou famoso ao iniciar a revolução na cenografia com a criação das Torres Roller, colocadas uma de cada lado do palco. Elas permitiam rápidas mudanças de cenário e quando giradas alteravam o tamanho do palco. A inovação técnica, o palco giratório de Karl Lautenschlager, foi um grande sucesso.

O estreitamento das relações entre a ópera, o teatro e as artes visuais tornou-se visível com o impacto causado pelo Balé Russo do empresário Serge Diaghilev, instalado em Paris. Pela primeira vez podia-se observar um trabalho dinâmico e cheio de criatividade, unindo compositores, coreógrafos, intérpretes e artistas cênicos. Stravinsky fez seu primeiro trabalho com Diaghilev ao montar seu balllet Pássaro de Fogo, em 1910.
O designer e artista Leon Bakst foi o responsável pelo exotismo dos cenários e costumes que deram maior brilho à obra do compositor russo.

A partir da segunda metade do século XX, a função de Diretor de Cena passou a ocupar um destaque tão importante quanto ao de Diretor Musical. Dezenas de profissionais começaram a comandar as principais produções operísticas.Cada um deles buscou a permanente inovação visual, produzindo montagens ora aplaudidas, ora vaiadas pelo público mais conservador.

Dentre os principais diretores, registramos os nomes de Wieland e Wolfgang Wagner, Luchino Visconti
, Franco Zefirelli, Götz Friedrich, Gunther Schneider-Siemmsen, Otto Schenk, Jean-Pierre Ponelle, Patrice Chéreau, Joachim Herz e Harry Kupfer.


Ir à ópera não mais significava escutar boa música e destacados solistas. A interpretação teatral e a arte visual passaram a complementar o trabalho do Diretor Musical, tornando-se um novo pólo de discussão entre os apreciadores daquilo que Wagner convencionou chamar de "A Obra de Arte Total".

No final do século houve uma guinada no mundo, que afetou muito ao universo da ópera, dentre outros, que foi o advento da Internet na década de 90 e o uso popular do computador pessoal.

Em 1990, Placido Domingo, Luciano Pavarotti e José Carreras se apresentaram como os Três Tenores numa transmissão televisiva para o mundo inteiro na abertura da Copa Mundial de Futebol. Isso fez com que milhares de pessoas ouvissem, às vezes, pela primeira vez trechos de ópera e se surpreenderam com o gosto para esse gênero. Na época, os defensores de um 'elitismo operático' criticaram a ação comercial dos três cantores, sem poder julgar a repercussão que teria no mundo artístico. Muita gente, se viu com a possibilidade de comprar Dvds e assim houve uma difusão muito grande.




Por sua vez, a Internet servia de novo foro para entusiastas da ópera e fãs das divas, que puderam compartilhar ideias e interesses através das diversas redes sociais. E essa nova era global também deu lugar a uma nova geração de criadores. O futuro da ópera está nas mãos de compositores como o húngaro Peter Eöstovös, o belga Phillipe Boesmans, a filandesa Kaija Saariabo e o sino-americano Tam Dun, que em 2008,o Google lhe fez a encomenda para compor a 'Eroica' Internet Symphony No. 1" a ser realizado em colaboração com a Orquestra Sinfônica do YouTube (YouTube Symphony Orchestra
). Eles são um dos fundadores da cultura global

O site abaixo esclarece sobre a música na Rússia. É de grande valia
http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=7753





Levic

Nenhum comentário:

Postar um comentário