domingo, 2 de maio de 2010

26- Richard Wagner 1




Leipzig


Óperas abordadas nesta postagem: 
1- Die Hochzeit (O Casamento) -1832
2-Die Feen (As Fadas)- 1833
3-Das Liebesverbot (Amor Proibido)- 1834-


                                                                       
Após a Revolução Francesa e a consequente era do Romantismo, a ópera sofreu sua segunda transformação, e desta vez pela iniciativa de um outro compositor polêmico, grandioso, egocêntrico e genial, que foi Richard Wagner. Sob influências românticas, a ópera vai tomar ares nacionalistas, vai cantar o triunfo da raça germânica. 


Nessa altura, a Europa já tinha mais de 400 teatros, onde aconteciam desde alianças políticas a casamentos. Com o gás e a eletricidade, os cenários se sofisticaram e as sinfonias começaram a ser tocadas nos cafés.
É claro que as classes não se misturavam. A elite ocupava os camarotes, enquanto as outras pessoas ocupavam
os assentos mais baratos dos teatros ou as pessoas ficavam de pé ou levavam seus banquinhos. 

 As temporadas viajaram à América, onde foram inaugurados o Metropolitan (1883), em Nova York, o Cólon (1908), em Buenos Aires, e o Municipal (1909), do Rio de Janeiro.

Mas, vamos falar do compositor revolucionário que foi Wagner que inclusive até hoje tem gente que não gosta de sua música. Aliás, as pessoas ou passam a adorá-lo ou odeiam-no.




Wilhelm Richard Wagner
(1813-1883) pensava que a ópera era a arte suprema capaz de redimir o mundo dos valores superficiais e da infelicidade crônica. Der fliegende Holländer (1841; O Navio Fantasma) já revoluciona por acompanhar outros caminhos da composição operística na música , ainda mais ratificados nos dramas românticos Tannhäuser (1845) e Lohengrin (1850).

Wagner irá sacudir radicalmente as bases da composição dramática. A era romântica da ópera se divide em duas grandes facções, os wagnerianos e os anti-wagnerianos (principalmente os italianos).

Lista das composições de Wagner:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_das_obras_de_Richard_Wagner

A calhar, a leitura de http://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Wagner




Richard Wagner foi uma das figuras mais poderosas e controvertidas das artes. É um capítulo à parte na história da música, não só por ter revolucionado a forma tradicional da ópera, mas até mesmo por ter deixado de escrevê-las, e as substituído por outra concepção cênica, o Drama Musical.

Wagner começou escrevendo tradicionalmente à maneira de Gluck e com a influência pomposa da grande ópera de Meyerbeer, e assim escreveu "As Fadas" (1834),” Rienzi” (1840) e “O Navio-Fantasma” (1841).


O jovem Wagner


Wagner nasceu em Leipzig, Alemanha, em 22 de maio de 1813. Seu pai, funcionário modesto, morreu 6 meses depois. Um ano mais tarde sua mãe se casa com o ator Ludwig Geyer e dizem que foi ele quem lhe inculcou a paixão pelo teatro e pelas artes. Aos 11 anos escreveu sua primeira tragédia: “Leubald”.

Mas aos 15 anos, ao ouvir a 5ª Sinfonia de Beethoven, ficou tão impressionado que decidiu ser músico, não para expressar suas emoções internas, como fizeram Beethoven e seus precursores, mas porque considerou a música como um incomparável instrumento para comunicar ao drama calor e vida. Esse é o ponto de partida diferencial entre a obra dos dois colossos. Começou a compor sem conhecer teoria musical nem tocar um instrumento.

Seu interesse pela literatura o induziu a ser escritor e descobriria na ópera seu ideal já que assim poderia se dedicar aos dois gêneros conjuntamente.  Foi um dos maiores compositores de todos os tempos, diretor de orquestra, poeta e teórico musical. Mas sua figura passou à posteridade principalmente por suas óperas, nas quais, diferentes das de outros grandes compositores, assume também a cenografia, o libreto e a composição musical.

Em 1831 se matriculou no conservatório de sua cidade natal e Theodor Weinling o iniciou nesse caminho, com 18 anos de idade. Em 1833 termina sua primeira ópera, “As fadas”, mas não foi interpretada até meio século depois, ou seja em em 1888.  Foi nomeado diretor musical das óperas de Wurzburgo e Magdeburgo.  Nessa época,  escreveu “Amor Proibido”-  Das Liebesverbot , inspirada numa peça de William Shakespeare. Apresentou-a em 1863, mas foi acolhida com pouco entusiasmo.

Nesse mesmo ano, casou-se com a atriz Minna Planer, e transladaram-se para Königsberg e para Riga onde Wagner ocupou o cargo de diretor musical. Depois de umas semanas Minna o abandonou por outro homem e depois regressou, mas a relação já não se recompõe e transcorre penosamente durante 30 anos.


Retrato de Minna Planer, primeira esposa do compositor (1835).

Naquele tempo as pessoas não estavam preparadas para apreciarem suas obras e ainda afogados em dívidas, abandonam Riga em 1839.

Foram para Londres e no trajeto, devido a uma tormenta, quase naufragam, o que  inspirou Wagner na composição do “O Holandês Voador ou O Navio Fantasma”. Antes da partida de Wagner para Paris, as suas três primeiras produções foram rejeitadas,  talvez porque as pessoas não estivessem preparadas para compreender suas óperas e elas não tiveram muito sucesso.   Em Paris, viveram um tempo e Richard Wagner teve que ganhar a vida orquestrando as óperas de outros compositores, o que fez com que renegasse mais o gosto musical da época.

Vai para Dresden e em 1840 termina sua ópera “Rienzi”, cuja estréia tem um êxito considerável. Isto o arranca das tristezas parisienses, para levá-lo como diretor ao Teatro Real daquela corte. Em Dresden permaneceram por seis anos e ele pôs em cena “O Holandês Voador” e “Tannhäuser”, que foi também um desastre.

Depois se envolveu em meios anarquistas e em 1849, quando estoura uma revolução, é exilado de Dresden e foge para Zurich, onde passou 12 anos. Foi quando se separou de Minna Planer, pois ela não quis acompanhá-lo.

Ali, na Suíça,  a família abastada dos Wesendonck o convidou para hospedar-se em uma casinha de campo que tinham em suas propriedades e próxima aos Alpes. Ali conheceu Matilde Wesendonck, de 24 anos de idade, e que admirava sua música. Para ele foi como o amor ideal,  porem ela estava casada e tinha 2 filhos, ainda que não fosse feliz.

Pintura de Mathilde, a jovem e bela esposa de Otto Wesendonck (1850).

Neste período, os seus maiores inimigos foram os profissionais da época: Meyerbeer, Rossini, Berlioz, Schumann, etc. Só Liszt o defendia e dizia: “A arte deve a este grande compositor uma gratidão eterna”. Quando Wagner terminou “Lohengrin”, pediu a seu amigo Franz Liszt a quem pede velar para que esta ópera que seja representada em sua ausência. Assim Liszt dirige a estréia de “Lohengrin” em Weimar, em 1850.

Depois em 1864, Luis II da Baviera tem acesso ao trono com 18 anos e admira tanto a obra de Wagner que convida o compositor a Munich, com a finalidade de montar alguma de suas obras. Assim Luis II apadrinha Wagner, paga todas suas dívidas, que eram numerosas, e apóia o desenvolvimento de suas novas óperas. Em 1865, por exemplo, é representado “Tristão e Isolda” e teve um sucesso contundente.

Luis II da Baviera

Além disso, fecharam o conservatório para reorganizá-lo, criaram uma escola modelo e realizaram representações de Tannhäuser e Lohengrin. Também fizeram política para conseguir seus objetivos. Mas o povo e a imprensa exageraram tanto as excentricidades de Wagner e seu protetor que até se chegou a torná-lo responsável por todas as calamidades do Reino.

Wagner buscou então amparo na sempre neutra Suíça e se estabeleceu na vila de Triebschen, próximo a Lucerna, onde tranquilo, feliz e secretamente protegido pelo Rei Luis II se entregou ao trabalho, para terminar “O Anel do Nibelungo”. Precisamente é a síntese de todas as artes poéticas, visuais, musicais e cênicas, plasmada nesta monumental ópera dividida em 4 partes, por isso chamada Tetralogia. Fala-se que dedicou mais de 25 anos à concepção desta obra, a mais ambiciosa de todas.

Depois, em 1863, acabou os “Mestres Cantores de Nurembergue” e nesse mesmo ano casou-se com Cosima, a filha de Franz Listz, a quem dedicou, em seu aniversário, o idílio de Siegfried, uma parte da Tetralogia “O Anel do Nibelungo”. Com Cosima teve 3 filhos: Isolda, Eva e Siegfried.
Finalmente, graças à ajuda financeira de Luis II, consegue inaugurar em 1876 o festival de Bayreuth. Para isso construiu um teatro onde continuam sendo representadas as suas obras.



Em 1877 Wagner inicia sua última obra, "Parsifal". Demorou 4 anos para compô-la e a estreou em 1882, em Bayreuth. Parsifal obteve um sucesso enorme, que arrancou lágrimas do compositor e da plateia.
Pouco depois da estréia, Wagner foi passar o inverno em Veneza, como tinha costume desde 1879, e ali, de modo repentino, surpreendeu-o a morte, por uma parada cardíaca, no dia 13 de fevereiro de 1883, ao lado de sua esposa Cosima. Dois dias depois os restos mortais de Wagner foram transladados a Bayreuth onde repousam no jardim da casa de Wahnfried, sob um bloco de mármore sem adorno sem inscrição alguma.


Memorial a Wagner em Berlin, escultura por Gustav Eberlein (1903). Na base à esquerda, as personagens Brünnhild e Siegfried; à direita, o poeta Wolfram von Eschenbach.


Suas óperas



As óperas são o principal legado artístico de Wagner, podendo ser divididas em três períodos.

O primeiro período, começou quando o compositor tinha dezanove anos, com seus primeiros esboços, sua fase de formação, de Die Hochzeit (O Casamento), que Wagner abandonou ainda no início, em 1832. As primeiras três óperas terminadas foram Die Feen (As Fadas) (1833-1834), Das Liebesverbot (Amor Proibido) (1835-1836) e Rienzi , o Último dos Tribunos) (1838-1840). Seu estilo de composição é convencional e ainda não exibiam as inovações que marcaram o compositor na história da música.

O segundo período é considerado como tendo mais qualidade, é a faase de transição. Ele começa com Der fliegende Holländer (O Holandês Voador; ou Le Vaisseau Fantôme, O Navio Fantasma) (1840-1841), seguido de Tannhäuser (1843-1845) e Lohengrin (1846-1848) e o primeiro esboço em prosa dos Mestres Cantores de Nuremberg.

As últimas óperas de Wagner marcam o terceiro período. É a sua fase de maturidade. Alguns críticos opinam que Tristan und Isolde (Tristão e Isolda) (1857-1859) é a maior ópera do compositor.

Die Meistersinger von Nürnberg (Os Mestres Cantores de Nurembergue) (1862-1867) é sua única comédia ainda em repertório (a anterior Das Liebesverbot está esquecida) e uma das óperas mais longas ainda sendo apresentadas.

Der Ring des Nibelungen (O Anel do Nibelungo) é uma tetralogia de quatro óperas baseadas na mitologia germânica. A obra levou vinte e seis anos para ser completada, exigindo cerca de quinze horas para ser executada. Ela é composta por Das Rheingold (O Ouro do Reno) (1853-1854), Die Walküre (A Valquíria) (1854-1856), Siegfried (1856-1857 e 1864-1871) e Götterdämmerung (Crepúsculo dos Deuses) (1869-1874).

A ópera final de Wagner, Parsifal (1877-1882), foi escrita especialmente para a abertura do Bayreuth Festspielhaus, sendo baseada na lenda cristã do Santo Graal.

Através de suas óperas e ensaios, Wagner defendeu uma nova forma de ópera, o "drama musical", em que todos os elementos musicais e dramáticos são fundidos. Diferente de outros compositores de ópera de até então, que geralmente delegavam a tarefa da escrita do libreto, Wagner era responsável pelos seus, os quais eram referidos como "poemas". Wagner também desenvolveu um estilo de composição em que o papel da orquestra é de igual importância ao dos cantores. A ópera assim como um teatro tem valor na cenografia, na direção de palco, na dramatacidade ao lado da voz, pontos que foram estritamente cuidados na ópera de Wagner.




1- Die Hochzeit (O Casamento) -1832




Die Hochzeit (O Casamento) é uma ópera inacabada de Richard Wagner que precedeu  a todos os seus outros trabalhos completos. Wagner chegou a completar o libreto, e então começou a compor no segundo semestre de 1832, quando tinha dezenove anos. Ele abandonou o projeto após sua irmã Rosalie expressar desgosto com a história e ter feito uma crítica muito negativa do seu trabalho. Além de abandonar a obra, o compositor destruiu o libreto, e atualmente só resta uma parte intacta do documento.

O que se conhece da história é que ela trata de eventos relacionados ao casamento da jovem Ada e Arindal. É um casamento político ao invés de ser motivado pelo amor. Os mesmos nomes do casal foram usados posteriormente como protagonistas, de Die Feen (As Fadas) (1833), primeira ópera acabada por Wagner.




2-Die Feen (As Fadas)- 1833
Die Feen (As Fadas) é uma ópera em três atos de Richard Wagner, baseada na peça teatral A mulher serpente de Carlo Gozzi. É a primeira ópera completada pelo compositor, mas não foi apresentada enquanto ainda era vivo, cuja estreia foi dada cinco anos depois que ele morreu.

A obra nunca estabeleceu-se no repertório mundial, mas é apresentada algumas vezes, geralmente na Alemanha. Ela está disponível em CD, mas nunca foi lançada em vídeo. Apesar de sua música mostrar influência de Weber e outros compositores da época, reconhece-se que ela já apresenta características de períodos posteriores e mais maduros das óperas de Wagner.




Die Feen foi composta em 1833, quando Wagner tinha vinte anos. No ano anterior, o compositor já havia abandonado sua primeira tentativa de escrita de uma ópera, Die Hochzeit (O Casamento). Havia inúmeras dificuldades para compositores de ópera da Alemanha durante a década de 1830.

Primeiro, a falta de libretistas de qualidade, provavelmente um dos motivos para que Wagner escrevesse o libreto por conta própria. Segundo, havia receio entre autoridades da Alemanha e da Áustria de que as óperas pudessem atrair seguidores nacionalistas e revolucionários.



Por contra própria, Wagner entregou o manuscrito original da obra para o rei Luís II. O manuscrito foi posteriormente entregue como presente a Adolf Hitler, e destruiu-se  em Berlin nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial. Wagner não tinha opinião muito elevada de sua primeira ópera, através de registros que ele deu o manuscrito a Ludwig II para o Natal, em 1865, quando não havia nenhuma cópia da sua existência, e foi depreciativo sobre a mesma com Cosima em 1882.

Depois que ele terminou, em 1833 (quando ele tinha 20 anos), naturalmente fez grandes esforços para obtê-la encenada, mas quando esses esforços falharam, mudou-se para sua próxima ópera, e nunca mais tentou nada com ela. Die Feen foi produzida pela primeira vez em Munique, em 1888, cinco anos depois que ele morreu.

A ópera estreou em Munique em 29 de junho de 1888, sob condução de Franz Fischer.

Em 2005, foi apresentada em Würzburg, sob a condução de Evan Christ e em Paris numa produção do Teatro du Châtelet, tendo o maestro Marc Minkowski. .




Personagens:
O Rei das Fadas -baixo
Ada, fada- soprano
Zemina, fada soprano
Farzana, fada soprano
Arindal, Rei de Tramond tenor
Lora, irmã de Arindal soprano
Morald, noivo de Lora barítono
Gunther, cortesão de Tramond tenor
Gernot, amigo de Arindal baixo
Drolla, amiga de Lora soprano
Harald, General de Groma, o mágico baixo
O mensageiro tenor Max Schlosser
Voz de Groma, o mágico


Sinopse
Primeiro Ato
Primeira Cena
Enquanto outras fadas divertem-se num jardim encantado, Zemina e Farzana discutem como sua líder Ada, uma meia-fada, renunciou à imortalidade para passar a vida com o mortal que ama. O rei das fadas estabeleceu uma condição que Farzana acredita que Arindal não cumprirá nem mesmo com a ajuda do mago Groma. Mesmo assim, elas conclamam as outras fadas e espíritos a colaborarem para separar Ada do mortal.




Segunda Cena
Num descampado rochoso, Morald e Gunther encontram Gernot. Os dois primeiros foram enviados para descobrir o que aconteceu com Arindal, que desapareceu há oito anos. Nesse interregno, seu pai, o rei, morreu pelo sofrimento, e o reino está sob ataque do inimigo Murold, que, como condição para a paz, exige a entrega da irmã de Arindal, Lora, para se tornar sua esposa.

Gernot relata como ele e Arindal caçaram uma corça até um rio, onde ela desapareceu. Eles ouviram uma voz e saltaram no rio, no qual encontraram uma bela mulher num local luxurioso. Ela declarou seu amor por Arindal e disse que eles poderiam ficar juntos desde que Arindal permanecesse oito anos sem questionar quem era ela.




Porém, no penúltimo dia do prazo ele fez o questionamento, e então Arindal e Gernot viram-se no descampado. Morald e Gunther partem antes que Arindal possa saber de sua presença. Arindal surge e canta seu sofrimento pela perda de Ada (Wo find ich dich, wo wird mir Trost?). Gernot tenta convencê-lo a acreditar que Ada é uma feiticeira que o abandonou, e que ele deveria retornar a seu reino.

Ele canta sobre uma bruxa má que se disfarçou de uma bela mulher (War einst ‘ne böse Hexe wohl). Gunther retorna, disfarçado de padre, e continua a tentar persuadir Arindal de que ele será transformado num animal selvagem pela bruxa, exceto se ele retornar imediatamente; da mesma forma, Morald se disfarça de fantasma do pai de Arindal e anuncia que o reino está sob ameaça.

Ambos os disfarces são magicamente destruídos quando Arindal estava prestes a ser convencido. Entretanto, os três finalmente conseguem persuadi-lo das necessidades de seu país. Eles concordam em partir no amanhecer, embora Arindal tema que nunca mais verá Ada. Quanto ele é deixado sozinho, cai num sono encantado.




Terceira Cena
A cena muda novamente para um jardim encantado com um palácio ao fundo, do qual vem Ada. Ela canta o quanto deseja sacrificar sua imortalidade e pagar o preço, embora isso seja difícil, para ganhar Arindal (Wie muss ich doch beklagen). Arindal desperta e declara sua alegria ao rever Ada, mas ela anuncia que ele a abandonará no dia seguinte. Gernot, Gunther e Morald chegam com reforços para resgatar Arindal. Os que ainda não tinham visto Ada anteriormente ficam atônitos com sua beleza e temem que Arindal não venha.

Uma procissão de fadas sai do palácio; Zemina e Farzana contam a Ada que seu pai morreu e que ela agora é rainha. Ada diz a Arindal que deve partir imediatamente, mas que o verá amanhã. Ela pede que ele jure, aconteça o que acontecer, que não a amaldiçoará. Ele faz o juramento, embora ela retire o pedido. Ela expressa o medo de que ambos sucumbam como resultado da quebra do juramento.



Segundo Ato
O povo e os guerreiros de Arindal estão em pânico por estarem sob ataque. Lora os repreende dizendo que ela própria permanece impávida mesmo depois de perder o pai, o irmão e o amado. Ela os lembra da profecia de Groma, de que o reino não cairá se Arindal retornar, mas o coro manifesta dúvidas.

 Logo que ela começa a temer que eles estejam certos (O musst du Hoffnung schwinden), um mensageiro chega para anunciar que Arindal está a caminho. O novo rei é saudado alegremente por seu povo, mas Arindal afirma que teme não ser forte o bastante para a batalha. Enquanto isso, Morald e Lora expressam seu amor mútuo.



Ada está com Zemina e Farzana. Ela se queixa da maneira insensível como elas a manipulam. Elas, porém, manifestam esperança de que renuncie a Arindal e permaneça imortal. Ela canta (We’h mir, so nah’ die fürchterlische Stunde) seus temores de que Arindal seja amaldiçoado com a loucura e a morte, e ela com a transformação numa estátua, mas então demonstra esperança em que o amor de Arindal provará ser forte.

Gernot e Gunther conversam sobre os presságios da noite e do amanhecer. Gernot pergunta a Gunther se Drolla ainda é bela e fiel a ele. Gunther diz acreditar que sim, mas que Gernot deveria perguntar isso pessoalmente a ela, já que ela está próxima. Gernot e Drolla testam um ao outro contando histórias de pessoas que os amam. Ambos ficam com ciúme, mas então percebem que se amam verdadeiramente.




A batalha está em andamento lá fora. Arindal está ansioso e se recusa a liderar o exército. Morald o faz em seu lugar. Ada aparece com os filhos que tem com Arindal. Ela parece jogá-los num abismo incendiado. Enquanto isso, guerreiros derrotados ingressam no recinto. Ada recusa-se a consolar Arindal, dizendo que, em vez disso, veio para atormentá-lo. Mais guerreiros derrotados chegam com informações de que Morald ou desapareceu, ou foi capturado ou morreu. Então Harald, que foi enviado para pedir reforços, chega.

Ele relata que seu exército foi derrotado por outro, liderado por Ada. Arindal a amaldiçoa. Zemina e Farzana expressam alegria, porque Ada permanecerá mortal. Porém, ela tristemente explica que o rei das fadas impôs uma condição para que ela renunciasse à imortalidade: que ocultasse de Arindal suas origens de fada por oito anos, e que no último dia o atormentasse o máximo que pudesse.



 Se ele a amaldiçoasse, ela permaneceria imortal e se transformaria em pedra por cem anos, ao passo que ele enlouqueceria e morreria. E que, na verdade, Morald não morreu; o exército que Harald liderava estava repleto de traidores, e seus filhos ainda estão vivos. Arindal já sente sua sanidade mental fraquejar.



Terceiro Ato
Primeira Cena
Um coro saúda Morald e Lora como o rei e a rainha que trouxeram a paz. O casal diz que não podem comemorar devido ao destino de Arindal. Todos rezam para que a maldição termine.

Arindal está com a alucinação de estar caçando uma corça. Quando ela é morta, ele percebe que era sua esposa. Ele continua a ter visões (Ich seh’ den Himmel) antes de adormecer. A voz de Ada, petrificada mas aos prantos, é ouvida a chamá-lo.


Então a voz de Groma também o chama. Uma espada, um escudo e uma lira aparecem, e Groma diz que podem conseguir para Arindal a vitória e uma recompensa maior. Zemina e Farzana entram. A primeira manifesta piedade por Arindal, ao passo que a segunda diz que ele merece punição por tentar privá-las de Ada. Elas o despertam e anunciam que o conduzirão ao resgate de Ada. Ele manifesta sua disposição de morrer por ela. As duas fadas esperam que isso realmente ocorra.

Segunda Cena
Elas conduzem Arindal até um portal que é guardado por espíritos terrenos. Ele está prestes a ser derrotado quando a voz de Groma o lembra do escudo. Os espíritos desaparecem quando ele ergue o escudo. As fadas manifestam sua surpresa, mas estão certas de que ele não triunfará novamente. Enquanto isso, ele agradece ao poder de Groma.




No dia seguinte eles encontram homens de bronze que guardam um santuário sagrado. O escudo falha, mas quando Groma o aconselha a erguer a espada, os homens de bronze desaparecem. As fadas novamente manifestam surpresa, enquanto o encorajamento de Groma leva Arindal adiante. Eles agora chegaram a uma gruta onde Ada foi transformada em pedra.

As duas fadas zombam de Arindal com a ameaça de que o fracasso significará que ele também será transformado em pedra. A voz de Groma diz a ele que toque a lira. Quando ele o faz (O ihr, des Busens Hochgefühle), Ada é libertada da pedra. As duas fadas percebem que Groma é o responsável.




Terceira Cena
A cena muda para a sala do trono do rei das fadas. Ele decidiu conceder a imortalidade a Arindal. Ada o convida a governar seu reino encantado com ela. Arindal outorga seu reino mortal a Morald e Lora. Todos celebram; até mesmo Zemina e Farzana estão felizes, uma vez que Ada continua imortal.







1.º Ato
"As Fadas" contam-nos a história de Arindal, Rei de Tramond. Um dia ele parte em perseguição duma gazela duma beleza excepcional. Durante essa perseguição, que faz na companhia do seu servo Gernot, consegue chegar, de forma misteriosa, ao Reino das Fadas onde é recebido, não pela gazela, mas pela bela Fada Ada que o afronta.

Arindal apaixona-se de imediato por Ada, com quem se casa, depois de prometer que, durante 8 anos, não irá tentar saber quem ela é. Os anos passam e nascem duas crianças. Porém, Arindal não consegue resistir à tentação e, pouco antes de terminar o prazo que prometera respeitar, faz a pergunta proibida.

É então separado de imediato de Ada, expulso do Reino das Fadas e enviado para uma região desértica coberta de rochedos. Mas Ada não está disposta a viver separada de Arindal, por amor do qual está disposta a abandonar a sua condição de Fada e a tornar-se mortal. Mas o Rei das Fadas impõe condições que Arindal não irá poder aceitar.

É assim que a ópera se inicia com a Fada Farzana e a Fada Zemina convocando os Espíritos e as Fadas do Reino Encantado para tudo fazerem para separar Ada de Arindal conservando-a junto deles.

Enquanto Arindal erra em busca de Ada, o seu servo Gernot encontra-se com Gunther e Morald, escudeiros de Arindal que deixaram a corte de Tramond para ir em sua busca. Na verdade, o pai de Arindal, julgando que o filho se perdera para sempre, morrera de desgosto, e Murold, seu inimigo, invadira o país, pretendendo casar-se com Lora, irmã de Arindal e noiva de Morald. Gernot, então, conta ao seu amo a história da malvada feiticeira Dilnovaz, tentando levá-lo a acreditar que Ada não é outra senão uma feiticeira igualmente malvada e que foi uma sorte ter-se visto livre dela.

Gunther e Morald, disfarçados de padre e do pai de Arindal, tentam ajudar Gernot a convencê-lo, mas ambos são desmascarados por forças mágicas. Morald decide então limitar-se a contar a verdade fazendo o relato daquilo que aconteceu em Tramond , o que leva Arindal a tomar a decisão de regressar com eles ao seu Reino.

Porém, antes de iniciar a jornada, Arindal é de novo transportado até ao Reino das Fadas, onde se encontra com Ada que o faz jurar nunca a amaldiçoar, seja o que for que venha a acontecer. Arindal aceita e faz o juramento.

2.º Ato
O 2º ato passa-se no Reino de Tramond onde Lora espera o regresso de Morald, seu noivo, e a felicidade parece perfeita quando ele chega na companhia de Arindal e de Gernot que festeja o reencontro com a sua amada Drolla depois de 8 anos de separação. A felicidade parece perfeita... até à chegada de Ada, que decidiu juntar-se a Arindal e perder a imortalidade em nome do Amor. Só que as condições impostas pelo Rei das Fadas eram terríveis: Ada deveria mostrar-se a Arindal sob a máscara duma mulher terrível capaz das atitudes mais cruéis... sem que ele nunca a amaldiçoasse.

 Se ele o fizer, Ada será transformada em pedra, assim permanecendo durante 100 anos. É assim que a Fada se diz disposta a lançar os filhos num abismo para serem devorados pelas chamas, e se diz inimiga daquele povo e daquela terra, aos quais irá trazer uma guerra devastadora. Perante isto, esquecendo a promessa feita, Arindal amaldiçoa Ada... e ela transforma-se em pedra. Arindal então compreende o que aconteceu e fica desesperado.

3.º Ato
No último ato vamos encontrar Morald e Lora como Reis de Tramond, enquanto Arindal, enlouquecido, vagueia numa constante inquietação.
O Mago Groma, amigo desde sempre dos soberanos de Tramond, convence Arindal a salvar Ada. Convencidas de que esse acto irá causar a perda definitiva do seu inimigo, as Fadas Farzana e Zemina ajudam Arindal. Groma entrega-lhe um escudo, uma espada e uma lira, e dirige-o no combate aos Espíritos da Terra.

Os sons da lira acabam por salvar Ada da sua prisão de pedra. Ada e Arindal encontram juntos a felicidade, não como a Fada pretendia, tornando-se mortal, mas através da imortalidade de Arindal.




https://www.youtube.com/watch?v=nRQoIYuukzc





3-Das Liebesverbot (Amor Proibido)- 1834-

Das Liebesverbot ("O Amor Proibido") é uma ópera em dois atos de Richard Wagner, cujo libreto foi escrito pelo próprio compositor, influenciado pela peça Measure for Measure de William Shakespeare. Foi composta em 1834, e estreada sob condução do próprio Wagner em 1836, na cidade de Magdeburgo. Descrita como uma grande ópera cômica.

A obra é ambientada em Palermo, na Sicília, durante o século XVI.



Personagens
Friedrich, barítono
Luzio, um jovem nobre tenor
Claudio, um jovem nobre tenor
Antonio, amigo dos jovens nobres tenor
Angelo, amigo dos jovens nobres baixo
Isabella, irmã de Claudio soprano
Mariana soprano
Brighella, capitão baixo
Danieli, encarregado da pousada barítono
Dorella soprano
Pontio Pilato, um cafetão tenor



Esta 2ª ópera de Wagner foi escrita sob a influência de obras de Wilhelm Heinse e Heinrich Laube, caracterizadas pela defesa duma emancipação hedonista que celebra o amor livre e que ataca o puritanismo e a moral burguesa.

"O Amor Proibido" baseia-se numa peça de Shakespeare, "Medida por Medida", cuja ação Wagner transfere para Palermo.

As influências musicais já não seguem a tradição germânica, como "As Fadas", preferindo antes modelos italianos e franceses, como Bellini e Auber.

Wagner esboçou o libreto em junho de 1834 tendo escrito o texto em verso dois meses mais tarde. A música foi iniciada em janeiro de 1835 - trabalho que iria levar cerca de um ano. A única apresentação pública teve lugar em março de 1836, redundando num fiasco. Esta ópera só seria levada a cena de novo quase um século mais tarde, na Alemanha, em 1923.




Resumo do Enredo
Friedrich, o Príncipe Regente, tornou punível por lei todo o comportamento licencioso, que deverá ser punido com a morte. O jovem nobre Claudio é o primeiro a ser apanhado por esta lei, e a sua irmã, Isabella, uma noviça, é persuadida, com alguma relutância, a apelar ao Regente. Um boato diz que Friedrich fora casado com uma outra noviça, Mariana, que repudiara levado pela ambição.

Desafiando o seu próprio decreto, Friedrich mostra-se disposto a perdoar a Claudio em troca dos favores da sua irmã. Isabella finge aceitar, mas é Mariana quem aparece ao encontro, que tem lugar durante um baile de máscaras. A hipocrisia do Regente é exposta a público, que diz aceitar a pena de morte para a sua culpa. Mas o povo decide deixá-lo partir em liberdade, iniciando-se uma nova era mais amena com o regresso do verdadeiro Rei.







Continuaremos com as óperas de Wagner, no próximo post.




Levic

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