segunda-feira, 2 de agosto de 2010
35- Romantismo-1 Ópera Francesa - Berlioz
Antes de tudo, sinto necessidade de um pequeno resumo sobre o movimento do romantismo nos países já vistos que são a Itália, Alemanha e França, sem ainda falar dos outros.
O romantismo na França propagou os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade pregados pela Revolução Francesa. Os românticos que haviam acreditado e se engajado nos princípios revolucionários, logo perceberam que as transformações sociais almejadas não ocorreram e que a liberdade não foi amplamente traduzida em igualdade. Portanto, o que marca a segunda geração do romantismo é um sentimento de frustração e desencanto.
Os compositores buscam liberdade de expressão. Para isso, flexibilizam a forma e valorizam a emoção. Exploram as potencialidades da orquestra e também cultivam a interpretação solo. Resgatam temas populares e folclóricos, que dão ao romantismo caráter nacionalista.
A transição do classicismo musical, que acontece já no século XVIII, para o romantismo é representada pela última fase da obra do compositor alemão Ludwig van Beethoven(1770-1827). As tendências românticas consolidam-se depois com Carl Maria von Weber (1786-1826) e Franz Schubert (1797-1828).
O apogeu, em meados do século XIX, é atingido principalmente com Felix Mendelssohn (1809-1847), autor de "Sonho de uma Noite de Verão", Hector Berlioz (1803-1869), Robert Schumann (1810-1856), Frédéric Chopin (1810-1849) e Franz Liszt (1811-1886).
No fim do século XIX, o grande romântico é Richard Wagner (1813-1883), autor das óperas românticas "O Navio Fantasma" e "Tristão e Isolda".
A ópera tradicional dos italianos prosseguiu numa sucessão ininterrupta através das obras de compositores como Rossini, Bellini e Donizetti, atingindo a sua expressão mais plena nas óperas de Giuseppe Verdi.
A ópera romântica alemã, que recebeu o seu primeiro impulso das óperas de Weber, transformou-se, através dos dotes únicos de Richard Wagner, num tipo especial de ópera, denominado, pelo compositor, "drama musical".
As influências combinadas de Gluck, da Revolução Francesa e do Império Napoleônico fizeram de Paris a capital da Europa na primeira metade do século XIX, favorecendo aí o desenvolvimento de um determinado tipo de ópera séria, onde se conjugam o carácter heróico com a forte tensão dramática dos enredos de libertação, exprimindo uma atmosfera solene.
Com a ascensão de uma classe média numerosa e cada vez mais influente, a partir de 1820, surgiu um novo tipo de ópera, destinado a cativar o público relativamente inculto que enchia os teatros de ópera em busca de emoções e divertimento.
A grande ópera, como veio a ficar conhecido este novo tipo de ópera, dava tanta importância ao espectáculo como à música, seguindo a tendência dominante na França desde o tempo de Lully, onde os libretos eram concebidos de forma a explorar todas as oportunidades possíveis de introduzir bailados, coros e cenas de multidão.
Nessa altura, a ópera apresentava frequentemente intrigas violentas e envolvimentos sociais duvidosos, resultando num tratamento melodramático que tendia a explorar momentos individuais de crise.
Na França, a ópera assumiu uma feição mais lírica, mais fina, o que veio a repercutir, por sua vez, na Itália de 1900, que era uma província cultural da França, onde se liam mais livros franceses do que italianos.
A ópera francesa, que durante muitos anos representou uma luta entre a veia nacional da "opéra comique" e o estilo pretensioso da "Grand Opéra" de Paris, foi rejuvenescida nos últimos anos do século pelo aparecimento de um movimento genuinamente nacional, representado pelas óperas líricas de Gounod, Massenet e outros.
A única ópera dramática, "Carmen", uma obra de Bizet, que fez a sua aparição nesta altura dos acontecimentos, está muito avançada em relação ao nível geral deste movimento e não criou uma escola de ópera na França propriamente dita. Mas ela, por fim, faz com que uma influência francesa aja diretamente sobre a Itália. Faz, também, com que a nova geração de compositores de óperas volte ao caminho dos fortes efeitos dramáticos.
É dessa época que vamos falar de alguns compositores franceses que mais sobressairam no campo das óperas.
Hector Berlioz (1803-1869), compositor do alto romantismo francês, essencialmente dramático, escreveu muita música sinfônica e religiosa, sendo mais conhecido por sua Sinfonia Fantástica (1830) e por seu Tratado de Instrumentação e Orquestração. Sua obra "Romeu e Julieta" é muito apeciada.
Desde cedo, o compositor identificou-se com o alto romasntismo francês. Entre outros, eram amigos dele os escritores Alexandre Dumas, Victor Hugo e Honoré de Balzac.
No campo da ópera, compôs algumas pérolas do romantismo, como "Béatrice et Bénédict" (1862), "La Damnation de Faust" (1846), que alguns consideram sua obra-prima) e "Les Troyens" (1859).
A Marcha Húngara da ópera "A Danação de Fausto".
A ária de Marguerite " D'mour l'ardente Flamme" cantada por Vesselina Kasarova.
Assista à pungente interpretação de Susan Graham da ária de Marguerite -D'Amour, l'ardente flamme- em La Damnation de Faust, de Berlioz( a mesma da de cima). Montagem de 2002 em Bruxelas, regida por Antonio Pappano.
Levic
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