quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

12.1- Clássica-França - Rameau e Gluck






Jean Philipe Rameau (1683-1764) seguiu as tradições de Lully, mas como possuía um conhecimento mais amplo do lado técnico de sua arte, deu à orquestra um método mais rico e original de tratamento, introduzindo muitos novos efeitos, realmente originais. Mas a grande importância de Romeau está na influência que sua música exerceu sobre Glück.




Jean-Philippe Rameau criou a ópera "Castor et Pollux", dividida em cinco atos, cuja estreia foi em 1737, em Paris.O libretto é de Pierre-Joseph-Justin Bernard.







Jean Philippe Rameau nasceu em Dijon, no dia 25 de setembro de 1683. Os estudos musicais foram feitos com o seu pai, Jean, organista de Dijon. Estudou até os 16 anos no colégio jesuíta, onde adquiriu seus conhecimentos gerais. Até os quarenta anos vive uma vida relativamente itinerante: aos 19 anos viaja para a Itália, onde passa a integrar, como violinista, uma trupe de músicos italianos.

Exerceu a atividade de organista em muitas cidades francesas: Avignon, Clermont, Paris, Dijon e Lyon. Os resultados de um conhecimento tecladístico pleno estarão fixados na produção para cravo, iniciada em 1706 e estendendo-se até 1747.

Em 1715, quando era organista da catedral de Clermont, redigiu o seu Tratado de Harmonia reduzida a seus principios naturais (1722).



Fixou-se em Paris e ali escreveu uma segunda coletânea, Peças para Cravo com um Método (1724), e as Novas suítes para peças para cravo (1728).

Estreou como compositor de óperas em 1733 com Hippolyte et Aricie, à qual se sucederam Les indes galantes (1735), Castor et Pollux (1737), Les fêtes d'Hébé (1739), Dardanus (1739), Platée (1745), Zaïs (1748), Pygmalion (1748) e Zoroastre (1749).

Durante seus últimos dez anos, trabalhou em suas obras teóricas e compôs mais duas óperas, Les paladins (1760) e Les boréades.

Rameau foi um dos grandes compositores de sua época e elevou a ópera francesa ao seu mais alto nível. Em suas obras teóricas, racionalizou a harmonia.



As críticas, no entanto, sempre estiveram presentes em sua vida. Ironicamente, Rameau, que no princípio tinha sido criticado por seu "italianismo", é atacado pelos enciclopedistas, que preferem a escola italiana de música. A polêmica passaria à história como "a guerra dos bufões", o que levará o compositor, um dos maiores teóricos de música da humanidade, a publicar novo livro, defendendo suas idéias: "Observações sobre nosso instinto musical" (1754).

Rameau prosseguiu as atividades de teórico e compositor até sua morte. Viveu com a mulher e dois de seus filhos em Paris, em um grande apartamento, de onde saía, diariamente, para dar seu passeio solitário pelos jardins do Palais-Royal ou das Tulherias. Já idoso, teria dito: "Dia a dia adquiro mais gosto, mas não tenho mais gênio. A imaginação está gasta em minha velha cabeça e não se é sábio quando se quer trabalhar, nesta idade, nas artes que são inteiramente imaginação".

Hippolyte et Aricie

Rameau faleceu de uma estranha febre em 12 de setembro de 1764 e sua última composição, "Les Boréades", teve de esperar mais de dois séculos até ser apresentada, com estrondoso sucesso, em 1982, na cidade de Aix-en-Provence.

No dia 13 de setembro de 1764, Rameau foi enterrado na Igreja de São Eustáquio, em Paris.

O sobrinho
Jean-François Rameau, sobrinho de Jean-Philippe Rameau, foi um excêntrico compositor e escritor. Nasceu em Dijon, a 31 de janeiro de 1716, sendo incertos o local e a data de sua morte. Serviu de alvo à sátira de Diderot no livro "O sobrinho de Rameau", obra admirada por Goethe, que a traduziu em 1805 - e na qual Diderot também ataca o tio famoso.


Lista de óperas de Rameau
                  1-Hippolyte et Aricie tragédie en musique 1733
                  2-Sansão tragédie en musique não executada, perdida,  1734

3-Les Indes Galantes opéra-ballet 1735
                  4-Castor et Pollux tragédie en musique 1737
                  5-Les fêtes d'Hebe, ou Les talentos lyriques opéra-ballet 1739
                  6-Dardanus tragédie en musique 1739
7- La princesse de Navarra comédie-ballet  1745
8-Platee ou Junon Jalouse comédie lyrique 1745
9-Les Fêtes de Polymnie opéra-ballet 1745
10-Le temple de la gloire opéra-ballet  1745
11-Les Fêtes de Ramire acte de ballet 1745
12-Les Fêtes de l'Hymen et de l'Amour, ou Les dieux d'Égypte opéra-balletr 1747
13-Zais pastorale héroïque 1748
14-Pigmalion acte de ballet 1748
15-Les surpresas de l'Amour opéra-ballet 1748,
                  16-Naïs pastorale héroïque 1749
                  17- Zoroastre  tragédie en musique   1749
                  18-Acante et Céphise, ou la sympathie pastorale héroïque 1751
19-Linus tragédie en musique 1752, mas não executada
20-La guirlande, ou Les fleurs enchantées acte de ballet 1751
21-Daphnis et Egle pastorale héroïque 1753
22-Lise et Delie pastoral 1753, mas não executada, perdida
23-Les Sibarites (título original: Sibaris) acte de ballet 1753
24-La naissance d'Osiris, ou la fête Pamilie acte de ballet 1754
25-Anacreonte (1754) acte de ballet  1754
26-Anacreonte (1757) acte de ballet 1757
27-Les Paladins comédie lyrique 1760
28-Les Boréades ( Abaris ) tragédie en musique 1763
29-Nélée et Myrthis ou Les beaux jours de l'amour acte de ballet nãoexecutado
               30-Zéphire ou Les Nymphes de Diane acte de ballet não executado
               31-Io acte de ballet incompleta não executado

Trechos das óperas:
Hippolyte et Aricie




Les Indes Galantes




Pigmalion


Dardanus

Naïs


Les surpresas de l'Amour


La naissance d'Osiris




Les Paladins





Zoroastre






Christoph Willibald Gluck (1714-1787) foi um dos maiores reformadores da ópera. Em 1741 compôs Artaserse, ainda no estilo italiano, com árias para as vozes únicas dos castrati, e depois fez Orfeu e Euridice (1767) e Iphygénie en Tauride (1779).





Abaixo, o trailer do novo álbum de Jaroussky, "Carestini, the story of a castrato", da obra de Gluck - "Sperai vicino il lido".



Não resisti e coloco de novo "Melodia para Orfeu", da ópera "Orfeu e Eurídice", só que desta vez tocada ao piano por Giuseppe Andaloro( arranjo de Sgambati).



Ele foi o primeiro reformador do drama lírico. Nasceu na Áustria, perto de Viena, mas seus primeiros estudos das formas operísticas realizou na Itália, e mais tarde recebeu influências de Romeau, em Paris. Ao voltar a Viena se dedicou novamente a sérios estudos, tendo sempre em mente o desejo de estabelecer uma relação mais íntima entre a música e o drama.

Sua ópera "Paride ed Elena"(Paris e Helena), com o libreto de Ranieri de' Calzabigi, aprentamos a ária "Di te scordarmi, e vivere!", cantada pelo mezzo-soprano Magdalena Kozena, sob a direção de Paul McCreesh. A ópera conta a história da viagem de Paris e Helena para Tróia. Sua estreia foi em 1770, em Viena.







Em 1762, teve a estréia de "Orfeu", ópera em que coloca em jogo muitas de suas teorias. Mas somente com a produção de "Alceste", em 1767, que ele passou a ser considerado um dos principais compositores de drama lírico do mundo.

Abaixo, um trecho da ópera "Iphigénie en Tauride", interpretada por Elisabete Matos, com a Orquestra Sinfônica do Principado de Asturias e Coro de la Ópera de Oviedo.



É considerado o reformador da ópera , estabelecendo os elementos que darão bases ao classicismo na ópera, assim como pequenas pinceladas no que seria mais tarde o drama musical de Wagner.

Em seu programa de reforma da ópera, em vez das intrigas amorosas que complicavam os textos, ele dá ênfase aos enredos mitológicos , mas que deveriam ser da maior simplicidade e de mais forte efeito dramático, sem a pompa barroca, sem os arabescos do bel canto que só servem para a exibição dos virtuoses do canto.

Ainda diz que em vez de uma seqüência mal conectada de episódios, deve-se procurar um efeito continuamente dramático. Até então costumava-se empregar o mesmo libreto de Pietro Metastasio (1698- 1782) a diversas óperas de maneiras diferentes. Gluck introduziu a norma que a um determinado texto poderia corresponder somente uma música, o que é uma outra inovação. Trecho da ópera "Alceste":




Compôs seis óperas, todas com temas colhidos na mitologia grega, e elas foram tão bem acolhidas que ele se tornou um dos compositores mais admirados em toda a Europa de seu tempo.

Gluck pretendia representar no palco a verdade da vida, embora por meio de símbolos mitológicos. durante sua vida criou 49 óperas.

Lista das óperas de Gluck (clicar).







Seu trabalho abriu caminho para as grandes óperas do século XIX, como, por exemplo, os dramas musicais de Wagner e as obras de Verdi e Puccini. Purificou a ópera, conferindo ao gênero a dignidade do teatro clássico francês. Era a volta à simplicidade clássica dos florentinos, que inventaram o gênero.

Depois vieram Mozart, com suas óperas notáveis: "O Rapto do Serralho", "As Bodas de Fígaro", "Don Giovanni", "Cosi fan Tutte", "A Flauta Mágica", e outras. Ele próprio se considerava, antes de qualquer outra coisa, como um compositor de ópera.

Foi em meio às criações de Wolfgang Amadeus Mozart que Gluck iria propor a primeira reforma radical, contra a "ópera séria" barroca. Recitativos a seco e efeitos vocais miraculosos já não eram mais bem-vindos.

                          


Levic

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