quarta-feira, 23 de junho de 2010

31.2- Verdi, o maior 12-I Vespri...Aroldo







Neste post:I Vespri Siciliani e Aroldo (nova versão de "Stiffelio")



20-I Vespri Siciliani
20ª ópera (41 anos)
Libreto:
Scribe e Duveyrier (seu "Duc d'Albe")
Estreia:
(Paris) Operá, 13 de Junho de 1855





Les vêpres siciliennes (As Vésperas sicilianas) é uma ópera em cinco atos do compositor italiano Giuseppe Verdi com libreto em francês de Charles Duveyrier e Eugène Scribe do seu trabalho Le Duc d'Albe. É baseada num evento histórico, as vésperas sicilianas de 1282, utilizando materiais retirados do trato medieval siciliano Lu rebellamentu di Sichilia. A estreia foi realizada na Ópera de Paris em 13 de junho de 1855. Hoje É mais conhecida na sua versão pós-1861 em italiano.

Sob o título original, Les Vêpres siciliennes, o libreto foi preparado por Eugène Scribe e Charles Duveyrier de seu trabalho Le Duc d'Albe, que foi escrito em 1838, tendo sido oferecido antes para Halevy e Donizetti, e Verdi concordou em defini-lo à música em 1854.





A história é vagamente baseado em um evento histórico, As vésperas sicilianas de 1282, utilizando material retirado do folheto siciliano medieval "Lu rebellamentu di Sichilia".

A primeira encomenda que Verdi recebeu da Ópèra de Paris foi a de uma nova ópera para ser apresentada durante a Exposição Universal prevista para 1855. Nessa época Verdi era já um artista em plena maturidade, senhor de numerosos sucessos como "Rigoletto", "O Trovador", "La Traviata", "Simão Bocanegra" ou "Um Baile de Máscaras". No entanto, esta sua primeira ópera parisiense, a vigésima da longa lista que nos deixou, iria exigir do compositor um esforço considerável.




A Ópèra iniciara os contactos com Verdi em 1850, tendo com ele assinado um contrato em 1851, portanto antes da criação quer d'"O Trovador" quer da "Traviata", nomeando como libretista o prolífero Eugène Scribe, que tinha no seu ativo cerca de 130 libretos de óperas e 300 de operetas. Ora os problemas iriam iniciar-se precisamente com o libreto.

Scribe começou por propor alguns enredos concebidos para Meyerbeer, e que este tinha dispensado. Em resposta a um deles, "Les Circassiens", Verdi explicou que pretendia um enredo grandioso, original, e guiado pelas paixões. Scribe sugeriu então "Les Amazones de Bohême", que Verdi recusou por considerar o tema das mulheres-soldados demasiado bizarro. E Scribe apresentou um terceiro libreto, "Le Duc d'Albe", escrito havia alguns anos para Donizetti mas que este nunca terminara. Verdi aceitou.




De notar que, passados 30 anos sobre a estreia parisiense da ópera de Verdi, quando "Le Duc d'Albe" de Donizetti, terminado por outro, foi levada a cena, Verdi negou saber que o enredo da sua ópera se baseara no mesmo libreto da ópera de Donizetti. Durante muito tempo as culpas desta duplicação foram, portanto, atribuídas a Scribe que teria pensado que a ópera que Donizetti deixara inacabada iria ficar para sempre esquecida. Só que, por volta de 1970, foram descobertas nos arquivos do Ópèra algumas cartas de Verdi referentes a este assunto que provam o seu conhecimento quanto à origem do libreto.

Nelas o compositor sugere a mudança do título, e a transferência da ação para um clima mais quente. Propõe Nápoles, que Scribe recusa dizendo que iria ficar demasiado semelhante a "La Muette de Portici" de Auber. Acabam por escolher a Sicília. A Sicília, o episódio histórico do massacre, proposto a Verdi, alguns anos antes, por Salvatore Cammarano, e que tanto o entusiasmara.




A 31 de dezembro de 1853, com a feitura definitiva do libreto, estava finalmente lançada a semente duma nova ópera: "Les Vêpres Siciliènes", que se tornariam, mais tarde, "I Vespri Siciliani".

Mas os trabalhos e as complicações não se ficaram por aqui. Verdi exigiu um quinto ato, ao estilo grandioso de Meyerbeer. Satisfeito com a correção, iniciou a escrita da música que iria prolongar-se por todo o ano de 1854, tendo os ensaios começado em outubro. Aí acontece o episódio caricato do desaparecimento da soprano que trocou os ensaios da ópera pelos ensaios duma lua-de-mel com o Barão Vigier, seu futuro esposo. Seguiu-se uma tardia tomada de consciência de Verdi acerca do tema que narra o massacre dos franceses por sicilianos, e que, segundo ele, deixava mal visto o povo italiano.




Chegou mesmo a pensar em romper o contrato. Mas o Ópèra recusou. E Verdi não teve outra escolha que não fosse... cumprir o contrato até ao fim.

A estreia teve lugar no dia 13 de junho de 1855 e o sucesso foi tão grande que o número de apresentações previstas foi largamente ultrapassado.


Este trabalho de Verdi não foi o primeiro como grande ópera de Paris (a primeira foi sua adaptação de I Lombardi em 1847 sob o novo título de Jerusalém ), o libreto que Verdi estava utilizando tinha sido escrito cerca de 20 anos antes, no auge da grande tradição da ópera francesa, que significava que Verdi estava escrevendo sua primeira e original ópera em um ponto em que o gênero já estava em um estado de pouco moderna.




A primeira apresentação no Ópera de Paris em 13 junho de 1855 foi recebido com grande sucesso. O noticiário La Presse observou:. "A música de Verdi se estruturou com o processo inventado pelo gênio francês sem perder nada do seu ardor italiano.

Hector Berlioz escreveu: "Em Les Vêpres a intensidade penetrante da expressividade melódica, a variedade suntuosa e sábia da instrumentação, a vastidão e poética sonoridade das peças concertadas, a cor quente que brilha em toda ... a comunicação desta ópera tem uma marca de grandeza, uma espécie de majestade soberana mais distinguível do que em produções anteriores deste compositor.

Budden observa que "os críticos mostraram muito admiração com a nova ópera. ... Adolphe Adam declarou que Les Vêpres havia convertido à música de Verdi, mas o próprio Verdi, em uma carta de final de junho, observa que foram três escritores italianos que fizeram mais críticas ".





Portanto, ao mesmo tempo que foi inicialmente bem sucedida, a versão francesa nunca entrou no repertório oprático, e até mesmo Verdi tentou ajudar seu renascimento no Ópera de Paris em 06 de julho de 1863 através da revisão alguns dos papéis para os cantores selecionados. Entretanto, após algumas performances, a ópera desapareceu e foi substituída pela versão francesa de Il Trovatore, Le Trouvere. Exceto por este renascimento em Paris, em 1863, "desapareceu do palco parisiense completamente".




Um libreto italiano foi rapidamente preparado sob a supervisão de Verdi pelo poeta Ettore Caimi. O compositor estava ciente de que na Itália naquela época, não era possível manter o local Sicilia, como ele observou a seu editor Giulio Ricordi em abril 1855: "Eu vou trocar o assunto de forma a torná-lo aceitável para os teatros italianos " As sugestões para a mudança do local, que ficou definido em Portugal em 1640, numa altura em que o país estava sob domínio espanhol. O título tornou-se Giovanna de Guzman, mas "por razões de censura ficou conhecida também como Giovanna Braganza, Giovanna di Sicilia, e até mesmo Batilde di Turenna ", observa Charles Osborne.

No geral, Verdi não estava feliz com a tradução, que Budden considerou como "um dos piores já perpetrado. No entanto, algumas melhorias foram feitas quando a ópera foi revertida ao seu título italiano após 1861.





Na Itália, esta versão, juntamente com o ballet, foi realizada pela primeira vez no Teatro Regio de Parma em 26 de dezembro 1855 e, durante a temporada 1855/1856, a versão italiana foi realizada nove vezes, embora não sem objeções à inclusão da ballet. Finalmente, em julho de 1856, Verdi sancionou a remoção do ballet de trinta minutos, e, com raras exceções, este continua a ser apresentado.

A estréia do Reino Unido teve lugar no dia 27 de julho de 1859 no Drury Lane Theatre em Londres, enquanto no dia 7 de novembro do mesmo ano, ele apareceu na Academia de Música de Nova Iorque.

Depois de 1861, na nova era pós-unificação, ele voltou ao seu título italiano traduzido, I vespri siciliani e é sob esse título que versão da ópera é mais comumente realizada hoje.




A partir de 1856 para a frente, tem sido quase sempre realizada na versão italiana. A estréia do Reino Unido teve lugar no dia 27 de julho de 1859 no Drury Lane Theatre em Londres, enquanto no dia 7 de novembro do mesmo ano, ele apareceu na Academia de Música de Nova Iorque. O Metropolitan Opera, em Nova York, foi palco desta versão 114 vezes desde 1893, sendo a mais recente de 2004.

As empresas que pretendem apresentar todas as obras de Verdi incluindo o Opera Sarasota, Abao em Bilbao Espanha (dezembro de 2001), e do "Festival Verdi", em Parma (2010), protagonizaram esta ópera.




Hoje, a ópera é dada ocasionalmente, mas não é considerado como um dos pilares do repertório. O Operabase relata que, Les Vêpres, tem tido 20 performances de quatro produções,  enquanto, I Vespri, 30 performances de seis produções e um total de 9 cidades para ambas as versões, entre 2012 e junho de 2014.

Les Vêpres foi apresentada em 1994 como parte do Opera Sarasota "Ciclo de Verdi" e existem gravações de um concerto em 2002, em Paris; uma produção montada na Opera Bastille em 2003; e uma produção de 2010 pela Opera Holanda. Em maio de 2011 versões francesas foram apresentados no Grand Théâtre de Genève e no Teatro San Carlo, em Nápoles e, em fevereiro de 2013, a empresa Abao em Bilbao apresentou a ópera.




Apresentações recentes incluíram um concerto montado pelo Festival Caramoor em julho de 2013, bem como uma encenação de setembro / outubro de Frankfurt Opera, e a Royal Opera House encenou a versão completa pela primeira vez em sua história em outubro / novembro 2013 no Covent Garden, e para o cinema uma versão com Antonio Pappano conduzindo o elenco e atraindo uma variedade de abordagens críticas.




Personagens:


Guy de Montfort, o governador da Sicília sob Charles d'Anjou, rei de Nápoles  barítono
Le Sire de Béthune, um oficial francês         baixo
Le Comte de Vaudemont, um oficial francês   baixo
Henri, um jovem siciliano      tenor
Jean Procida, um médico da Sicília baixo
La Duchesse Hélène, irmã do Duque Frederico da Áustria   soprano
Ninette, sua empregada      contralto
Daniéli, seu servo       tenor
Thibault, um soldado francês      tenor
Robert, um soldado francês      barítono
Mainfroid, um siciliano, adepto de Procida





SINOPSE:

Local: Palermo , Itália
Época: 1282


Antes dos acontecimentos da ópera, Procida, um líder siciliano patriota, foi ferido pelas tropas francesas durante a invasão da Sicília, e foi forçado ao exílio. Montfort, líder das tropas francesas, estuprou uma mulher siciliana, que mais tarde deu à luz a um filho, Henri. Montfort tornou-se governador da Sicília, enquanto a mulher siciliana cria seu filho para odiá-lo, mas sem revelar a Henri que Montfort era o seu pai.





1.º Ato

A ação situa-se em Palermo e arredores no ano de 1282, e narra a luta do povo da Sicília para se libertar do jugo francês. O ponto culminante é a insurreição e o massacre histórico das vésperas sicilianas, paralelamente com a descoberta de que o Governador francês e o mentor dos patriotas são, de fato, pai e filho - isto nada histórico, é claro.

A ópera inicia-se na praça central da cidade diante do palácio do Governador e do quartel militar francês. Alguns soldados, entre os quais se encontram Roberto e Tebaldo, bebem e cantam louvores à sua pátria, enquanto os sicilianos os observam ressentidos, invocando a vingança que se aproxima.

O Senhor de Béthune e o Conde de Vaudemont, dois oficiais franceses, saem do quartel. Ao notarem os excessos dos soldados chamam a atenção de Roberto para a provocação que representam - não apenas os louvores à França, mas as insinuações amorosas referentes a mulheres de alguns presentes.




Aparece então a Duquesa Elena, vestida de luto pelo seu irmão, Frederico da Áustria, um refém executado pelos franceses, e que vem assistir a uma missa. A sua beleza suscita a admiração de todos. Roberto, bêbado, pede-lhe que cante com os vencedores. Para sua surpresa, Elena aceita o convite. Só que, depois de cantar sobre a heroicidade no mar, prossegue implorando ao povo que tome o Destino nas suas próprias mãos.

Essas palavras provocam um vento de revolta que apenas o aparecimento de Monforte, o governador, consegue amainar. A multidão dispersa-se, e na praça ficam apenas, por alguns instantes, apenas Elena, a sua aia Ninetta, Danieli (um siciliano) e o Governador. Chega depois Arrigo, que acaba de se ver inocentado da acusação de traição, fato que se apressa a narrar a Elena, por quem está apaixonado.




Monforte surpreende a conversa de ambos, e diz a Arrigo que foi libertado graças à sua intervenção. O Governador manda sair todos os outros, e, a sós com Arrigo, questiona-o sobre a sua verdadeira identidade. Mas Arrigo esquiva-se a responder, enfurece-se, revelando a Monforte todo o ódio que sente por ele. Mas o Governador não desiste. Bem pelo contrário: propõe a Arrigo que passe a trabalhar com os franceses. Indignado por aquilo que considera uma afronta, Arrigo recusa.

O ato termina com Monforte lançando um aviso a Arrigo: ai dele se se aliar à Duquesa! Depois, num desafio, sai em busca de Elena.





2.º Ato
O 2º ato inicia-se numa praia perto de Palermo onde Giovanni de Procida chega do exílio com a intenção de retomar a liderança dos patriotas sicilianos. Saúda a terra-natal, exorta os companheiros a libertarem-na do jugo, e depois manda-os dispersar no momento em que vê aproximarem-se Elena e Arrigo, com quem marcara um encontro. Aí combinam que a rebelião terá início essa mesma noite numa capela perto de Santa Rosalia durante uma festa de noivado. Arrigo propõe-se, de imediato, liderar essa rebelião.

Depois de Procida partir, Arrigo declara a Elena o seu amor, dizendo estar determinado a vingar a morte do seu irmão. Chega então Béthune que traz a Arrigo um convite do Governador para um baile. Arrigo responde com desdém e é preso, para desespero de Elena.





Procida regressa e sabe por Elena o que aconteceu, enquanto que alguns grupos de noivos se vão reunindo para a festa. Começam a dançar uma tarantela. Alguns soldados franceses aparecem, entre eles Roberto e Tebaldo, que provocam o grupo elogiando em voz alta a beleza das mulheres. De forma deliberada, Procida encoraja-os a prosseguir, até que eles agarram algumas das jovens. Julgando que Procida é seu aliado, Roberto confia-lhe Elena.

Quando os franceses saem, levando as jovens com eles, Elena e Procida recriminam os jovens sicilianos por não terem reagido à provocação. E o sentimento de revolta é atiçado à vista dum barco cheio de oficiais franceses e das suas damas que se dirigem para Palermo para o baile. Os sicilianos gritam a sua revolta, a sua sede de vingança.

E o ato termina com Procida revelando os seus planos para assassinar Monforte durante o baile provocando uma insurreição.




3.º Ato
O 3º ato inicia-se no gabinete de trabalho do Governador que recorda a mãe de Arrigo, a quem abandonou, e aquela carta, escrita no leito de morte, em que ela revela que o seu filho é mesmo filho de Monforte.

Béthune chega com a notícia da prisão de Arrigo, e o Governador manda que o tragam de imediato à sua presença. Arrigo chega, confuso com aquele que é, aparentemente, um tratamento de favor, e mais confuso e perturbado fica quando Monforte lhe revela ser o pai que ele nunca conheceu. Inquieto com as consequências que esta revelação lhe pode trazer, entre elas a perda do amor de Elena, Arrigo recusa a afeição do pai, e foge precipitadamente invocando a protecção da mãe e dos céus.

O segundo quadro passa-se no salão do palácio onde alguns dos convidados para o baile vêm mascarados, entre eles Elena, Porcida e Arrigo. Monforte aparece, senta-se no lugar de honra, e ordena o início dos festejos.





Depois dum bailado, que fala das estações do ano, Arrigo encontra-se a sós com Elena e Procida, que, além das mascarilhas, trazem atada uma fita que os identifica como conspiradores. Enquanto Elena lhe coloca uma fita igual, Arrigo é informado, numa consternação crescente, que o assassinato de Monforte está marcado para daí a instantes.

Monforte aproxima-se, e Arrigo tenta afastá-lo do perigo eminente. Quando Elena se prepara para desferir o primeiro golpe, Arrigo interpõe-se. Monforte chama os guardas, e ordena a prisão de todos os que trouxerem uma fita igual à de Elena.

O ato termina com Monforte tentando uma vez mais a reconciliação com Arrigo que é acusado de traidor pelos conjurados.




4.º Ato
O 4º ato inicia-se no corredor duma prisão onde Arrigo se apresenta com um salvo-conduto para ver os seus antigos companheiros.

Mal aparece, Elena acusa-o de os ter traído. Arrigo defende-se, e, quando explica a revelação de parentesco que lhe fora feita, os sentimentos de Elena transformam-se em piedade, e os dois acabam repetindo juras de amor e de arrependimento. Procida chega sob escolta, e fica surpreendido por Arrigo se oferecer para morrer com eles.




Monforte recorda ao jovem que é seu filho, e Procida então compreende o que se passou no baile, temendo que essa relação de parentesco possa deitar a perder todos os planos. Arrigo implora a piedade do pai, ao que Monforte responde que perdoará aos prisioneiros se ele reconhecer que é seu filho. Arrigo hesita, enquanto Elena e Procida afirmam preferir a morte à desonra.

Uma porta entreabre-se e deixa ver o local das execuções. Quando Elena e Procida são levados para o cadafalso, Monforte impede Arrigo de os seguir. A sua determinação desfaz-se, e grita por três vezes "pai". Cumprindo a palavra dada, Monforte ordena uma anistia ao mesmo tempo que marca para essa mesma noite o casamento de Arrigo e de Elena.

O ato termina no meio da alegria geral, enquanto Procida decide usar a situação em favor da sua causa.




5.º Ato

O 5º ato inicia-se nos jardins do palácio do Governador próximo da capela onde os convivas celebram o feliz evento.

Elena chega vestida de noiva. Depois chega Arrigo que a abraça, e sai em busca do pai. Finalmente chega Procida que revela a Elena o seu plano: o repique dos sinos será o sinal para o levantamento e o massacre dos franceses.




Elena fica horrorizada. Quando Arrigo regressa ela diz que recusa casar-se com ele. Aparece então Monforte e toda a corte. Ao saber da súbita decisão da jovem, Monforte não aceita, e une as mãos de Elena e de Arrigo, ordenando que os sinos assinalem a sua união.

É o sinal para os rebeldes que aparecem de todos os lados gritando vingança.




A ópera acompleta:




O ballet da ópera (versão francesa)



                                   


22- Aroldo

Aroldo (nova versão de "Stiffelio")
22ª ópera (41 anos)
Libreto:
Francesco Maria Piave do seu libreto "Stiffelio"
Estreia:
Rimini: Teatro Nuovo, 16 de Agosto de 1857




A 20 de novembro de 1850 Trieste assistia à estreia de "Stiffelio", uma ópera baseada numa peça de Eugène Bourgeois e Emile Souvestre, e que fora muito maltratada pela Censura.

Seguiram-se "Rigoletto", "O Trovador", "La Traviata" e "Simão Bocanegra". Sete anos se tinham passado sobre a estreia de "Stiffelio" quando Verdi decide rescrever aquela ópera - desta vez destinada ao Teatro Nuovo de Rimini.




A primeira versão era passada na atualidade. Esta nova versão recua até à Idade Média. O libretista é o mesmo: Francesco Maria Piave. Aroldo é uma ópera em quatro atos de Giuseppe Verdi com libreto italiano de Francesco Maria Piave, baseado e adaptado a partir do seu trabalho anterior, Stiffelio. A estreia foi no Teatro Nuovo em Rimini em 16 de agosto de 1857.

Stiffelio (1850) tinha provocado a censura. Assim, em 1856, Verdi decidiu reescrever a história, inspirando-se em romances de Edward Bulwer-Lytton.



Personagens:


Aroldo, um cavaleiro Saxão tenor
Mina, Sua esposa soprano
Egberto, pai de Mina barítono
Godvino, um aventureiro, convidado de Egberto tenor
Briano, um eremita piedoso baixo
Enrico, primo de Mina tenor
Elena, prima de Mina mezzo-soprano
Cruzados, funcionários, cavaleiros, senhoras e caçadores





Stiffelio tinha provocado a ação da censura por causa das passagens "imorais e agressivas" de um pastor protestante enganado por sua esposa e também não agradou ao público porque trazia personagens alemães embora, como observa Budden, a ópera "gozasse de uma circulação limitada (na Itália), mas com o título alterado para "Guglielmo Wellingrode", o protagonista principal sendo um ministro de Estado alemão ".

Verdi havia rejeitado um pedido de 1852 para reescrever um novo último ato para a versão Guglielmo Wellingrode, mas, somente na primavera de 1856, em colaboração com seu libretista original, Piave, que decidiu reescrever a linha da história e fazer uma pequena quantidade de mudanças musicais e acréscimos.  No entanto,  o trabalho foi mais complexo do que simplesmente isso.



Inspirando-se romances de Edward Bulwer-Lytton , especificamente Harold, o último dos reis saxões, para a re-localização da ópera para a Inglaterra e no último ato para Escócia na Idade Média e trocou os nomes de suas personagens, a principal sendo Harold, re-lançado como um  cruzado.

Kimbell observa que as "dicas" vieram da obra de Walter Scott cujo romance de 1825, The Bethrothed, já estava familiarizado para o público italiano através da ópera de Giovanni Pacini de 1829, Il Contestabile di Chester ". Além disso, o romancista de A Dama do Lago foi a inspiração para o eremita Briano, um dos personagens da história.

A reescrita foi adiada para depois de março de 1857 por caussa da preparação para Paris de "Le Trouvere", a versão francesa do Il Trovatore, e de seu trabalho com Piave em Simon Boccanegra. No entanto, como o trabalho de Aroldo prosseguiu com Piave, com a estreia prevista para agosto 1857 em Rimini.




Quando Verdi e Strepponi chegaram em 23 de julho, eles encontraram o libretista e o maestro, Angelo Mariani (com quem ele havia se tornado amigos ao longo dos anos anteriores e quem tinha sido escolhido para conduzir a nova ópera) trabalhando juntos.

Phillips-Matz observa que houve uma "histeria" com a presença de Verdi, que também fez algumas oposições ao combinado, o que criava um impacto com um afluxo de pessoas de outras cidades ansiosas para ver a nova ópera. Com Mariani, os ensaios começaram bem, e o condutor relatou: ". Verdi está muito, muito feliz e eu também".

Até o momento da estréia, mudanças consideráveis ​​foram feitas para o três atos de Stiffelio, descritas pelo maestro Mariani para Ricordi como "uma história estupenda, onde se encontra uma tempestade, um coro pastoral, e um Angelus Dei tratado em canon e muito bem feito ". Lina se tornou Mina; Stiffelio, era agora Aroldo; Stankar transformou=se em Egberto; Jorg, o papel do baixo, emergiu como o eremita Briano.




Rimini tornou-se o local da estréia, embora quando Aroldo estava pronto para ser encenado, Verdi tinha escolhido Bologna, por sua localização, mas a Ricordi, seu editor e amigo, sugeriu de ser encenada em Rimini. A estreia foi um enorme sucesso e o ompositor foi chamado para o palco 27 vezes. Nas épocas que se seguiram à estréia, a ópera apareceu na estação do outono 1857 pela primeira vez em Bolonha, em seguida, em Turin, Treviso e Verona.

A temporada de inverno do carnaval de 1858 foram apresentadas produções em Veneza no La Fenice, Cremona, Parma (escolhida para o original Simon Boccanegra), Florença e Roma. Em 1859, foi dada em Malta e, em seguida, nos dois anos seguintes, Aroldo apareceu nos palcos em Gênova, Trieste, em Lisboa, e Palermo, no Teatro Massimo Bellini.





Na primavera de 1864 foi vista em Turim novamente e, em seguida, nos anos até 1870, desempenhos foram registados como tendo ocorrido em Pavia, Como, Modena, e, mais uma vez, em Veneza. O seu sucesso variou consideravelmente, especialmente em Milão, em 1859, onde "foi um fiasco. Foi o público, e não os censores, que consideravam-na inaceitável".

Hoje, Aroldo é uma das óperas de Verdi raramente executada, "especialmente desde a redescoberta em 1968 que este trabalho era originário de Stiffelio". Um grande avivamento ocorreu no Festival Wexford em 1959 e não foi realizada nos EUA até 4 de maio 1963 pela Academy of Music, em Nova York. Em fevereiro de 1964, foi dada a sua primeira apresentação em Londres.





A ópera foi apresentada em uma versão de concerto da Orquestra da Ópera de Nova York em abril de 1979 (com Montserrat Caballé e Juan Pons), a partir da qual foi produzida a primeira gravação. Mas o Grand Opera de Nova York afirma ter dada a primeira encenação em New York  em 1993. Em 1985-1986 o Teatro La Fenice, em Veneza montou as duas óperas lado a lado. Sarasota Opera apresentou-a como parte do seu "Ciclo Verdi", em 1990, com Phyllis Treigle como Mina.

A ópera foi apresentada no Teatro Municipale di Piacenza em 2003 e, como parte de suas encenações do total das obras de Verdi, Abao em Bilbao, Espanha apresentou a ópera em março / abril de 2009.




SINOPSE:


Época: Por volta de 1200 dC
Local: Kent, Inglaterra e perto de Loch Lomond, na Escócia


1.º Ato
O 1º ato passa-se no castelo do velho Cavaleiro Egberto, em Kent, que dá um banquete em honra do genro, Aroldo, que acaba de regressar triunfante das cruzadas. Mina, filha de Egberto, e mulher de Aroldo, está muito agitada: durante a ausência do marido deixara-se seduzir por Godvino, que se encontra ali essa noite entre os convidados.

Mina está entregue ao remorso e ao sentimento de culpa, lamentando o seu comportamento, e pedindo a Deus que o seu pecado seja esquecido quando chega Aroldo na companhia de Briano, um religioso a quem salvara a vida.

Quando fica a sós com a mulher Aroldo confessa que, mesmo sob o sol ardente da Síria, nunca deixara de pensar nela. Mesmo gravemente ferido, bastou-lhe pensar nela para que a dor se atenuasse. Estas revelações não fazem senão aumentar os remorsos de Mina que começa a chorar.





Aroldo pede-lhe que diga o que a atormenta. Como Mina recuse falar, ele invoca o casamento, e, ao pegar-lhe na mão repara que ela não traz o anel que fora da sua mãe, perguntando-lhe onde é que ele está. Mas Mina continua calada.

Briano regressa anunciando que os festejos já começaram. Aroldo sai com ele, e Mina fica entregue ao desespero. Egberto entra sem fazer barulho, e fica alguns instantes a observar a filha. Ele compreende que as suas suspeitas estavam certas, e que Godvino desonrou a sua casa.

Sem reparar na presença do pai, Mina pega numa pena e começa a escrever. Egberto interrompe-a perguntando se a carta se destina a Godvino. Depois arranca o papel das mãos da filha, e lê: "Aroldo, já não sou digna de ti." Egberto diz que Aroldo não pode saber de nada, que nunca iria suportar um tal desgosto, e consegue convencer a Mina a não lhe entregar aquela carta.





O quadro seguinte passa-se no salão do castelo onde Godvino entra circunspecto, falando para si mesmo em voz alta, dizendo que Mina o ignora, enquanto ele a ama apaixonadamente. Pega então num livro com cadeado, abre-o com uma pequena chave que traz, e põe lá dentro uma carta. Este seu gesto é surpreendido por Briano que julga reconhecer em Godvino um dos amigos de Aroldo.

Chegam mais convidados, entre eles Enrico, primo de Mina, que Briano confunde com Godvino, contando a Aroldo aquilo que presenciara, mas indicando Enrico em vez de Godvino. Edberto interrompe-os pedindo a Aroldo para falar dos seus feitos nas cruzadas. Para surpresa de todos, em vez disso, Aroldo fala do livro e da carta. Depois entrega o livro a

Mina para que ela o abra. Mina não tem a chave, mas Aroldo quebra a fechadura e a carta cai. Egberto apanha-a mas recusa-se de a entregar a Aroldo.

O ato termina com Aroldo dominado pela raiva enquanto Egberto pede a Godvino que se encontre com ele no cemitério.




2.º Ato
O 2º ato passa-se no cemitério onde aparece Mina à beira da loucura. "Onde é que eu estou? Que força misteriosa me trouxe até aqui? Esta é a morada da Morte, sobre cada placa tumular leio o meu crime."

Encontra então o túmulo da mãe a quem pede para interceder junto de Deus para que seja perdoada. A oração de arrependimento é interrompida por um grito: "Mina!" É Godvino que vem repetir as suas juras de amor. Mas a resposta de Mina é muito clara: "Maldito seja o instante em que te escutei!"

Chega então Egberto com duas espadas. Depois de mandar Mina afastar-se, estende as espadas em direção de Godvino dizendo: "Escolhe." Godvino fica surpreendido, pergunta se o está a desafiar para um duelo. "Um duelo de morte." responde Egberto. Godvino começa por recusar bater-se com um velho, mas vê-se forçado a aceitar.




O barulho das espadas chama a atenção de Aroldo, que aparece, e que, ao ver os dois homens, lhe ordena que parem de combater num lugar santo. Egberto diz a Godvino para continuar o duelo num outro lugar. Aroldo ainda tenta reconciliá-los, forçá-los a apertarem as mãos, mas Egberto pergunta a Godvino se ele ousaria apertar a mão àquele a quem traiu.

Aroldo fica estupefato. E o seu espanto é ainda maior quando vê aparecer Mina, que estava escondida na sombra. Pede então à mulher que desminta a acusação feita pelo pai. Deduzindo o óbvio, Aroldo arranca a espada de Egberto e avança sobre Godvino dizendo-lhe para se defender, o que Godvino recusa.

É nesse instante que aparece Briano para lembrar a Aroldo que ele é um cristão, e que, como cristão, tem o dever de perdoar. Aponta-lhe então a cruz que domina toda a cena recordando o perdão de Cristo. O ato termina com Aroldo caindo prostrado junto da cruz.





3.º Ato
O terceiro ato passa-se num quarto do castelo onde Egberto contempla a sua espada. Ele foi desonrado. O que é a vida sem honra? Pensa no suicídio, pensa em Mina... Depois aparece Briano com a notícia de que Godvino fora capturado. Egberto grita "Vingança!", e sai.

Entra então Aroldo com Godvino, a quem pergunta o que é mais importante para ele, a Liberdade ou Mina. Depois manda-o esperar no quarto próximo, e diz para Mina entrar. Aroldo estende um papel à mulher. "O divórcio?" "Sim, o divórcio." E diz que já assinou. Falta apenas a assinatura de Mina.

Mas a mulher tenta ainda convencê-lo do seu arrependimento e do seu amor, até que entra Egberto exibindo a espada ensanguentada. Ele matou Godvino. "Um assassinato?" - pergunta Briano. "Um duelo?" - pergunta Aroldo. Ao que Egberto responde: "Uma expiação". Os homens dirigem-se para a igreja para rezar, e o ato termina com Mina pedindo novamente perdão a Deus.





4.º Ato
O último ato passa-se algum tempo mais tarde, na Escócia, junto ao lago Lomond, onde vemos Aroldo e Briano dirigindo-se para casa. Ao escutarem os sinos duma igreja tocar, ajoelham-se e fazem uma oração.

A noite aproxima-se com prenúncio de tempestade. Ouvem-se vozes, alguma coisa acontece no lago. É uma barca que transporta Egberto e a filha. Ao verem a casa de Aroldo, aproximam-se e batem à porta. Aroldo abre e vê a mulher que lhe implora o perdão. Tenta afastá-la. Mas Briano volta a intervir, recordando uma vez mais o seu dever de cristão.

"Aquele que nunca pecou que lhe deite a primeira pedra."

A ópera termina com o perdão de Aroldo.







Levic

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